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O Ensino Superior e as suas barreiras

Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreve este mês sobre os problemas que os estudantes enfrentam no Ensino Superior.
Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, em novembro de 2022.

O Ensino Superior continua a ser o alvo de subfinanciamento. No caso da Universidade da Madeira (UMa), a situação é crónica. O Governo, através do Orçamento do Estado, continua a desconsiderar as necessidades da UMa e a colocar as instituições insulares em segundo plano, desresponsabilizando-se na tutela que deveria exercer. Em matéria de alojamento, os problemas obedecem ao espírito do financiamento: permanente e sem o mesmo tratamento aplicados noutras Universidades.

O estudante, além de ser prejudicado pela falta de investimento do Estado, debate-se com diversos problemas que podem afetar o seu percurso académico. Aos problemas financeiros, juntamos os psicológicos, os motivacionais e os sociais que são os mais comuns. Para as suas soluções, os vários atores da comunidade devem atuar.

A Académica da Madeira promoveu mais um inquérito aos estudantes sobre as dificuldades que estes sentem, através do seu Observatório da Vida Estudantil, totalizando 591 inquiridos, na comunidade da UMa. Esse estudo deve ser utilizado para fornecer informações às instâncias do contexto universitário e às entidades externas, como decisores políticos, para que possam delinear estratégias e atuar, com maior sucesso, nas soluções.

“Aos problemas financeiros, juntamos os psicológicos, os motivacionais e os sociais”

Nas respostas ao inquérito por questionário concluiu-se que as razões financeiras continuam a ser um dos indicadores que representa a maior despesa para os estudantes universitários. A educação deveria ser gratuita, tal como a segurança e a saúde. É o que defendemos enquanto Associação Académica, acreditando na equidade e na justiça, para que todos os estudantes possam usufruir dos mesmos recursos, dos mesmos meios, sem quaisquer constrangimentos, dando assim um enorme passo em prol da maior qualificação do nosso país. Além disso, as Universidades devem ter acesso a um financiamento adequado, o que continua por ser concretizado, para que possa suprir as suas necessidades e promover o ensino e a investigação. Enquanto o governo continuar apenas a baixar propinas e a subfinanciar as universidades, também está a penalizar os estudantes, além das Instituições. Assume-se uma estratégia populista, que não honra a missão do Ensino Superior.

Entre outros problemas que afetam o estudante está a saúde mental. Quase metade dos inquiridos, cerca de 46,7%, sentiram a necessidade de procurar apoio psicológico. Um aluno deve sentir-se bem e preparado para enfrentar as adversidades que o seu quotidiano apresenta e este indicador demonstra-nos que essa é uma tarefa difícil para muitos. Metade dos que responderam a necessidade de apoio, admitem não ter procurado ajuda, ou por não saber como o fazer, por vergonha, ou por outro qualquer motivo não detalhado. É fundamental continuar a trabalhar para a proteção da saúde mental, visando o sucesso académico destas gerações.

“Quase metade dos inquiridos, cerca de 46,7%, sentiram a necessidade de procurar apoio psicológico”

A Académica da Madeira trabalha para a eliminação ou mitigação dos problemas do estudante, atuando com os parceiros locais, regionais, nacionais e internacionais. Essa não pode ser uma luta solitária, deve contar com a ação da UMa e de todas as Instituições nacionais. A recolha de dados cria valor social para apoiar medidas, corroborar lutas e promover melhores condições, devendo ser um aliado para não nos conformamos com a nossa realidade universitária, que deve ser alvo de consideração e respeito por parte dos decisores políticos.

Ricardo Freitas Bonifácio
Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA
Com fotografia de Pedro Pessoa.

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