Perfil de um refugiado

Perfil de um refugiado

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“A única coisa que irá acontecer, caso ignoremos esta crise, será mais tragédias, serão mais imagens de crianças mortas nas praias. Está na altura de agir com humanidade e razão e fazer o que está certo.”

No Verão de 2015, a Europa presenciou o maior fluxo de refugiados desde a 2.ª Guerra Mundial Isto ocorreu essencialmente devido à guerra civil na Síria, que obrigou cerca de quatro milhões de sírios a saírem do país, numa tentativa de se salvarem e às suas famílias. A ONU e o Programa Alimentar Mundial não estavam preparados para uma crise de refugiados desta escala e, como resultado muitos abrigos ficaram sobrelotados, sem suplementos, submetendo as pessoas ao frio, à fome e ao contágio de doenças.

Ao perderem a esperança de que a situação melhorasse rapidamente, vários refugiados decidiram procurar asilo na Europa, colocando uma enorme pressão nos países-fronteira que já se encontravam instáveis social e economicamente. Muitos outros países recusaram-se a abrigar qualquer refugiado, aumentando a pressão e agravando a crise económica nos países-fronteira que acolheram os refugiados.

A maneira como a crise foi vista pelo Mundo mudou subitamente após a tragédia de 19 de Abril, na qual pereceram cerca de 900 pessoas, numa tentativa de chegar, por barco, à Europa a partir do Norte de África.

Os países europeus reuniram-se, então, para tentar chegarem a um acordo em relação ao acolhimento de refugiados provenientes de zonas de conflito e de guerra. De acordo com a distribuição de refugiados prevista pela União Europeia, a Alemanha, a França e a Espanha serão, então, os que mais refugiados acolherão. No caso de Portugal, prevê-se que receba cerca de 5000 refugiados.

A vinda desta quantidade de refugiados tem causado polémica, especialmente nas redes sociais, com o surgimento de grupos de pessoas que se opõem à medida, receando o aumento da criminalidade e o colapso dos sistemas sociais.

A verificar os indicadores sociais, dado que a maioria dos refugiados são pessoas com curso superior, é pouco provável que os refugiados contribuam fortemente para o aumento da criminalidade nacional. É mais provável que contribuam para um aumento de competição no mercado de trabalho nacional, o que, de certa forma, poderá levar a uma evolução no sistema económico do país.

Estes sentimentos quase xenófobos são perfeitamente naturais em momentos de migrações massivas, mas não se pode assumir que a opinião de certos grupos sociais representa, de facto, a opinião generalizada do país.

Num contexto europeu, a E.U., como conjunto de economias abastado, terá por certo capacidade de absorção desta crise de refugiados e Portugal estará simplesmente a contribuir para tal, conforme a sua capacidade. Do ponto de vista humanitário, é necessário compreender que estas pessoas estão a fugir da pressão gerada por certos grupos mais privilegiados nos seus países de origem, tal como aconteceu com milhões de portugueses ao longo de séculos.

A única coisa que irá acontecer caso ignoremos esta crise será mais tragédias, serão mais imagens de crianças mortas nas praias. Está na altura de agir com humanidade e razão e fazer o que está certo.

Ester Caldeira
Estudante da UMa