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Ambiente e sustentabilidade em discussão

Ambiente e sustentabilidade em discussão

No DIÁRIO DE NOTÍCIAS, Eduardo Ferreira escreve sobre os desafios do rico e frágil ecossistema da região.

No meio do Atlântico, a Madeira destaca-se não só pelas suas paisagens deslumbrantes e clima ameno, mas também pela riqueza e fragilidade dos seus ecossistemas. Ilhas oceânicas como a nossa têm uma biodiversidade única, contudo são particularmente vulneráveis a pressões humanas e ambientais. A poluição luminosa, o lixo marinho e os grandes impactos do turismo são alguns dos problemas que ameaçam o nosso ecossistema insular. As nossas ilhas constituem um oásis a 700 quilómetros da costa continental mais próxima. Neste ecossistema temos as aves marinhas e outras espécies das zonas costeiras ou que habitam os mares circulares do arquipélago, tais como, tartarugas e lobos-marinhos.

É aqui que entram organizações não governamentais como a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves – e a Ocean Devotion, que não se limitam a observar, atuando diretamente, todos os dias, na proteção do ambiente e na sensibilização da sociedade, por meio de ações de voluntariado e projetos de consciencialização da população.

Por vezes é uma tarefa muito difícil, devido aos vários obstáculos para conseguir sensibilizar o público e ao mesmo tempo passar a mensagem certa.
A falta de disponibilidade das pessoas, que trabalham longas horas ou que têm compromissos familiares, o desconhecimento destas várias iniciativas, que não chegam a todos os cidadãos principalmente fora das zonas urbanas são fatores que dificultam a disseminação da mensagem e a sensibilização da comunidade. Pensar que não é connosco e deixar os outros fazer, que se tenha perceção de que a ação individual não é necessária é dos comportamentos que mais contribui para o afastamento do público da causa ambiental. Certo é que não existe forma de saber qual é a raiz da falta de atenção da comunidade, por isso estas organizações publicitam iniciativas e campanhas através de partilhas nos meios de comunicação tradicionais e nas redes sociais.

Uma cidade universitária chamada Funchal

Defende-se o Funchal como verdadeira cidade universitária, exigindo investimento, residências e apoios para fortalecer a UMa, reter jovens, atrair estudantes e afirmar a Madeira como território de conhecimento para além do turismo.

Apesar de todos estes obstáculos, estas organizações promovem, com muita regularidade, uma grande variedade de iniciativas. Entre elas, “mega apagão” idealizado pela SPEA, propõe-se reduzir a poluição luminosa e proteger as aves juvenis. Das espécies mais afetadas, as cagarras ficam desorientadas devido à grande quantidade de luzes do tipo LED que geram ambientes de grande intensidade luminosa nas zonas costeiras, habitacionais e hoteleiras. Esta organização promove programas de voluntariado em que o comum cidadão pode resgatar aves e participar em ações de monitorização. Como explica Elisa Teixeira, assistente de gestão de projetos da SPEA na Madeira: “O ativismo ambiental não é um luxo; é uma responsabilidade de todos. Cada ação conta para proteger as espécies e os seus habitats”.

Na vertente marinha, a Ocean Devotion luta diariamente contra o lixo costeiro e plástico nos oceanos. Limpeza de praias, monitorização de golfinhos e campanhas educativas, como a “Da Costa ao Convés”, mostram que a participação da comunidade é de extrema importância. Desde 2021, mais de 14 toneladas de lixo marinho foram removidas das costas da ilha da Madeira, graças a estes projetos, provando que cada gesto, por mais pequeno que pareça, tem um impacto positivo real no ambiente.
Estas organizações lançam um alerta claro: não basta conhecer os problemas, é necessário agir. Participar em ações de voluntariado, apoiar campanhas, reduzir o consumo de plástico ou simplesmente fazer a separação correta do lixo são passos que qualquer cidadão pode dar. A preservação dos habitats na Madeira, depende da colaboração entre investigadores, organizações e maioritariamente da população local, sendo que cada um pode contribuir para garantir um futuro sustentável.
O apelo é direto. A proteção das aves, das praias e dos oceanos não é uma tarefa isolada, mas uma missão de todos.

Eduardo Ferreira
Voluntário da ACADÉMICA DA MADEIRA.
Com fotografia de Colin Watts.

O artigo pode ser consulta na edição eletrónica e impressa do DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 27 de novembro de 2025.

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