Philip Augar, autor e ex-presidente do painel do governo de Theresa May sobre a educação pós-18, descreve a crise financeira que afeta o setor universitário no Reino Unido como profunda e urgente, num artigo de opinião do The Guardian. Segundo o autor, “mais de um terço das instituições de ensino superior estão a operar com prejuízo, algumas estão em risco de precisar de resgate governamental e outras foram forçadas a reduzir pessoal e cursos”. Esta situação levanta preocupações sobre a sustentabilidade e o futuro das universidades britânicas.
O Partido Trabalhista deu recentemente um primeiro passo para lidar com esta crise, permitindo um aumento das propinas para 9.535 libras anuais. Embora Augar reconheça que esta medida não resolve todos os problemas, ele interpreta como um sinal de que o governo está disposto a ouvir o setor, afirmando que “a decisão recente do Partido Trabalhista de permitir um pequeno aumento nas propinas universitárias em Inglaterra não é uma solução completa, mas enviou um sinal de que o governo está a escutar o setor”.
Licenciatura e mestrado dão prémio a quem ficar a trabalhar em Portugal
Os estudantes que terminem a licenciatura ou mestrado a partir deste ano (inclusive), e que sejam residentes em território nacional, vão receber um prémio salarial de valorização da qualificação, que se prolongará pelo mesmo número de anos que durou o ciclo de estudos. Mas não só: os jovens que tenham obtido o seu grau académico antes de 2023 também podem ser abrangidos – desde que não tenham passado mais anos do que aqueles que durou a licenciatura ou mestrado.
Devolução das propinas e resultados das bolsas antes das colocações. O que muda em 2025?
As votações do Orçamento do Estado para 2025 destacaram-se pela aprovação de medidas no ensino superior, incluindo a antecipação da atribuição
Além do ensino universitário, o governo tem tomado medidas para reforçar a educação técnica e vocacional, áreas que têm sido historicamente negligenciadas. No recente orçamento de outono, foram atribuídos 300 milhões de libras para receitas e 950 milhões para investimentos na educação continuada. Segundo Philip Augar, “o setor foi historicamente negligenciado em Westminster, e é extremamente raro que o primeiro-ministro o mencione”.
Para uma solução mais duradoura, Augar sugere uma reestruturação do financiamento universitário, com uma mistura de propinas e subsídios estatais. Ele defende que, apesar de os empréstimos estudantis serem preferidos pelo Tesouro devido à economia imediata, os subsídios ofereceriam uma resposta mais equilibrada e justa, observando que “ainda prefiro uma combinação de propinas e subsídios, mas do ponto de vista do Tesouro, os empréstimos estudantis são mais atrativos”.
Finalmente, Augar apela a uma transformação na gestão das universidades, com foco na redução de custos operacionais e na colaboração entre instituições. Ele afirma que as universidades precisam ajustar-se a um cenário de declínio da população jovem e de novas formas de aprendizagem, ainda que esta transição seja difícil. Nas suas palavras, é “um preço a pagar como parte de um sistema de educação terciária devidamente financiado e coerente”.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Julius Dūdėnas.