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Feriados: para que vos queremos?

Numa clara alusão ao Parlamento, que detém a capacidade de criar e de eliminar dias de descanso, diz a música ‘Viva até São Bento, se nos arranjar/Muitos feriados para festejar”.

Em 2016, São Bento trouxe de volta dos feriados pedidos em 2013, começando com as comemorações históricas da Restauração da Independência e da Implantação da República (preteridas pelo Dia da Liberdade, mais querido à democracia). Em Janeiro de 2016, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou ainda a reposição das festas religiosas do Corpo de Deus e de Todos-os-Santos, após o contacto com a Santa Sé.

Independentemente do jogo de palavras que utilizemos, não terá sido grande o mérito do actual governo da república nesta situação pois, se revirmos o que foi dito pelo governo anterior, os quatro feriados desaparecidos não foram eliminados, apenas suspensos por 4 anos, com intensão de os repor ao final desse período. A própria forma como o processo foi conduzido foi criticada pelo cardeal-patriarca de Lisboa que, em Novembro de 2015, se queixava ao Económico da excessiva laicização da República Portuguesa que se dava ao luxo de interferir com a comemoração das festas religiosas.

Portugal voltou a ocupar a lista de países com mais feriados na União Europeia, com 13 no total e embora alguns coincidem com os fins-de-semana, depressa se arranjou espaço para se criarem 3 pontes para os feriados que calhassem em terças ou em quintas-feiras, conforme referia o Jornal de Negócios, a 24 de Fevereiro.

Porque é que os feriados são um assunto passível de tanta discussão? Resposta: Dinheiro.

Nos Media esgrimem-se argumentos em ambas as direcções deixando o leitor à vontade para escolher se concorda ou não com a existência de feriados. Serviços públicos e indústria são prejudicados pelo aumento do número de feriados; tudo o que dependa directamente do turismo ou do lazer beneficia – são algumas das ideias mais apresentadas. Há, no entanto, quem veja outras questões: os salários, por exemplo. Não havendo feriados, os trabalhadores que estão em funções nessas efemeridades recebem o mesmo valor que num qualquer outro dia de trabalho, poupando aos privados e ao Estado uns bons milhares, se não mesmo, milhões de euros.

Afastando-nos da visão economicista da coisa, qual é o interesse dos feriados nacionais para o comum cidadão? Damos assim tanta importância a essas efemeridades?

Em Janeiro de 2012, Paulo Baldaia, num artigo de opinião para o Diário de Notícias de Lisboa, comentava quão vazios de significado estavam a ficar os feriados nacionais, não passando de dias de ócio para o trabalhador. Num discurso bastante assertivo e não distinguindo a diferença entre importância dos feriados civis da dos religiosos, o comentador fez notar que cada vez mais pessoas não comemoram a Restauração da Independência, a República ou a Democracia, nem tão pouco o Carnaval, a Assumpção ou o Corpo de Deus.

Então para que queremos os feriados? Para férias, lógico.

Carlos Diogo Pereira
Estudante da UMa

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