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“Este mestrado era um desejo de realização académica e um desafio institucional”

A Universidade da Madeira aposta, neste ano letivo, em novos mestrados, aumentando a oferta formativa em três novos cursos nas áreas das ciências sociais, das artes plásticas e da educação. Entrevistámos Liliana Rodrigues, Diretora de Curso do mestrado em Educação e Desenvolvimento Comunitário, para conhecer um pouco deste novo curso de 2.º ciclo da UMa.
Liliana Rodrigues, Presidente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da Madeira e Diretora do mestrado em Educação e Desenvolvimento Comunitário.

A primeira parte desta entrevista pode ser consultada aqui.

Tratando-se de um curso novo na UMa, há parcerias estabelecidas?

Existem diversas parcerias estabelecidas pela UMa, através do Departamento de Ciências da Educação e do Centro de Investigação em Educação, com diversas entidades que nos facilitaram, à partida, o trabalho que será desenvolvido em instituições públicas e privadas, ONG, IPSS, ou em sede de movimentos sociais diversos (ambientais, feministas, de direitos humanos, etc.)

Está contemplada a abertura de uma opção de estágio curricular, numa empresa parceira?

Sim, mas não tem de ser forçosamente um estágio com uma empresa. No 2º ano curricular os estudantes podem optar por um estágio ou por elaborar uma dissertação. Terão numa cadeira denominada de Projeto de Intervenção Comunitária onde irão decidir o seu próprio caminho, ainda no segundo semestre do 1.º ano.

Numa primeira fase, os estudantes irão aprofundar e ampliar conhecimentos teóricos e metodológicos, irão refletir em grupo e em sessões coletivas sobre questões relevantes inerentes à educação e ao desenvolvimento comunitário e problematizar e fundamentar as análises críticas a projetos e investigações. Simultaneamente, em sessões tutoriais individuais, os mestrandos terão que adequar o rigor científico e metodológico à especificidade das temáticas individualmente selecionadas concebendo com segurança o projeto de intervenção comunitária que irão apresentar e discutir publicamente perante um júri designado para o efeito.

Pretende-se, igualmente nesta fase, a integração dos estudantes na comunidade científica de referência nestas áreas, não só pela sua participação no Seminário anual de Jovens Investigadores da UMa, que já vai na sua 5.ª edição, como no apoio, com verbas do centro de custos do curso, à participação em eventos académicos nacionais, a partir de candidaturas para o efeito.

Todo este processo de conceção de projetos educativos originais e significativos pressupõe elevadas competências e conhecimentos avançados no domínio da educação e de desenvolvimento comunitário.

Chegados ao 2.º ano, terão de apresentar um documento (relatório de desenvolvimento comunitário). Esta UC anual tem como objetivo a definição e execução do projeto de intervenção suportado em investigação, ou seja, um estágio, ajustando-o ao locus da pesquisa onde decorre a intervenção comunitária que é, também, produto das competências específicas, digitais, transversais e estratégicas adquiridas pelos estudantes sobre o impacto dos projetos de intervenção comunitária.

Serão desencadeados processos metodológicos de estágio adequados ao Relatório de Desenvolvimento Comunitário, particularmente de investigação-ação, que visam obter resultados, que trabalhados do ponto de vista comunicacional, irão contribuir para o desenvolvimento concreto de uma comunidade, grupo ou contexto. O Relatório de Desenvolvimento Comunitário será o culminar do Estágio e será apresentado e defendido em prova pública.

Se optarem pela dissertação, que é uma UC anual, irão realizar uma investigação autónoma. Neste sentido, o estudante deverá discutir os paradigmas contemporâneos na construção do conhecimento científico em Educação e Desenvolvimento Comunitário. O desenvolvimento do problema, das questões e dos objetivos da sua investigação, bem como a definição das técnicas de recolha e análise de dados serão o corpo teórico-prático desta UC. Terão de pesquisar, organizar e analisar informação científica necessária para o projeto de investigação, bem como preparar a defesa pública do projeto de investigação e intervenção comunitária.

O que a motivou a ser diretora deste mestrado?

Somos aquilo que fazemos. Este mestrado era um desejo de realização académica e um desafio institucional. É mais um contributo do departamento a que pertenço à região e ao mundo académico. Mas, como disse atrás, não o teria conseguido sem a ajuda de algumas pessoas e dos departamentos, diferentes do meu, que se disponibilizaram a participar neste projeto desde o primeiro momento que iniciámos a reflexão sobre “que novo contributo podemos dar à Região Autónoma da Madeira e ao País?”. Note-se que o Departamento de Ciências da Educação oferece duas licenciaturas, quatro mestrados e um doutoramento à comunidade.

Por outro lado, há rostos, marcados por personalidades, em tudo o que se faz. Sempre estive muito ligada à dimensão política da formação humana e, por outro lado, naturalmente presa à ideia da Filosofia como mãe da investigação científica e isso reflete-se no desenho final deste mestrado. Seria mais do que natural que, tendo sido a proponente deste mestrado, assumisse a sua direção.

Entrevista conduzida por Luís Ferro
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.

Nota dos editores: o título deste artigo é da responsabilidade do portal ET AL., sendo retirado de uma frase das entrevistas aqui reproduzidas. As entrevistas seguem a grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

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