Sob o lema «Património: onde o passado encontra o futuro», a União entrou em 2018 com a vontade expressa de realizar atividades em todos os Estados Membros, onde se promovesse o encontro entre gerações, o diálogo entre tradição e progresso, onde se projetasse a paz, a compreensão e o futuro com base na memória histórica deste nosso Velho Continente.
Poderemos projetar o Futuro sem conhecermos as nossas raízes? Sem reconhecer mérito ao nosso passado? Há todo um trabalho a realizar, junto das pessoas, junto dos cidadãos europeu. Preparar o futuro implica a manutenção do passado, dando-lhe continuidade e ajustando-o à mudança, à atualidade. Apenas quando sensibilizados e informados, conhecedores das nossas raízes teremos a clara
consciência de como cuidar do nosso património cultural. Cuidar do nosso legado é dar atenção, é não deixar ao abandono, é proteger e conservar, é manter o passado permitindo o tal encontro com o futuro.
É importante promover a diversidade cultural, o diálogo entre culturas e a coesão social, recordar o papel do património cultural nas relações internacionais, que desde há muito fomenta a prevenção de conflitos, a reconciliação entre povos, a manutenção da Paz em solo Europeu.
Precisamos saber dar a conhecer a todos os cidadãos, sobretudo aos mais jovens, a verdadeira importância económica e social do património cultural europeu. Não podemos cingir-nos apenas
à cultura do espetáculo, há um trabalho hercúleo de todos, em aliar Literatura, Música, História, ao rigor, defesa e respeito pelas Línguas, precisamos saber articular cada vez melhor Educação, à Formação, à Ciência e à Inovação sem anular as raízes e a História.
Por isso vejo como mais-valia a associação quer da Madeira, quer de Portugal Continental, como Estado Membro, às comemorações deste Ano Europeu do Património Cultural. Em 2018, celebramos 6 séculos do Arquipélago e esta é, sem dúvida, uma oportunidade de partilharmos a nossa História e relembramos o papel fundamental que a Região teve na expansão marítima e na afirmação de Portugal o Mundo e de promovermos uma Região Turística por Excelência.
O Património é uma das pedras preciosas da Europa, é preciso reconhecer o seu valor económico e social, mas é bom não esquecer e ter a consciência que nem tudo, pode e deve ser vendável.
Os dados indicam que mais de 300 000 pessoas trabalham direta e indiretamente neste setor em toda a União, são cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho relacionados com o património; no turismo, na construção, segurança, nos transportes.
O trabalho tem de ser conjunto para que se consiga aplicar ao Património, a tecnologia e a Inovação, a Digitalização ao serviço da Cultura. Urge envolver os jovens, cativá-los para que façam parte de uma geração mais formada, informada e defensora das suas raízes e do Património que, outras gerações, há muito, lutaram por edificar.
Quando a Política, a Economia e a Cultura, se articulam na defesa do bem comum, na procura da paz e do progresso; conhecer e respeitar o passado ajuda claramente a preparar melhor o futuro.
Cláudia Monteiro Aguiar
Eurodeputada