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Antropologia

“A História sempre mostrou que qualquer ação humana tem consequências.”

O Ser humano sempre teve a vontade (necessidade?) de dominar, controlar, se apropriar os espaços mas também as outras espécies (animais) incluindo os elementos da sua própria raça homo sapiens (escravatura, teorias raciais), também os elementos naturais (águas, mares, rios, vento, clima, etc.).

A própria invenção das linguagens com vocabulário científico, profissional, etc. (i.e. uma linguagem estatal, linguagem litúrgico com o latim utilizado durante séculos nas igrejas católicas facilitando o controlo dos espíritos dos povos analfabetos) – é uma outra forma de apropriação/dominação.

Saber é Poder. O Homem, enquanto animal cultural, tem esse instinto – tanto biológico como cultural – de controlar, enfrentar e superar os seus medos. Quando não consegue explicar, dominar – fisicamente ou intelectualmente –, procura substitutos. Assim nascem as crenças, as lendas, superstições e outras manifestações espirituais, irracionais quando o racional é inacessível. Essas manifestações servem a elucidar o mistério, explanar o inexplorado. Todas formas de culturas, ritos e rituais são soluções alternativas para “dominar”, “controlar” tudo o que escapa ao Homem.

Agora, a questão de saber se sempre essas buscas permanentes têm êxito… o filósofo Immanuel Kant levantou essa questão fulcral sobre as funções do Homem: “O que posso conhecer?” (seguida de: “O que devo fazer?” “A que posso aspirar?” “O que é o homem?”) sugerindo a utilização, a extensão e os limites da Razão.

A História sempre mostrou que qualquer ação humana tem consequências.

A procura e descoberta da vacina contra o Covid-19 (ou quaisquer doenças) terá um custo, não só financeiro, mas também humano, social, cultural até político (anúncio do Putine ontem que poderia declarar uma guerra diplomática, até mais…).

Além das consequências negativas que a procura/busca do Conhecimento origina, podemos pensar que o Conhecimento sempre prevalece sobre o obscurantismo. Usando da alegoria da Árvore de conhecimento, o ato de comer (maçã) envolve conhecimento… aqui do bem e do mal, demonstrando a importância deste “pecado”, ato proibido, simbolizando o amadurecimento humano, tanto intelectual como corporal.

Sou antropóloga, quer dizer que tenho uma especialização mas não se pode abordar, refletir, analisar “factos” sociais e/ou culturais sem ter, ao seu dispor (vamos dizer) “vários dicionários para traduzir” as ferramentas recolhidas (facto observado, palavras/discursos ouvidos gravados…) sem já ter um cultura geral (leituras diversas principalmente, descobertas individuais, viagens…).

Essa cultura geral abarca as outras áreas científicas. Por exemplo, um antropólogo tem uma grande afinidade com a filosofia e a psicologia (hoje podemos acrescentar a sociologia, a geografia humana, etc.). O investigador, além da sua área principal, tem de desenvolver conhecimentos nas ciências afins, ferramentas indispensáveis para chegar ao fim: analisar/compreender os dados, e divulgar/publicar.

Outros elementos fundamentais – sobretudo em antropologia – SEMPRE USAR DE COMPARAÇÕES. Só a comparação permite diferenciar os elementos discordantes e/ou notar os semelhantes que serão à origem de definição de regras, leis, normais destacando os elementos culturais identitários do grupo estudado em relação com outros.

Direi que as teorias são: o espaço não existe sem OBJETO (no sentido lato incluindo a presença de um corpo humano). É o objeto que dá realidade ao espaço. A partir desta teoria – visão – podemos dizer que isso seria um facto “desde todos os tempos”.

O que nos carateriza como sociedade é – além da conquista do espaço e uso (o fato de praticar o espaço: organização, reprodução da espécie, sustentação do grupo (caça etc.), isso como qualquer espécie viva (humano, animal, vegetal), estamos a contextualizar os espaços (noção de territorialidade, espaço masculino/feminino, espaço social, profana/sagrada,…).

São os corpos dentro esses espaços, e os ritos/rituais envolvidos, que contextualizam um espaço físico/geográfico.

Christine Escallier
Docente da UMa

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