Será que os estudantes universitários leem a bibliografia das suas cadeiras?

A participação dos estudantes do Ensino Superior ao inquérito nacional levado a cabo pelo Ministério sobre o seus hábitos de leitura ficou muito aquém das expetativas, com menos de 2 mil estudantes a responder.

Enquanto o país se preparava para celebrar o Natal, em Lisboa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior (MCTES) teve poucos motivos para festejar pelo fracasso do primeiro Inquérito aos Hábitos de Leitura dos Estudantes do 1.º Ciclo do Ensino Superior, um inquérito que vem marcar a entrada no Plano Nacional de Leitura neste sistema de ensino.

Dos mais de 440 mil estudantes inscritos, em 2022 (quando foi realizada a recolha das respostas), somente 1982 estudantes do primeiro ciclo de estudos aceitaram responder ao inquérito proposto pela equipa da ministra Elvira Fortunato. O número conseguido foi considerado pelos estudiosos envolvidos como residual.

Para que se perceba o problema, o inquérito, para ser representativo do universo em estudo e permitir uma leitura correta do que se queria conhecer, necessitava da participação de cerca de 41 mil participantes, ou seja, vinte vezes mais estudantes a responder, no mínimo. Assim, o relatório “é apenas descritivo da informação reportada” devendo ser visto antes com “um exercício-piloto” e o de um estudo, como referido no documento. O jornal Público de 19 de dezembro, entretanto, publicou algumas das respostas dadas.

As respostas conseguidas vieram de várias instituições de ensino superior, com a Universidade de Coimbra a fornecer o número mais elevado de inquéritos (691 no total). A Universidade de Lisboa foi tão parca na recolha que integra a categoria de “Outras”.

Dos inquiridos 68% indicaram ser do sexo feminino e 29% do sexo masculino, o que segundo o o documento confirma o “fosso entre géneros no que toca à leitura” que é “transversal do sistema de ensino português e não só”, diz o periódico.

Entre os inquiridos, estavam estudantes de engenharias, indústrias transformadoras e construção (19%); ciências sociais, jornalismo e informação (17%); e artes e humanidades (16%), entre os principais. Entre os menos representados estavam os estudantes em educação (2%).

54% dos estudantes informou que escolhiam leituras em suporte de papel e 43% tanto papel, como digital. Somente 3% responderam ler exclusivamente em suporte digital.

49% dos inquiridos respondeu positivamente a manter uma “leitura de livros para entretenimento e lazer”, 20% respondeu de forma negativa e 31% não deu resposta.

No que toca às leituras sem fins académicos, 92% dos inquiridos indicou ler pelo menos um tipo de publicação que não os livros, com os textos publicados online entre os mais populares (55%), seguido de jornais (22%) e, destes últimos, 61% leem o jornal no computador. Os periódicos semanais ou generalistas são os mais populares (33%), empurrando para o fundo da tabela os económicos e os desportivos.

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Outra questão interessante refere-se aos hábitos de leitura com fins académicos, em que 38% dos inquiridos afirmou “Nunca” ou “Raramente” lerem a bibliografia indicada nos programas das disciplinas que estudam. A falta de tempo (28%), o grau de dificuldade dos textos (20%) e a dificuldade de acesso às referências bibliográficas (17%) estão entre as razões mais apontadas.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de David Monje.