Luís Ferro

Reviver o ballet em Portugal com Marco Martins

O Ballet Gulbenkian, companhia de bailado formada em Portugal a partir da década de 70, define-se não só pelo maravilhoso do ballet e da comunicação corporal dos bailarinos, mas também pela capacidade de encanto ao povo português. O movimento dos corpos dos profissionais de dança e as emoções do público lusitano juntam-se em cinesia, em mudança e em dinâmica criando uma magnífica utopia. Haveria de se pensar: Como criar algo mais permanente, para os momentos tão limitados de um espetáculo harmonioso? Através do recolher de textos, de imagens e de fotografias do movimento, além do acesso a arquivos e aos testemunhos de investigadores e dos próprios bailarinos, constrói-se um documentário que homenageia e (re)lembra este mundo artístico. Quem melhor saberá juntar esse útil e esse agradável seria Marco Martins, cineasta português. Esculturou um corpo cinematográfico fascinante, criativo e diferente que legitima o mundo das artes performativas, nos anos 70 e 80 do século XX. Falamos de Um Corpo que Dança, filme produzido em 2022, que mostra o percurso do Ballet Gulbenkian à medida que ganha aceitação da sociedade de Camões. Um Corpo que Dança é a sugestão do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA, para sexta e sábado, 01 e 02 de junho. O cliente NOS, portador do seu cartão, se acompanhado, tem 2 bilhetes pelo preço de 1. Se for sozinho, ao comprar 1 bilhete de cinema, tem a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. “Este filme nasce de um desejo antigo de Jorge Salavisa, formulado por si ao longo dos anos e em diversas ocasiões. (…) Sabia como era particularmente ambicioso fazer um filme sobre os quarenta anos de uma companhia que mudou a forma de pensar e fazer dança em Portugal. Uma companhia que formou grande parte das novas gerações da dança e um público exigente e conhecedor. Uma companhia envolta numa certa mitologia, rodeada de paixões e, como todas as paixões, com um final turbulento.”, afirma o realizador. Este seu documentário aparente acompanha o tracejado percurso da companhia de dança em destaque no século XX, em Portugal. Esse trajeto segue também as impressões políticas, económicas e socioculturais do país que acabavam por influenciar na projeção do ballet. Assim como qualquer outro modo de manifestação artística no decorrer do século, também esta incorporação é relatada de forma evolutiva. Segundo aquilo que podemos retirar da sinopse e da antevisão, “[a] partir de imagens de arquivo inéditas e entrevistas a vários criadores e bailarinos acompanhamos o trajeto de uma companhia extraordinária, através dos movimentos e das palavras dos seus protagonistas, da sua génese no início dos anos 60 até à extinção em 2005. Além de dar a ver o percurso de uma das maiores companhias de dança portuguesas do século XX, a obra revela o modo como o Ballet Gulbenkian espelhou a sociedade em que viveu, acompanhando as suas profundas mudanças e abertura ao mundo exterior, após o 25 de abril, deixando um enorme legado à dança portuguesa, através dos seus bailarinos e dos criadores que colaboraram com a companhia em diferentes áreas artísticas.”. Gostaria de revisitar a prestigiosa companhia Ballet Gulbenkian e assistir o evoluir de uma sociedade artística? Se já concluiu a visualização da antevisão, então só tem de acompanhar as restantes informações aqui. Luís Ferro ET AL. Com fotografia de Nihal Demirci Erenay.

Entre a (Im)possibilidade da falha… Agir ou fugir?

