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Sé do Funchal celebra 500 Anos

A Sé do Funchal comemora em 2014 cinco séculos como sede do bispado dos Descobrimentos, sendo a maior diocese alguma vez instituída e correspondente a quase metade do mundo então conhecido e por conhecer. Fundada na época áurea dos Descobrimentos Portugueses e do apogeu da cultura açucareira, foi dotada com o que de melhor o rei de Portugal pôde enviar para a Madeira. Acresce ainda que, por contingências várias, conseguisse chegar aos nossos dias com o principal equipamento com que foi inicialmente dotada por D. Manuel I, como o retábulo, o cadeiral e o pequeno altar, o que não aconteceu com as suas congéneres continentais.

A instituição da Diocese visava reorganizar o vasto território entregue aos portugueses para evangelização pelo Papa Alexandre VI, nascido Rodrigo de Borja, através do Tratado de Tordesilhas de 1494. Até então, mercê da transformação da antiga Ordem dos Templários na de Cristo e do papel fulcral do infante D. Henrique na génese dos descobrimentos e conquistas, a evangelização dos novos domínios portugueses era da responsabilidade daquela Ordem. Com a entrega da sua administração ao duque D. Manuel, logo foi reconhecida a necessidade de se proceder a uma restruturação geral da situação.

As negociações com Roma para a instituição de uma Diocese no Funchal devem ter começado logo nos primeiros anos do século XVI e, com as paredes benzidas da nova igreja do Funchal, em 1508, o rei D. Manuel I elevou a vila a cidade, pressionando a criação da nova Diocese. Em finais de 1513, enviou uma faustosa embaixada a Roma, que entraria na cidade a 12 de março de 1514 e seria recebida a 20. Na sequência desta, o Papa Leão X, por bula de 12 de junho, criaria a Diocese do Funchal, elevando a igreja nova, ainda não terminada, a catedral.

Se o exemplo da Madeira serviu de modelo ao povoamento atlântico português, quer institucional (como foram os documentos fundacionais das capitanias, o regimento das alfândegas, das vigias, das companhias militares, etc.), quer mesmo na formação de quadros ultramarinos (com o envio do pessoal ali formado para o restante espaço atlântico), também a organização religiosa e, muito especialmente, o regime de bens utilizado na Madeira serviu de quadro de referência para toda a expansão portuguesa.

Pelos motivos apontados e com a investigação desenvolvida nos últimos anos, ao se celebrarem os 500 anos de fundação da Diocese do Funchal, pensamos que a melhor forma com que nos podemos associar a esta data é a publicação de pequenos artigos sobre a Sé Catedral. Sendo um edifício patrimonial e culturalmente notável, mas longe de ser um museu morto, parado no espaço e no tempo, é um conjunto vivo onde se espelham e se vivem 500 anos de devoção e de vida religiosa de uma comunidade. Como só amamos verdadeiramente o que conhecemos, abordar os principais conjuntos de peças da Sé do Funchal parece a melhor maneira de homenagearmos os 500 anos da nossa Diocese.

Rui Carita
Professor da UMa

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