Em março de 2020, a generalidade das escolas viu-se perante o dilema de ter de fechar as portas e de, ao mesmo tempo, continuar a funcionar, mantendo-se os alunos e os professores confinados às suas casas. Esse dilema condicionou profundamente os anos letivos de 2019-2020 e 2020-2021.
Apesar de a ideia de ensino à distância não ser nova, a necessidade da sua generalização repentina, à escala dos sistemas educativos, apanhou todos de surpresa, de pouco valendo as experiências acumuladas ao longo de décadas, envolvendo meios como os correios, a rádio, a televisão e, mais recentemente, as plataformas digitais e os dispositivos móveis.
Igualmente pouca utilidade foi encontrada no enorme acervo de textos académicos, incluindo os que estavam publicados nas revistas científicas de maior fator de impacto, sobre os vários heterónimos da educação à distância, para ajudar os professores no seu novo papel de estar presente apenas virtualmente. E, boa parte das vezes, falhos das competências e dos meios técnicos indispensáveis.
Valeram-nos as aplicações de suporte de videoconferências online e, mesmo assim, de maneira desigual: além da questão das competências, os acessos à rede, quer por parte dos alunos, quer por parte dos professores, não era a mesma, incluindo a falta absoluta de sinal nalgumas residências e, em muitos casos, impossibilidade de as famílias custearem o preço dos equipamentos indispensáveis.
Para não falarmos da nova organização do trabalho docente, em que os professores se viram forçados a misturar as suas vidas profissionais com as suas vidas privadas, uma vez que foram obrigados a trabalhar nas próprias casas, onde estavam confinados com as suas famílias. Ou seja, houve lares em que cada um dos progenitores exercia a sua atividade profissional à distância e os seus filhos assistiam a aulas online ou requeriam simplesmente atenção, em espaços muitas vezes exíguos. Houve professores empurrados para situações de burnout. E acresce, a tudo isso, o facto de o estado ter descarregado para cima das famílias a responsabilidade pela maior parte dos custos de funcionamento da “nova” escola online.
Apesar de a escola habitual, isto é, a nossa velha conhecida escola fabril, ter regressado, está por fazer o ponto da situação pós-pandemia: o que é que todos aprendemos com o pesadelo que tivemos de enfrentar?
É neste sentido que, de olhos postos no campo científico educacional atual, que o CIE-UMa convida os investigadores e educadores a contribuir com os seus trabalhos e reflexões sobre a temática, devendo os interessados submeter os respetivos resumos até ao dia 18 de novembro de 2022.
As inscrições para o XVIII Colóquio CIE-UMa já estão abertas e podem ser efetuadas remotamente através do formulário disponível aqui.
Texto da Universidade da Madeira
Com fotografia de Annie Spratt.