E se pudesse tomar controle dos infortúnios da sua vida? Provavelmente seria demasiado fantástico para o mundo real. Mas a verdade, é que quando o ser humano se vê em situações drásticas, o primeiro pensamento que tem é “Se eu pudesse reverter a situação…”. Muitas vezes desejamos um mundo imaginário norteado no erótico e no sonho, porque sabemos que o desejo é quase inconcebível. Eiichi Yamamoto, realizador japonês utiliza essa psicologia num filme produzido e exibido pela primeira vez em 1973, no festival de filmes Cinerama. A Tragédia de Belladonna (em escrito em romañji, Kanashimi no Belladonna), é um “cult”, produzido pelo estúdio Mushi Production, uma empresa de animação do considerado “deus do mangá”, Osamu Tezuka. Trata-se de uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido no sábado, 25 de junho. Os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Baseado no livro Sorcière (ou Satanismo e Bruxaria), escrito por Jules Michelet, em 1862, A Tragédia de Belladonna destaca-se de entre a série Animerama pelas produções adultas e experimentais. É, por isso, considerado o mais sério dessa coleção pelo seu conteúdo narrativo mais pesado, o que não é não seria descompassado tendo em conta a época em que se insere. O romance, conta a estória de um casal de dois camponeses, na época do Antigo Regime, em que a sociedade era altamente estratificada, vivendo em clima de opressão. Jean e Jeanne, vivem na França Medieval, apaixonados e desejosos por se casar. No entanto, para que esse elo de vida se realizasse, o marido é obrigado a pagar uma taxa ao senhor feudal. Nessa impossibilidade, o tirano leva a sua esposa tomando-a como sua propriedade. É nesse clima de pesar e de desespero, que o destino da desgraça é cortado por uma possibilidade – Jeanne é visitada por uma criatura peculiar, apta a dotar o ser humano em perigo, com poderes sobrenaturais e libertadores. Caminhos e pegadas de dificuldades, ponderemo-nos questionar se este casal irá sobreviver à tristeza profunda em que caiu. Voltará a radiar-se em ternura e paixão? Quais os obstáculos até se poderem reunir novamente em clima de paz? Toda ela é inesperada e transgressiva, adotando desde pormenores técnicos como os estéticos uma postura radical e extrema. Acha muita fantasia? Então não quererá perder o trailer e conferir tudo o que lhe contamos aqui. Luís Ferro ET AL.

O Oráculo de 2022? Sergei Loznitsa conta-nos tudo…

A bacia hidrográfica de Donbass, localizada no extremo leste da Ucrânia, próximo à fronteira com a Rússia, ganhou protagonismo às mãos de uma guerra entre correntes pró-Ucrânia e pró anexação russa. Neste cenário tão político, seria quase impensável imaginar como a comédia do absurdo. Sergei Loznitsa, cineasta russo ucraniano, transforma esse espaço degradado num trilho de aventuras curiosas, onde “o grotesco e o dramático estão tão entrelaçados como a vida e a morte”. Donbass surge como o intermediário dessa nova técnica. Mas há muito mais que o realizador nos conta. Trata-se de uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido na sexta, 24 de junho. Os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Donbass, é um filme de 2018 que serve de reflexo de uma guerra russo-ucraniana num mundo perdido em fragmentação e falsidade identitária. É através do humor do desconforto que esses cenários, as personagens e outros conteúdos nos são apresentados, sendo que a cada momento choque, precedem-se outros comicidade física. Filme por muitos considerados como uma premonição inconsciente da situação atual entre a Ucrânia e a Guerra, Donbass é comédia politizada e discursada acusativamente sobre a empatia existente entre políticos corruptos, militares truculentos, policiais ineficazes, religiosos aproveitadores e atores. Trata-se de um testemunho que deixa em incógnita, temas como: a guerra como paz, a propaganda proferida como verdade e o ódio declarado como sendo amor. A vida impregnada de medo e desconfiança. O que é real e o que são notícias falsas? Retirando uma referência do site de crítica cinematográfica, Adorocinema “Loznitsa é um excelente observador, capaz de encontrar enquadramentos belos, inesperados e funcionais ao mesmo tempo – vide a cena final –, além de filmar grandes grupos de personagem como ninguém. Mas neste caso, a ousadia gira em falso, anuncia-se com um alarde que não se concretiza plenamente. Além disso, soa hermética para o público não eslavo em virtude da especificidade das referências históricas e políticas.”. Desta forma e utilizando o negativo grau de influência que o atual conflito na Europa Leste está a deixar mundialmente, apela-se à visualização deste filme porque é segundo o Washington Post “é sobre todos e cada um de nós. “Não há outro filme antiguerra como Donbass.”. Antecipa o teu lugar, vendo a antevisão e recolhendo mais informações aqui. Luís Ferro ET AL.

