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Uma oportunidade para a democracia

No dia 6 de outubro, toda a comunidade portuguesa foi chamada às urnas, com o intuito de eleger os seus representantes na Casa da Democracia, para os próximos 4 anos.

Com 21 partidos/coligações a concorrem aos cerca de 230 lugares disponíveis na Assembleia da República, e todos, aparentemente, preocupados com o aumento de participação no ato democrático, fiquei a aguardar com grande expectativa o efeito das diversas campanhas nos resultados eleitorais.

Foi sem grande surpresa que assistimos a 10 partidos/coligações conseguirem eleger deputados. Alguns deles, pela primeira vez, outros a terem derrotas históricas. Contudo, a maior derrota foi para a democracia, uma vez que o “partido da abstenção” voltou a ganhar as eleições, e com maioria absoluta.

Apurados os resultados, importa refletir sobre os mesmos, e trabalhar para os melhorar. Não no sentido do partido “A” ou “B”, mas sim na perspectiva da democracia. Aquilo que se verifica é um sistemático e constante afastamento dos cidadãos para com os veículos de participação formal que hoje existem. Chegam, inclusive, a atribuir grande responsabilidade à minha geração, no que diz respeito a este problema, ao dizerem que os jovens não querem saber, e que não participam.

Perdoem-me a ousadia, mas se há coisa com a qual não posso concordar, é precisamente com esta narrativa derrotista perante a minha geração. A minha geração quer saber, a minha geração quer participar, a minha geração quer fazer parte. Mas, em abono da verdade, isto não é um problema das novas ou das velhas gerações. É um problema intergeracional que afeta toda a sociedade portuguesa. Importa, por isso, desvendar os motivos que levam a este afastamento, sendo, na minha opinião, a ausência de soluções para os problemas das pessoas, o principal problema.

As pessoas não querem contribuir para algo do qual não sentem que fazem parte e que não lhes traz vantagem. A política se não serve para resolver os problemas da sociedade e melhorar a vida das pessoas, então não serve para coisa alguma. Continuamos com 20% de desemprego jovem, continuamos com falta de camas para estudantes do Ensino Superior, continuamos com graves problemas no acesso à saúde, e muitos outros problemas.

Temos agora quatro longos anos pela frente, com partidos ditos fora do sistema a conquistarem assento parlamentar, com um Governo mais livre, podendo fazer acordos pontuais para aprovar as suas posições políticas. Temos, verdadeiramente, uma oportunidade para melhorar a nossa democracia.

João Pedro Videira
Ex-Presidente da Federação Académica do Porto

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