Mais de 16 mil estudantes do ensino superior já recorreram aos chamados “cheques-psicólogo” e “cheques-nutricionista” desde o lançamento da medida, no início do ano lectivo. A iniciativa do Governo pretende garantir consultas gratuitas a todos os alunos inscritos em instituições públicas e privadas, numa tentativa de responder às crescentes necessidades de apoio psicológico e de promoção de hábitos de vida saudáveis entre os jovens.
Até agora, foram emitidos mais de 30 mil cheques — um número superior ao dos pedidos, uma vez que cada estudante recebe, automaticamente, dois cheques para as primeiras consultas de psicologia. No caso da nutrição, é disponibilizado um único código. O sistema permite a atribuição de novos cheques consoante a avaliação dos profissionais de saúde, garantindo algum acompanhamento continuado aos estudantes.

Cheques-Psicólogo e Nutricionista continuam disponíveis gratuitamente
Os Cheques-Psicólogo e Nutricionista são uma medida de apoio aos estudantes do ensino superior, garantindo acesso a consultas psicológicas e nutricionais de forma simplificada.

Cheques-psicólogo e nutricionista estão disponíveis
A medida anunciada a 4 de setembro, pela ministra da Juventude, está disponível no novo portal de serviços públicos da República
Apesar do impacto positivo reconhecido pelos ministérios envolvidos, persistem críticas quanto à abrangência da medida. Segundo Olga Oliveira Cunha, da Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior, os critérios de exclusão deixam de fora muitos estudantes com perturbações graves, como quadros psicóticos, comportamentos aditivos ou sintomas persistentes. Além disso, o número limitado de sessões previstas levanta dúvidas sobre o que acontece quando se esgotam as consultas gratuitas.
A medida prevê um total de 150 mil consultas até ao final do ano letivo, com um investimento que deverá ultrapassar os cinco milhões de euros em 2025. Ainda assim, permanece a necessidade de reforçar a comunicação junto da comunidade estudantil e de ajustar o programa às realidades clínicas mais complexas. Para muitos jovens, o acesso facilitado a estes serviços pode ser um primeiro passo essencial — mas não deve ser o último.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Matthew Ball.