Jacqueline Lentzou rompe com a tradicionalidade familiar

O arrependimento pelas atitudes inconscientes na fase de adolescência é uma das nossas principais tendências, enquanto seres humanos. Por vezes, tomamos decisões que nos condicionam para toda a vida. No entanto, o que aconteceria se o universo nos chamasse à razão durante esse período? Iríamos ainda a tempo de mudar o nosso destino? Essa é certamente uma resposta obtida por Jacqueline Lentzou. Em Perguntem à Lua, um filme grego de 2020, a realizadora conta-nos exatamente a história íntima e tocante de uma adolescente forçada a reavaliar a sua relação com o pai. Trata-se de uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido na sexta, 17 de junho. Os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Perguntem à Lua, originalmente conhecido por Moon 66 Questions, é um drama protagonizado pela atriz Sofia Kokkali e pelo ator Lazaros Georgakopulos, que assumem o papel de filha e de pai. Destacou-se no Berlinale, tendo também ganhado um Golden Puffin no Reykjavík International Film Festival. Para abrilhantar ainda mais esta produção, o filme recebeu ainda um prémio para Melhor Atriz no Nouveau Cinema e para melhor Filme, no Cineuropa Awards, em Sarajevo. Ao que podemos apurar do trailer, o espetador entra nesta relação testada a partir de uma doença súbita e debilitante de Páris, o pai de Ártemis, que obriga a adolescente a regressar a casa, para cuidar dele. Tendo em conta o longo período de distância que tiveram um do outro, há inicialmente uma tentativa de comunicação falhada. Enquadram toda e qualquer relação, menos a que lhes competia. O enredo segue uma longa vivência relacional de desacordos e incompatibilidades emocionais. No entanto, ao descobrir um segredo que Páris escondia, quase que somos levados a uma outra estória. Ártemis, que antagonicamente e imprevisivelmente lidava com o pai, passa a  a compreendê-lo de uma maneira mais amável e empática. Quer descobrir que segredo une seres aparentemente tão distintos, mas tão espiritualmente ligados? Não se esqueça de comparecer à sessão. No entanto, para lhe adoçar mais a curiosidade, poderá consultar informações adicionais aqui. Luís Ferro ET AL.

