A Quinta Magnólia foi um dos centros de lazer mais importantes dos finais do século passado, com um complexo de piscinas e de cortes de ténis, que foram emblemáticos do desporto regional desses anos. Era, de início, uma quinta madeirense tradicional dos inícios do século, com residência, jardim e parque, que, progressivamente foi aumentada nas primeiras décadas desse século com o espaço das quintas anexas. Veio a transformar-se num clube privado e a ser, depois, um dos principais espaços desportivos da cidade do Funchal.
O núcleo inicial constituiu-se nos finais do séc. XIX e foi passando depois por vários proprietários. Em 1910 e segundo a planta dos irmãos Trigo, publicada como anexo ao Roteiro do Funchal, ainda não teria o espaço que hoje ocupa, nem a residência que chegou aos nossos dias e que parece ter sido construída na década seguinte. Com as transformações urbanísticas da cidade e a reformulação do antigo caminho dos Carvalhos, que passou a rua do Dr. Pitta, a residência foi substancialmente ampliada e, na década de 50 do séc. XX, foi remodelada para clube privado, embora a constituição do British Country Club ou Clube Inglês só date da década seguinte.
Nas décadas de 60 e 70 foi sendo ainda total e completamente remodelada, dotada de um importante complexo de piscinas, tal como de um parque que descia ao longo da escarpa, para o Ribeiro Seco. Nesses anos foi palco de inúmeros eventos desportivos e tornou-se num dos mais emblemáticos espaços de lazer do Funchal. As reformulações políticas da sociedade madeirense ao longo da segunda metade da década de 70 levaram à sua expropriação pelo Governo Regional, passando à tutela do mesmo em 1980.
O edifício principal chegou a albergar exposições temporárias, como em 1991-1992, a dedicada a Cristóvão Colombo e a Madeira, sendo, pouco depois, sede da Proteção Civil regional e Biblioteca de Culturas Estrangeiras na Madeira, enquanto o parque, entre muitos outros eventos, foi palco do Open Madeira em ténis e de várias edições do Funchal Jazz Festival. A partir de 2006, a construção de outras infraestruturas desportivas e as dificuldades de acesso do espaço para automóveis em eventos alargados levou a um progressivo abandono da Quinta Magnólia.
A partir de 2008, especialmente, todo o espaço entrou num rápido processo de degradação, até por alguma indefinição da sua tutela direta. Entretanto, a Quinta Magnólia foi entregue à Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento para ser objeto de estudo de requalificação, tendo um primeiro projeto sido elaborado em julho de 2007, pelo gabinete CMARQ, Projectos de Arquitetura Ldt. Em meados de 2013 ainda a Sociedade Metropolitana anunciava à população madeirense que a quinta fora cedida em maio desse ano por um período de sete anos, indo sofrer obras de reabilitação para colmatar a degradação do espaço, calculando-se então um investimento até um milhão de euros. No entanto, salvo melhor opinião, é todo um modelo estatal de desenvolvimento que tem os dias contados, tendo acabado o ano de 2016 e nada se tendo feito de concreto.
Rui Carita
Professor da UMa