Recentemente, numa escola, surgiu uma dúvida linguística no grupo de docentes de Português. Em conjunto, os professores decidiram colocá-la numa plataforma de internet que pretende resolver questões linguísticas e gramaticais. A resposta confirmava a pertinência do problema e afirmava que este deveria ser apresentado ao professor de Português. Quem respondeu pressupôs, erradamente, que seria um estudante a enunciar a dúvida. Acabaram os docentes por rir do episódio e ficaram sem solução para o problema.
Ninguém tem resposta para todas as dúvidas de Português, mas há quem procure e quem desista de o fazer. O ideal é a primeira alternativa. Assim, será possível desenvolver e aperfeiçoar competências quanto ao funcionamento da língua materna, nunca completamente adquirida. Interessa, por isso, explicar a quem não sabe a diferença entre, por um lado, “poderem”/ “puderem” e, por outro, “virmos”/ “vermos”.
1. Ficarão felizes, se …………….. viajar.
Preencher o espaço com a forma certa: poderem / puderem.
Solução: Ficarão felizes, se puderem viajar.
Explicação: Qual a diferença entre “poderem” e “puderem”, se existem ambas as formas, na Língua Portuguesa? Ao consultar uma gramática ou um dicionário de verbos, é fácil verificar que apenas os tempos e modos verbais mudam. Enquanto “poderem” é a 3.ª pessoa do plural do infinitivo pessoal (Para poderem ir ao cinema, terão de jantar mais cedo.), “puderem” é a 3.ª pessoa do plural do futuro do conjuntivo (Se puderem, passem pela exposição.). A preposição “para” e a conjunção “se” ajudam a estabelecer a diferença. É indispensável saber fazer a distinção, mas isso pressupõe que se tenha aprendido a conjugar verbos, o que se ensina cada vez menos, por ser um exercício, supostamente, aborrecido.
2. Se não nos …………….. nos próximos dias, desejo-lhe um ano muito feliz!
Preencher o espaço com a forma certa: virmos / vermos.
Solução: Se não nos virmos nos próximos dias, desejo-lhe um ano muito feliz!
Explicação: Algumas pessoas confundem “virmos” e “vermos” porque pensam que a forma “virem” é apensa do verbo “vir”. Logo, estão convencidas que, para “ver”, só existe “verem”. Acontece que as duas formas integram a conjugação deste verbo. Por um lado, “vermos” é a 1.ª pessoa do plural do infinito pessoal (Para vermos como fica melhor, tirámos várias fotografias.) e, por outro, “virmos” é a 1.ª pessoa do plural do futuro do conjuntivo (Dar-me-ás amêndoas de chocolate, se nos virmos na Páscoa.). Existindo as duas formas, não se podem confundir. Além disso, “virmos” corresponde à 1.ª pessoa do plural do infinito pessoal de “vir” (Para virmos a pé, é muito cansativo.). Aprender a conjugar verbos pode não ter um interesse imediato, mas é de grande importância para quem quiser dominar a Língua Portuguesa.
Helena Rebelo
Professora da UMa