Os estudantes do Instituto Politécnico do Porto (IPP) têm-se mobilizado contra o regresso de um professor despedido após acusações de assédio sexual. O retorno do docente gerou uma onda de indignação entre a comunidade estudantil, que considera a decisão desrespeitosa para as vítimas e para o ambiente académico. Os estudantes têm expressado as suas preocupações tanto nas redes sociais quanto em manifestações, exigindo respostas mais transparentes e uma posição mais firme do IPP.
A administração do IPP justificou a reintegração do professor com base em questões legais, afirmando que, sem uma condenação judicial definitiva, o docente não poderia ser afastado em caráter permanente. Segundo o IPP, o retorno obedece aos procedimentos normativos e visa garantir os direitos individuais do professor. No entanto, esta explicação não tem sido suficiente para aplacar a inquietação dos estudantes, que questionam a eficácia das políticas institucionais para assegurar um ambiente seguro e livre de assédio.
Vice-reitora acredita “que o Portal do Denunciante pode facilitar a denúncia pelo facto de permitir o anonimato”
A ET AL. entrevistou Catarina Fernando, vice-reitora da UMa. A universidade disponibilizou o Portal do Denunciante, um canal que permite realizar “denúncias relativas a Assédio e também as relativas a Infrações”, segundo a reitoria.
85 estudantes indicaram que já foram vítimas de algum tipo de assédio ou de violência na UMa
Para Patrícia Martins Marcos, uma das autoras do manifesto “Todas Sabemos”, o que foi notícias nos últimos dias “não é a
A Federação Académica do Porto (FAP) manifestou-se solidária com os estudantes do IPP, sublinhando que a segurança e o bem-estar da comunidade académica devem estar acima de quaisquer formalidades legais. A FAP defende que as instituições de ensino superior devem adotar medidas mais rigorosas e eficazes para combater o assédio, prevenindo que situações semelhantes prejudiquem o ambiente académico. Para a federação, o regresso do docente coloca em causa a confiança dos estudantes nas políticas institucionais de proteção e reforça a urgência de regulamentações mais claras e eficazes.
Este caso lança luz sobre o desafio que muitas instituições de ensino enfrentam ao tentar equilibrar os direitos individuais e o dever de garantir um ambiente saudável e inclusivo. O desfecho desta situação pode não apenas definir a resposta do IPP, mas também estabelecer um precedente sobre como as instituições de ensino superior devem abordar as denúncias de assédio e proteger a integridade e bem-estar da comunidade académica.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Keagan Henman.