A ousadia em Toshio Matsumoto: Manifesto(s) LGBT+

Já dizia Gertrude Stein que “a única coisa que torna possível a identidade é a ausência de mudança, mas ninguém acredita de facto que se seja semelhante àquilo que se lembra”. Será, de facto, isto que acontece ao ser humano, quando se depara com a brutalidade da realidade? Quão interiormente estáveis seremos nós? Certamente, na ótica de Toshio Matsumoto tais (des)ilusões são sentidas. Pelo menos é isso que faz transparecer na sua produção de 1969, Funeral das Rosas, quando através do personagem travesti, resolve desmitificar as inocências de um mundo em inconsciente mudança. Trata-se de uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido no sábado, 18 de junho. Os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm dois bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar um bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Filmado numa mistura estilística e lúcida de preto e branco, e misturando estilos cinematográficos excentricamente vorazes, Funeral das Rosas é um dos muitos filmes de Matsumoto, que facilmente influencia toda a década de 60 e 70 do cinema internacional. A sua fragmentada e pesada narrativa, de temáticas explícitas, desde a nudez à violência, da droga ao erotismo, torna-a mais de quarenta anos depois, um fenómeno mistificado. Toshia Matsumoto, foi um cineasta e artista visual, que apoiava os direitos LGBT+. É nessa base, que cria o ambiente de uma noite de Tóquio, na década de 1960, com personagens fora dos padrões sociais à época. A partir daí, constrói-se uma estória em torno de Eddy, um jovem travesti que embarca num caso amoroso com um gerente de bar, após a morte da sua mãe. No entanto, é neste decorrer relacional que se forma um triângulo violento, ciumento, ainda que amoroso. O momento de viragem da narrativa acontece quando Eddy se confronta com memórias traumáticas que o levam à sua infância. Num período temporal, que nos remete para o Japão no pós-Segunda Guerra Mundial, em que as influências externas culturais, como são os casos do rock, da pop art, dos Beatles e da geração hippie, tomam proporções extensas. Esta filosofia da celebração da juventude, das subculturas e contraculturas, dá base e consistência ao desenrolar do filme. Nesta primeira longa-metragem de Toshia Matsumoto, há realmente um efeito de subversão e intoxicação para com o espetador, uma vez que manipula e distorce o tempo, para além de tornar a “obra” informal e exótica – confronta o género e a sexualidade, numa sociedade levitada pelo desastre. Sinta-se também um membro destas manifestações assistindo ao filme. Mas antes, dê uma vista de olhos no trailer, e esteja a par das informações da longa-metragem aqui. Luís Ferro ET AL.

Escrevemos no presente, preservando o passado e perspectivando o futuro

Após celebrar um mês de apresentação, o portal ET AL. acumula mais de seis centenas de artigos publicados no seu repositório noticioso. Desde 6 de maio, a equipa da ET AL. tem publicado, pelo menos, um artigo diário sobre a atualidade do Ensino Superior, além das publicações dos números antigos da revista e do jornal da ACADÉMICA DA MADEIRA. Para assinalar o primeiro mês de trabalho, a ET AL. publica um texto do seu editor, Luís Ferro, sobre o passado, o presente e o futuro dos nossos conteúdos noticiosos. Desde a sua fundação, a ACADÉMICA DA MADEIRA propõe-se a adaptar a sua política aos desafios da nossa Região, trabalhando em prol da comunidade académica e de toda a sociedade. O seu elevado número de associados assim o demonstra. De entre as inúmeras iniciativas que se criaram com esse objetivo, encontramos a ET AL. Iniciada em maio de 1996, num formato impresso designado (Parenthesis) Informativo, a publicação periódica da ACADÉMICA DA MADEIRA visava a criação de um vínculo informativo com a comunidade de estudantes. Ao longo de 26 anos, com um hiato entre 1996 e 2006, apareceu com designações diferentes, publicando um inúmero conteúdo informativo e formativo para toda a Universidade da Madeira. Sob a designação de ET AL., constituiu-se, atualmente, como um portal noticioso que serve como repositório das notícias publicadas pela comunidade académica ao longo dos anos. O portal foi idealizado e desenvolvido por estudantes da Universidade da Madeira, de vários cursos, coordenados por um mestrando em Engenharia Informática. A equipa que mantém a ET AL. viva, por seu lado, inclui investigadores em diferentes áreas do conhecimento, bem como profissionais e entidades de diversos sectores, a que se juntam estudantes da Universidade da Madeira vários cursos. Desta forma, conseguimos assumir os padrões transformativos da nossa sociedade, fazendo-o não só a nível informático e estético, como sobretudo, a nível estético e informativo. Com cada vez mais colaboradores e parceiros, norteamo-nos pela singularidade de cada um na pluralidade de uma equipa. Queremos ajudar a construir uma comunidade universitária atualizada e informada, consciente da responsabilidade que tem em talhar a sociedade portuguesa do futuro próximo. Desta forma, a ET AL. é um compromisso que permite a difusão junto aos estudantes enaltecendo a importância não só da vida social como também profissional e académica. Para os que nela participam, é ainda uma oportunidade de desenvolver competências profissionais e pessoais, dando a oportunidade de ter uma experiência na área da comunicação. Fazer parte desta equipa está ao alcance de todos os interessados. Deixo o repto: junta-te a nós! Luís Ferro Editor da ET AL.

