Em entrevista ao painel do PEÇO A PALAVRA, João Pedro Vieira destacou que, apesar da sua experiência em diferentes cargos, foi o papel de vereador na Câmara Municipal do Funchal que mais lhe trouxe satisfação, pela proximidade às necessidades da população e pela capacidade de agir diretamente para melhorar a comunidade. “A capacidade de atuação nas autarquias é muito maior, é onde realmente conseguimos ver o impacto das nossas ações”, afirmou.
A discussão também abordou a taxa de participação dos jovens europeus no associativismo. João Pedro Vieira acredita que esta participação é vital para a formação cívica e o desenvolvimento de competências, afirmando que os jovens continuam a ser uma “força de mudança”. Considera o associativismo não incompatível com o sucesso académico e que é importante para a qualificação dos jovens, lembrando que competências, como liderança e resolução de problemas, são altamente valorizadas no mercado de trabalho europeu. “Sem dúvida que o meu envolvimento no movimento associativo moldou quem sou hoje, tanto a nível pessoal como profissional”.
Questionado se deveria haver “mais alunos de cursos de doutoramento à frente das associações académicas para valer da sua experiência e visão”, João Pedro indica que, embora a experiência dos estudantes mais avançados seja valiosa, muitos deles já têm compromissos que os impedem de se dedicar plenamente a essas responsabilidades. De qualquer forma, considera que “quanto mais sólida for a estrutura” e mais nela estudantes envolvidos, “menor a chance de erros”, pois o escrutínio é fundamental para evitar problemas.
Fiquei colocado, e agora?
Foram conhecidos os resultados do Concurso Nacional de Acesso e quase 50 mil estudantes ficaram colocados. Abre-se um período difícil para os que não ficaram colocados e para os que rumam para o Ensino Superior, a procura de apoios sociais e habitação.
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Sobre a relação entre política estudantil e política partidária, João Pedro acredita que é necessária total transparência, mas defende que a filiação partidária não é um problema, desde que as funções associativas e partidárias sejam separadas: “Os estudantes devem saber se os dirigentes têm filiação partidária, mas as causas dos estudantes são independentes das ideologias partidárias”. Sublinha que o papel do dirigente associativo é sempre reivindicar os interesses dos estudantes, independentemente do partido no poder.
Para João Pedro é dramático o afastamento entre os partidos e os jovens, atribuindo o crescimento de movimentos extremistas à ausência de uma conexão sólida com as gerações mais novas. As instituições precisam de se adaptar e criar mecanismos mais dinâmicos de participação, pois “os jovens não se vão adaptar ao formalismo tradicional, eles impulsionam a mudança”.
Questionado sobre a quem pediria a palavra, João Pedro Vieira indicou o Presidente da direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, incentivando-o a ser irreverente e não se adaptar aos formalismos dos mais velhos, além do diretor da TSF 100 FM e do Diário de Notícias, para que continue a dar espaço às vozes das novas gerações.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia da ACADÉMICA DA MADEIRA.