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Pela Zona Velha

Associação Académica realiza, no segundo Sábado de cada mês, visitas gratuitas a pontos históricos da cidade e abertas a todos os interessados.

Chamada Zona Velha do Funchal, a baixa da freguesia de Santa Maria Maior foi o primeiro aglomerado urbano da cidade. Esta é separada do resto da cidade pela Ribeira de Santa Maria, posteriormente de João Gomes em memória desse trovador madeirense dono de terras de sesmarias nas margens desse curso de água.

Eixo estruturante da primitiva urbe, a Rua de Santa Maria liga a Igreja de São Tiago Menor (conhecida como do Socorro) ao Largo do Poço (onde se encontrava a Igreja de Santa Maria do Calhau). A ela chamou Mateus Fernandes III Rua dos Caixeiros, pelas oficinas de carpintaria que fabricavam as caixas-de-açúcar para exportação dos derivados do Açúcar, e chamou ainda o Brigadeiro Oudinot Rua do Socorro, em virtude dessa evocação à Virgem que disputava a tutela da Igreja da Câmara do Funchal com São Tiago Menor.

A Sul, estende-se o Campo Almirante Reis, dedicado a um líder militar republicano (que se suicidou na véspera da Implantação da República) e que acolheu a muralha, o Forte de São Pedro e a Praça Académica, entre outros. Foi palco de competições desportivas entre tripulações de navios estrangeiros e nativos daquela zona da Cidade.

Nas casas das classes abastadas seguras dos lucros do açúcar, do vinho e de outras riquezas que por cá passavam, cruzando o Atlântico, as arrecadações dão, hoje, lugar às lojas, aos restaurantes e aos bares da Zona Velha.

Encontram-se ainda alguns pontos de culto religioso, que encerram em si histórias desejosas de serem contadas. À Rua da Boa Viagem, a Capela de Nossa Senhora do Monte da Oliveira fundada sob a invulgar evocação Virgem da Redenção e das Merces do Carmo. Quase ocultado por uma esplanada, o Passo Processional da Rua de Santa Maria relembra as grandiosas cerimónias da Paixão, com procissões que cruzavam a Cidade de lés-a-lés. Mais à frente temos uma capela dedicada a São Pedro Gonçalves, chamado São Telmo ou Corpo Santo. Corpo Santo é o nome dado à visão gloriosa deste patrono dos navegantes, que surgia de corpo inteiro numa labareda bem no topo dos mastros dos navios, protegendo-os das tormentas. A este fenómeno chamamos, por tal, fogo-de-Santelmo.

Um pouco por todo o lado, podem-se apreciar elementos arquitectónicos de interesse na construção insular de tempos idos. No rés-do-chão, o arejamento das casas é feito por pequenas janelas chamas óculos, com formas diversas, ao Largo do Corpo Santo e sobre o Ribeiro da Nora há fornos salientes que se debruçam para o exterior e, sobre as nossas cabeças, os telhados apresentam beirais simples, duplos ou triplos, com remates em concha, em pomba, em pináculo ou em cabeça de crianças, inspirando a protecção e fertilidade dos habitantes dos imóveis.

O Arquitecto Rui Campos Matos, um dos responsáveis pela obra de reabilitação do Colégio dos Jesuítas do Funchal para Reitoria da UMa, guiou no âmbito de ‘Um mês, um tema’ uma visita a Zona Velha. Outros pontos da cidade serão alvo de visitas até ao fim de 2015, todos os meses. Se quiser participar, inscreva-se nos balcões da AAUMa, nas lojas Gadeamus ou através da nossa página na Internet.

Carlos Diogo Pereira
Alumnus da UMa

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