As nossas três vidas: familiar, profissional e académica

Para trabalhar e estudar, não é necessário ter uma licenciatura concluída. Muitos estudantes, por opção ou necessidade, optam por conjugar a vida académica com a profissional. Por vezes, essa combinação ocorre apenas no mestrado ou no doutoramento. Noutras situações, a atividade letiva é tão intensa que a interação entre os dois mundos não é possível. A ET AL. começa um ciclo de entrevistas com vários estudantes que têm o desafio de caminhar com as responsabilidades familiares, profissionais e académicas. Não pretendemos que sejam exemplos, mas esperamos que possam servir para ilustrar desafios que são superados. Que possam ser testemunhos honestos de uma realidade que poderá ser a de muitos estudantes, em alguma etapa das suas vidas. Melita Teixeira, aluna do 2.º ano do mestrado em Literatura, Cultura e Diversidade na Universidade da Madeira fala-nos sobre a experiência. Licenciada em Sociologia da Cultura, conta-nos como é se adaptar a um novo ciclo, com estudantes mais novos e a ritmos diferentes, tudo isso conciliando com o mundo familiar e profissional. Para os que estão em dúvida, entre se devem avançar com um mestrado ou não, fiquem com o seu testemunho. Qual a importância de continuar a sua formação no Ensino Superior, após uma licenciatura? É sempre importante mantermo-nos ativos, estarmos atualizados em termos de conhecimentos e, claro, continuar a desenvolver competências. A mudança continua na procura dessa dinâmica. O que a levou a ingressar no mestrado em Literatura, Cultura e Diversidade? O facto de que para mim são áreas de interesse. Quais foram as maiores dificuldades? Ter de reunir uma quantidade de documentos necessários no tempo pré-determinado, pelo facto de desconhecer certos procedimentos e não ser uma nativa digital. O ter de conseguir gerir tempo e espaço, reorganizar-me, planear e replanear. Contudo, consegue-se alcançar o objetivo, com algumas redefinições contínuas. O mestrado tem trazido benefícios? De que maneira? Sim. Do ponto de vista psicossocial imensas. No que diz respeito a atualizar e adquirir conhecimentos, igualmente. Está a ir ao encontro de todas as minhas expetativas. Analisando as cadeiras, existe uma área que tenha chamado mais atenção? Não. Todas as cadeiras são essenciais e foram no sentido de nos abrir os horizontes sobre Literatura, principalmente a Contemporânea, correlacioná-la com a Cultura e a Diversidade e vice-versa. Para além de que são importantes para nos prepararem para o sucesso dos nossos objetivos. No seu conjunto, permitem termos uma visão mais esclarecedora do mundo em que vivemos. Quais seriam os desafios de se estudar num mestrado em Literatura, Cultura e Diversidade? O principal foi tratar-se de um curso em horário pós-laboral, com o seu ponto negativo associado – estar cansada após um dia de trabalho, mas sempre podemos frequentar e manter a atividade laboral. Na vida pessoal, tive e tenho os comentários de que “agora já não apareço” e que “estou sempre ocupada”, mas descobri que sei quais são os momentos em que tenho de dizer “sim”. Os restantes desafios foram sendo “vencidos”, aulas a decorrer em simultâneo com prazos de entrega de trabalhos de investigação, preparar apresentações, investigações e horários de consulta complicados para quem tem um horário laboral por cumprir, a disponibilidade para “analisar e consultar” é complicado, pois a biblioteca tem um horário que tem de ser cumprido e nem todos os livros podem ser requisitados. O estacionar, o chegar a horas são também outra desvantagem. O facto de que o ar condicionado dentro de certas salas é ensurdecedor. É a conclusão a que se chega após mais de uma hora a estarmos expostos a ele. A nossa primeira sala teve este problema e foi solicitada a mudança, esta mudança foi maravilhosa e para mim fez a diferença, eu estava já num ponto de saturação. É que estávamos desde as 18:00, não era só a dor de cabeça, até tínhamos dificuldade em ouvirmos os docentes. Mas tudo isto foi sendo superado e supera-se com o apoio dos docentes, que foram e são excelentes quando abordados, saliento a boa comunicação, acessíveis e sempre predispostos a orientar. As pessoas da portaria e todos os restantes colaboradores são atenciosos e colaboram. Hoje em dia já conheço os serviços e os espaços disponíveis, sempre que solicito ajuda tenho-a, desde a portaria, a biblioteca, o bar, o Núcleo de Informática, o Gabinete do Apoio ao Estudante, a secretaria da faculdade, os serviços administrativos gerais, a Associação, …, todos estão disponíveis e tem sido este o percurso. Outra coisa positiva, são as estratégias que vamos arranjando e a “força” que descobrimos e que nos leva a continuar. No fundo, realmente, o maior desafio é superar o “cansaço” e a maior felicidade é sentir que conseguimos atingir etapa a etapa, ao nosso ritmo. Que opinião tem acerca do funcionamento do mestrado?  Eu tenho uma opinião muito positiva sobre a questão que me coloca, mesmo muito positiva. Poderiam ser feitas e tomadas mais iniciativas, para que este fosse mais valorizado ou aderido? Em relação ao resto, não me vou pronunciar, deixo-a ao cuidado da organização do Curso. Como conjuga a sua vida pessoal, profissional e académica? Virei malabarista! Desculpe, estou a brincar, mas acredite, foi e passa um pouco por fazer “malabarismo” entre a área pessoal e a social. Escolhas, é isto! Foram e são escolhas. Optei por ter vida social restrita e minimalista. Perdem-se momentos e estou limitada em termos de os poder proporcionar. Promovê-los? Nem pensar! Não há muito tempo, e os que tenho de organizar são escassos, são os “importantes”. O resto? Estão à espera que eu tenha tempo. O que é importante mantém-se. Acabei por descobrir os momentos “importantes”, aqueles que eu sinto que se não os ter fico a “pensar” neles. A vida pessoal e a familiar foi e está organizada no sentido de conseguir atingir as etapas do curso e eu crio meta etapas a que me vou propondo, porque é evidente que estou consciente que não tenho a disponibilidade que os meus colegas têm, têm fronteiras mais fluidas. Eles transitaram diretamente da licenciatura e como ainda não trabalham têm ritmos diferentes do

