Enquanto o país se preparava para celebrar o Natal, em Lisboa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior (MCTES) teve poucos motivos para festejar pelo fracasso do primeiro Inquérito aos Hábitos de Leitura dos Estudantes do 1.º Ciclo do Ensino Superior, um inquérito que vem marcar a entrada no Plano Nacional de Leitura neste sistema de ensino.
Dos mais de 440 mil estudantes inscritos, em 2022 (quando foi realizada a recolha das respostas), somente 1982 estudantes do primeiro ciclo de estudos aceitaram responder ao inquérito proposto pela equipa da ministra Elvira Fortunato. O número conseguido foi considerado pelos estudiosos envolvidos como residual.
PEÇO A PALAVRA é o novo programa dos estudantes na TSF e em podcast
PEÇO A PALAVRA é um espaço de debate sobre o universo do Ensino Superior e os seus estudantes. Numa parceria da ACADÉMICA DA MADEIRA e com a TSF-MADEIRA 100FM, é transmitido quinzenalmente, em direto na rádio, e disponível em formato podcast nas principais plataformas.
Concurso de Leitura chega ao Ensino Superior
O Plano Nacional de Leitura promove até ao dia 5 de junho o “Concurso de Leitura – Ensino Superior” que visa
Para que se perceba o problema, o inquérito, para ser representativo do universo em estudo e permitir uma leitura correta do que se queria conhecer, necessitava da participação de cerca de 41 mil participantes, ou seja, vinte vezes mais estudantes a responder, no mínimo. Assim, o relatório “é apenas descritivo da informação reportada” devendo ser visto antes com “um exercício-piloto” e o de um estudo, como referido no documento. O jornal Público de 19 de dezembro, entretanto, publicou algumas das respostas dadas.
As respostas conseguidas vieram de várias instituições de ensino superior, com a Universidade de Coimbra a fornecer o número mais elevado de inquéritos (691 no total). A Universidade de Lisboa foi tão parca na recolha que integra a categoria de “Outras”.
Dos inquiridos 68% indicaram ser do sexo feminino e 29% do sexo masculino, o que segundo o o documento confirma o “fosso entre géneros no que toca à leitura” que é “transversal do sistema de ensino português e não só”, diz o periódico.
«Dinâmicas demográficas podem constituir alavanca para repensar oferta formativa»
A Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, afirmou que «as dinâmicas demográficas podem constituir uma alavanca para repensar o modo como as instituições pensam a sua oferta formativa», relembrando o contexto sociodemográfico, cujo impacto pode vir a ser relevante no sistema de ensino superior, durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra do Laboratório de Inovação e Sustentabilidade Alimentar (LISA) do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), em Esposende.
Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em visita de trabalho
Elvira Fortunato visita hoje a Universidade da Madeira. De acordo com a informação avançada pela instituição, a ministra que tutela a
Entre os inquiridos, estavam estudantes de engenharias, indústrias transformadoras e construção (19%); ciências sociais, jornalismo e informação (17%); e artes e humanidades (16%), entre os principais. Entre os menos representados estavam os estudantes em educação (2%).
54% dos estudantes informou que escolhiam leituras em suporte de papel e 43% tanto papel, como digital. Somente 3% responderam ler exclusivamente em suporte digital.
49% dos inquiridos respondeu positivamente a manter uma “leitura de livros para entretenimento e lazer”, 20% respondeu de forma negativa e 31% não deu resposta.
No que toca às leituras sem fins académicos, 92% dos inquiridos indicou ler pelo menos um tipo de publicação que não os livros, com os textos publicados online entre os mais populares (55%), seguido de jornais (22%) e, destes últimos, 61% leem o jornal no computador. Os periódicos semanais ou generalistas são os mais populares (33%), empurrando para o fundo da tabela os económicos e os desportivos.
Atrasos em candidaturas a bolsas para estudantes ciganos
Após outro ano com prazos irregulares nas candidaturas a programas de bolsas de estudo destinados a membros de comunidades ciganas, os estudantes sentem incerteza quanto ao seu percurso académico.
Ajuda académica aos estudantes, docentes e investigadores Ucranianos
Em declarações ao Diário de Notícias, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) disse que
Outra questão interessante refere-se aos hábitos de leitura com fins académicos, em que 38% dos inquiridos afirmou “Nunca” ou “Raramente” lerem a bibliografia indicada nos programas das disciplinas que estudam. A falta de tempo (28%), o grau de dificuldade dos textos (20%) e a dificuldade de acesso às referências bibliográficas (17%) estão entre as razões mais apontadas.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de David Monje.