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360 anos da morte de Manuel Tomás

360 anos da morte de Manuel Tomás

Num artigo de opinião, publicado a 10 de abril no Funchal Notícias, Nelson Veríssimo assinala os 360 anos da morte de Manuel Tomás, destacando a relevância histórica e literária da sua epopeia Insulana e anunciando a preparação de uma nova edição da obra.

A 10 de abril assinalou-se os 360 anos do falecimento de Manuel Tomás, “de ascendência judaica”, natural de Guimarães, onde nasceu em 1585, e que morreu no Funchal a 10 de abril de 1665. Segundo um artigo de opinião de Nelson Veríssimo, publicado no portal Funchal Notícias, o seu termo de óbito “encontra-se registado na freguesia da Sé”, onde se refere que foi “sepultado no Convento de São Francisco da cidade do Funchal” e que não fez testamento “por ser apressada a sua morte de uma facada que lhe deram”.

Ainda segundo o autor, Manuel Tomás foi filho de “Luís Gomes de Medeiros, também conhecido como Joseph Abravanel, e de Gracia Vaz Barbosa”. Desde o início de 1610, “já vivia na Madeira”. Durante mais de meio século, exerceu a actividade de comerciante e “funções de intérprete de línguas no porto do Funchal, revelando contactos privilegiados com alguns cristãos-novos, autoridades militares e da Fazenda”. Apesar de ter sido “denunciado ao Tribunal do Santo Ofício como rabino e dogmatista”, “na sua obra mostra-se, porém, um fervoroso católico”.

Em 1635, publicou o poema épico Insulana, em Antuérpia e Ruão, onde “o Poeta canta os feitos de Zargo”:

“A fama, o nome, as glórias, a grandeza,
Esforço raro, altivo pensamento,
Ânimo valeroso, heroica empresa,
Zelo divino, em novo atrevimento,
Galhardo brio, singular braveza,
O forte peito e atrevido intento,
A proeza e valor digno de espanto,
De um Capitão famoso, escrevo e canto.”

Nelson Veríssimo destaca que a Insulana é “a sua obra mais conhecida, dentre, pelo menos, mais outras seis publicadas” e defende que, “para os madeirenses e porto-santenses, a Insulana é, com as devidas distâncias, Os Lusíadas da Região”. Sublinha ainda que “nenhum outro arquipélago da Macaronésia possui uma epopeia de igual grandeza”, e lamenta que, por ter sido composta “no período filipino, 63 anos depois da genial obra de Camões, e sob a estética barroca”, tenha sido “menosprezada pelos estudiosos da Literatura”.

Consciente do seu valor, o autor revela ter iniciado em 2020 a preparação de uma nova edição da Insulana, tarefa que assumiu como trabalho diário após a aposentação em 2022. Segundo escreve, “preparar uma reedição, devidamente anotada, para um leitor do século XXI, é tarefa morosa e, por vezes, nada fácil”. A transcrição exige “actualização da ortografia, para que o poema se tornasse mais acessível”, mas também o rigor necessário “para que as palavras e as formas verbais do Autor nunca poderão ser adulteradas”. Com este esforço, espera “apresentar brevemente uma reedição da Insulana, que prestigie a obra de Manuel Tomás”.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Adobe Photo Stock.

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