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“O assédio na academia é um sítio propício porque há relações de poder’”

“O assédio na academia é um sítio propício porque há relações de poder’”

Ana Costa Freitas, presidente da AMONET, aborda desigualdades de género na ciência, os impactos da pandemia e a necessidade de quotas e medidas contra o assédio na academia.
Ana Costa Freitas, antiga Reitora da Universidade de Évora, de 2014 a 2022, foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, em maio de 2023. Créditos de Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República.

Ana Costa Freitas, presidente da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas (AMONET), destacou na entrevista ao Vozes ao Minuto a discrepância de género nos níveis superiores da carreira científica em Portugal. Apesar de as mulheres representarem “52% dos cientistas e constituírem a maioria no Ensino Superior e entre os doutorados”, há uma significativa sub-representação nos cargos de liderança. Segundo ela, “apenas 13% das reitorias são ocupadas por mulheres”, embora reconheça uma tendência de aumento com exemplos recentes em instituições como o ISCTE, a Universidade de Évora e a Universidade dos Açores.

A líder da AMONET apontou ainda os efeitos da pandemia na produção científica liderada por mulheres, que sofreu uma queda considerável. “Durante o confinamento, as responsabilidades domésticas recaíram predominantemente sobre as mulheres”, afirmou, sublinhando que este fenómeno comprometeu a produtividade académica feminina. Para Ana Costa Freitas, isto ilustra como “o equilíbrio de género na ciência é frágil e pode retroceder” sem esforços contínuos para promover a igualdade.

Outro tema abordado foi o assédio na academia, que Ana Costa Freitas considera ser “um sítio propício porque há relações de poder”. De acordo com a antiga Reitora da Universidade de Évora, é fundamental discutir este problema abertamente e implementar medidas para garantir “um ambiente académico seguro e equitativo para todos”. Esta questão, segundo a presidente da AMONET, está diretamente ligada à necessidade de uma mudança cultural que enfrente os desequilíbrios de poder na ciência.

Para acelerar a igualdade de género nos cargos de liderança, Ana Costa Freitas defendeu a implementação de quotas como medida temporária. “As quotas não são uma solução definitiva, mas podem ser um impulso necessário para corrigir desequilíbrios históricos e culturais”, explicou. Esta abordagem, na sua visão, é essencial para alcançar uma representação mais justa das mulheres em posições de destaque na academia.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República.

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