A Língua Portuguesa, na sua generalidade, não tem uma escrita fonética, com ou sem Acordo Ortográfico de 1990. Portanto, “escrever de ouvido” pode resultar no desrespeito da norma ortográfica, há muito convencionada.
1. Foram despedidos injustamente e pediram uma ………………..
indemnização / endeminização / indemenização /
endeminização
Solução
Foram despedidos injustamente e pediram uma indemnização.
Explicação
A sequência consonântica “mn” de “indemnização” é rara em Português. Aparece, por exemplo, em “amnésia” ou “omnisciente”. As duas consoantes pertencerão à mesma silábica porque a vogal que antecede “m” não é nasal, embora, na translineação, ocorram em sílabas diferentes. As duas consoantes formarão um grupo, como o comprova “mnemónico”, onde figuram em início de sílaba e de vocábulo. A tendência para desfazer este grupo, adicionando uma vogal entre “m” e “n” é forte, sobretudo no registo oral. Normalmente, a vogal é “i” ou “e”. No Português do Brasil, a sequência foi reduzida a “n” (“indenização”), mas é a sua etimologia (ver a origem latina “indemne”)
que, em parte, explica esta sequência.
2. Em ……………….. da produção nacional, optam pelos produtos estrangeiros.
deterimento / deterrimento / detrimento /
derterimento
Solução
Em detrimento da produção nacional, optam pelos produtos estrangeiros.
Explicação
Por engano, há quem escreva “detrimento” com um “e” entre o “t” e o “r”. A este fenómeno de adição vocálica, no interior de um grupo consonântico, dá-se a designação de anaptixe. É bastante comum no registo oral e, quando ocorre na escrita, é uma clara influência do modo de dizer. Como vem do Latim (“detrimentum,i”), no caso de “detrimento”, o grupo consonântico “tr” é etimológico.
Helena Rebelo
Professora da UMa