Todas as pessoas têm um sonho (Martin Luther King), muitas acreditam que conseguem concretizá-lo (Barack Obama) e poucas os substituiriam por uma tarde com Sócrates (filósofo) (Steve Jobs). “Chegou o momento de construir”, dizia Mandela. Mas essa construção implica quebrar muitos muros, que mais não sejam espirituais, e cultivar nesse espaço (agora) libertado, numa mensagem de esperança e ordem.
Atendendo à nossa realidade, podemos verificar que algumas pessoas ainda esperam por D. Sebastião, ou simplesmente anseiam por um Obama português.
Será mais um pilar cimentado por utopia que visa suportar o nosso Quinto Império?!
Um discurso é sustentado pelo momento, pelo contexto e pela inspiração. Fazer de um discurso histórico está intimamente ligado com o grau de identificação por parte do auditório, das emoções desencadeadas (Pathos), do carácter do orador (Ethos) e, sobretudo, do propósito e lógica da mensagem (Logos).
O discurso ganha forma pelo estabelecimento de uma ponte entre o conhecimento e a experiência, procurando fazer chegar aquela realidade a todas as outras realidades que vivem de uma possibilidade. Contudo, se formos considerar a verdade como um ponto de vista, a transmissão de uma determinada tese é apenas uma visão que passa a ser apoiada por quem partilha crenças e desejos semelhantes.
Não há nenhum discurso que seja inicialmente traçado para ser intemporal. Um discurso torna-se, com efeito, intemporal, quando dependente de reconhecimento e identificação por parte do auditório.
Os grandes oradores da História recorreram às palavras enquanto matéria-prima, defendendo de forma vigorosa a sua mensagem e a credibilidade da mesma, expandindo os seus argumentos e semeando os seus propósitos.
Muitas dessas teses tombaram ao primeiro agente erosivo, a opinião contrária, que colocou em xeque a validade das suas premissas, mostrando a vulnerabilidade do discurso como projecção do orador.
Um dos mais importantes discursos a ser pronunciado e um dos mais paradigmáticos para o mundo moderno reporta-se ao Sermão da Montanha, de Jesus Cristo. Foi. Além de demarcar uma Era, assenta toda uma importância que ainda hoje confere intemporalidade ao Cristianismo. Este discurso definiu uma conduta que permanece na base moral do Ocidente.
Mahatma Gandhi é outra voz que ecoa no tempo. “Há um poder misterioso indefinível que permeia tudo, sinto-o apesar de não o ver”, referindo-se à fé, que transcende a razão. Afinal de contas, um discurso só é eficaz se for reconhecido e provocar uma determinada reacção no seu auditório, que não o vê, mas o sente.
A cultura do discurso é especialmente importante, não só a nível religioso mas também, por exemplo, a nível político.
Motivar as pessoas com recurso à força que as palavras têm é fulcral para conseguir mudar algo independentemente das políticas específicas. Um discurso de sucesso é, acima de tudo, um fragmento da pessoa que o produz e que permanecerá imortal na nossa memória.
… e para sempre é o tempo de quem os concebeu!
Martim Santos