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A vida na UMa e o futuro

A vida na UMa e o futuro

Vítor Vasconcelos escreve na edição do DIÁRIO sobre os desafios que os jovens enfrentam após o final do curso.

Chegamos ao fim da licenciatura, do mestrado ou do doutoramento. E agora, o que se segue? Eis a questão que atormenta milhares de estudantes por todo o país. Concluir um ciclo de estudos no ensino superior é, sem dúvida, um momento que se vive com uma série de emoções contraditórias: há o alívio e orgulho pela conquista, mas também dúvidas e inquietações em relação ao que virá a seguir.

Na UMa, este sentimento é vivido de maneira particularmente intensa. Estudar numa ilha, ainda que com vista constante para o oceano e um clima maioritariamente agradável, é muitas vezes viver entre a esperança do futuro e as limitações do presente.

A vida universitária na UMa é, para muitos, uma experiência completamente transformadora. O contacto próximo que temos com os docentes e o ambiente um pouco mais familiar criam condições que são únicas para o crescimento pessoal e académico. Mas não é um percurso isento de desafios, pois a insularidade traz consigo obstáculos lógicos. Vejamos o caso do meu curso, Educação Física e Desporto, em que a falta de instalações desportivas próprias, após décadas de existência do curso, continua a ser um dos maiores desafios para os estudantes. As aulas no Campus da Penteada, no Estádio da Choupana, no Pavilhão dos Trabalhadores, no Campo de Câmara de Lobos e no Campo de Machico, quase sempre suportadas pelos estudantes, são um grande constrangimento. Não é, contudo, um problema exclusivo da minha licenciatura, sendo partilhado por vários cursos.

Mesmo assim, muitos estudantes da Madeira desenvolvem um espírito resiliente. Sabem que o caminho será sempre um pouco mais íngreme. Mas quando chega o fim, já com o diploma na mão, o “e agora?” ecoa ainda mais alto. O mercado de trabalho regional é pequeno e a capacidade de incorporar o talento que a universidade forma nem sempre é o esperado, fazendo assim com que a opção mais lógica, ou até mesmo inevitável, seja partir para o continente ou para o estrangeiro.

Portugal tem apostado no ensino e na inovação, mas este investimento necessita de ser acompanhado de medidas que sejam concretas e que permitam aos jovens qualificados contribuírem para o desenvolvimento do país a partir de onde estão e não apenas de onde são obrigados a ir.

A UMa, como outras instituições periféricas, forma talentos com capacidade global, sendo que o que falta, muitas vezes, é a ponte entre esse potencial e as oportunidades reais. Os estudantes não pedem garantias, mas condições que nos permitam escolher. Talvez seja esse o maior desafio que se coloca após a licenciatura: não a incerteza do que virá a seguir, mas a falta de alternativas viáveis.

Chegar ao fim de um curso superior deve ser o início de um novo capítulo e não o início de um novo medo, face ao investimento pessoal e familiar que foi realizado. A resposta ao “e agora?” depende, em grande parte, da forma como a sociedade valoriza o conhecimento e reconhece o esforço de quem, durante anos, se dedicou a aprender, crescer e contribuir e está pronto para continuar esse percurso de aprendizagem ao longo da vida. A Madeira e o país precisam mais do que nunca de apostar não só na formação, mas na criação de um futuro para quem se formou.

Vítor Vasconcelos
Vice-Presidente da Direção da Académica da Madeira
Com fotografia de Pedro Pessoa.

Artigo de opinião publicado no DIÁRIO DE NOTÍCIAS da Madeira. O PEÇO A PALAVRA é um programa produzido pela ACADÉMICA DA MADEIRA e pela TSF Madeira 100FM.

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