Quando os grandes eram pequenos

Quando os grandes eram pequenos

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O passado ficou para trás… agora vivemos o presente e tentamos planear o futuro. As saudades de uma infância feliz e despreocupada fazem parte de mim, sem que se tornem uma obsessão.

Ao olhar para os anos anteriores, recordo nostalgicamente todos aqueles momentos bem passados com a família e com os amigos que entretanto se foram dissipando.

Tenho a impressão de que nunca fui uma criança muito traquina mas esta pode ser apenas uma forma de ver as coisas. É certo que houve momentos em que, inocentemente ou não, assustei os meus pais. A título de exemplo, vou contar-vos um episódio caricato. No final de um almoço de Domingo, num restaurante, levantei-me e fui para a rua. Olhei para uma grande pedra ao lado de uma ribeira e somei um mais um. Decidi então fazer das minhas… Acontece que alguma coisa correu mal e acabei dentro da ribeira. Por ter uma altura considerável, todo o restaurante entrou em alvoroço. Saí dali ileso como se nada tivesse acontecido.

Mas existem outros episódios, nem todos tão tumultuosos… Uma série deles que considero engraçada passou-se numa fase em que eu não era lá muito ‘bom garfo’. A verdade é que não gostava da comida que era preparada em minha casa… Já a minha tia, que morava na casa vizinha, era a melhor cozinheira do mundo (e continua a sê-lo).

A comida era sempre muito bem-vinda, mesmo quando era sopa de legumes ou de outra coisa qualquer. Mais tarde vim a descobrir que aquela era a comida preparada na minha casa e depois mandada para a casa da minha tia. Fazendo uso a uma expressão popular, todos nós sabemos que ‘a galinha do vizinho é sempre melhor do que a nossa’.

Ao longo dos anos pratiquei vários desportos. Pratiquei judo durante muito pouco tempo (não tenho bem a noção de quão pouco) e mudei-me depois para a vela. Confesso que gostei muito desta prática mas também apanhei alguns sustos.

Parecia que o piloto do helicóptero que havia perto da Marina esperava que eu saísse para o mar para sobrevoar o meu barco. A combinação barco à vela e helicóptero não é favorável, pelo menos para quem está a velejar.

Entretanto experimentei a equitação e decidi que seria o meu novo desporto. Alguns meses depois, recebi o meu primeiro cavalo que se chamava Queluz. Não lhe podia deixar de fazer referência pois constituiu um marco importante na minha vida, visto que me obrigou a crescer e tomar uma responsabilidade à qual eu não estava habituado. Infelizmente, após um brutal acidente, o Queluz faleceu sem que eu tivesse oportunidade de me despedir. Nesse dia, ao chegar do Liceu, a casa estava cheia. A notícia vinha a caminho. Foram dias tenebrosos em que tentava mostrar a todos que estava bem, em vão. Apesar de nunca me ter conformado, tive que seguir em frente e continuar na carreira equestre.

Hoje sou um estudante de Bioquímica na Universidade da Madeira, que deixou de ter o tempo queria para caprichos (se quiserem chamar-lhes assim). O tempo para recordar nunca é pouco, por isso continuo a fazê-lo… todos os dias!

Pedro Ideia
Alumnus

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