A previsão pode ser afetada pela queda do governo, mas as parcerias científicas entre Portugal e universidades norte-americanas deverão ter um novo modelo de governação no ciclo de 2025 a 2030. Além de um comité de avaliação externa, que fará uma revisão intercalar até 2027 e uma final em 2029, o governo decidiu criar dois órgãos específicos: um conselho para acompanhar e monitorizar as parcerias e um comité responsável pelas avaliações. A decisão surge após a renovação dos acordos com instituições como a Universidade Carnegie Mellon (CMU), o Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), a Universidade do Texas em Austin (UT Austin) e a Universidade da Califórnia em Berkeley, num investimento que ultrapassa os 85 milhões de euros.
Estes programas, que começaram em 2006 com foco na formação de doutorados portugueses, evoluíram para projetos de inovação em áreas estratégicas como supercomputação e engenharia aeroespacial. Empresas tecnológicas como a Feedzai e a Unbabel nasceram destes esforços, demonstrando o impacto destas colaborações. Na nova fase, que decorre até 2030, a aposta recairá em setores como alterações climáticas, biotecnologias, energia, nanotecnologias e inteligência artificial. A maior parte do financiamento será canalizada para os programas CMU-Portugal, MIT-Portugal e UT Austin-Portugal, enquanto o acordo com Berkeley receberá um montante mais reduzido.

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A monitorização dos projetos ficará a cargo do recém-criado Conselho Nacional de Acompanhamento, que reunirá representantes de diversas entidades académicas e governamentais. O objetivo será definir diretrizes estratégicas, recomendar novas iniciativas e avaliar indicadores de desempenho. A presidência do conselho caberá a um responsável nomeado pelos ministros da Ciência, Coesão Territorial e Economia, que também terá um papel central na supervisão do investimento e na articulação com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Além das avaliações anuais, o Comité de Avaliação Externa Global consolidará relatórios periódicos para garantir uma análise abrangente do impacto das parcerias. A avaliação final, agendada para 2029, será determinante para uma eventual renovação dos acordos. No entanto, há quem questione se esse prazo permitirá medir adequadamente os benefícios de longo prazo dos investimentos.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Bernd Dittrich.