Para o infinito e mais além, literalmente

Associar-se a um projeto fora do prazo. Julgar estar destinado a acabar onde começou. Pensar que universo não é feito para si. Sentir-se deslocado do restante mundo. O que acontece quando o abandono e o isolamento são as únicas evidências de vida num planeta inundado? Carlos Amaral, produtor português, conta-nos o que sentiu quando todos aqueles que conhecia deixaram Portugal, durante a crise de 2008, na sua primeira longa-metragem. Mar Infinito é a sugestão do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA, para sexta, 27 de maio. Carlos Amaral, autor de curtas como Por Diabos e Longe de Éden, lança a sua primeira longa-metragem de abordagem “pouco habitual na ficção nacional”, tendo a cidade de Aveiro como pano de fundo para a recriação dos cenários planetários. Esta produção tem a especial colaboração de Rodrigo Areias, que trabalhou, como Carlos Amaral, na escrita e argumento de Listen. Mar Infinito conta também com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual e da NOS Lusomundo TV. Nas palavras do realizador e artista de efeitos visuais que, fascinado pela ideia da viagem como propósito alternativo de vivência, Mar Infinito é “um drama de ficção científica idealizador do significado da viagem”. Desta forma, cria-se uma exposição ficcionada e hipotética sobre o que seria deixar o planeta terra com o/a seu/sua companheiro/a. Após uma crise de grandes proporções, metade da população mundial parte para uma outra galáxia, em busca de um novo lar para recomeçar as suas vidas. Miguel, interpretado por Nuno Nolasco, que foi deixado para trás, pretende reunir-se com a restante população. Para que isso aconteça tem de enfrentar problemas e dúvidas existencialistas, provocados pela frustração e pela angústia de se sentir esquecido pelos seus. É durante essa crise que encontra uma mulher, Eva, com quem desabafa e desanuvia os problemas que o prendem e atormentam, funcionando aqui como um caminho terapêutico. O objetivo do filme, é que Miguel, através de Eva, encontre e entenda o propósito da sua viagem intergaláctica. Podes acompanhar esta jornada de mistas emoções assistindo ao trailer aqui. Os clientes NOS, portadores do seu cartão, têm 2 bilhetes pelo preço de 1, ou a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida na compra de um bilhete. Luís Ferro ET AL.

O vírus da virtude: lutar para (re)memorar

Ao analisar a doença de Alzeihmer e a aproximação da morte na série This Is Us, Roberta Busch, mestre em neurociências pela Universidade Federal de São Paulo, descreve-as como uma “espécie de neblina [que] obscurece a memória de uma personagem que tenta se lembrar, sem sucesso de uma certa palavra”. Esta visão é usada em muitas produções cinematográficas, através da negação e da dificuldade em aceitar a inexistência espiritual de um ente querido. Gaspar Noé é um desses muitos exemplos, contemplando a fragilidade do ser humano intensamente, em Vortex. É Vortex a sugestão do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA, para sexta e sábado, 20 e 21 de maio. Em particular para os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se for sozinho, ao comprar 1 bilhete de cinema, tem a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Este drama francês de 2021 é dirigido por Gaspar Noé e foi filmado em três dias sob uma técnica em split screen. Distingue-se por permitir a movimentação de memórias de uma das partes do cérebro para outra. Funciona quase como uma terapia, pois ao ver um filme nesse ângulo, ajuda o espectador a entra mais facilmente num estado de hipnose, saindo do momento real e entrando numa dimensão desconhecida. Acabamos por contracenar com a espontaneidade do autor em relembrar à audiência de que estão a ver um filme, como acontecera com outros filmes seus. É o caso de Irreversível, Enter the Void ou Clímax, que exaltam a provocação cinematográfica e rebeldia técnica com que produz. Gaspar Noé elucida-nos sobre o destino bifurcado de um casal, que, após ter vivido maravilhas conjugais, vive o drama do envelhecimento na doença que devora a virtude. Em Vortex uma psicanalista aposentada, Françoise, sofre um AVC, apresentado sinais de demência nos anos posteriores. O seu marido, Dario, produtor cinematográfico trabalha num livro sobre cinema. O filme desenvolve-se em torno da vida deste casal, a partir de um ecrã repartido e seguindo quotidianos diferentes. Enquanto de um lado, Dario procura rejeitar o que se passa com a mulher, esta deambula, perdida nas ruas parisienses. Qualquer um que se enfrente com uma situação clínica como a retratada na película reconhecerá o horror que é a desorientação e ausência de resposta na lembrança dos pequenos e ternurentos momentos de vida. Estas situações influenciam muitos artistas, o que inclui Noé, cujos pais e avós tiveram gratificante papel na produção – uma representação fictícia e vibrante, mas ao mesmo tempo desgastante e arrebatadora e, que, demonstra o longo caminho até à aceitação e cura que é a dor da perda. Sem desvendar mais da trama, Vortex pinta-nos um retrato cinematográfico sobre aquilo que é a efemeridade da vida e de que tudo aquilo pelo qual lutámos. Acaba por se configurar como um forçado álbum de fotografias e de pequenos fragmentos analógicos, sendo uma luta pela manutenção da memória vegetal perdida pelo preço do materialismo que a sociedade dos dias de hoje tanto depende. Assiste, aqui, ao trailer do filme e garante o teu lugar na sala de cinema. Luís Ferro ET AL.