Procurar
Close this search box.

Já foste…

Como que num hábito que nasceu connosco, a nossa vida virtual desperta o encanto e principalmente o espanto do que se consegue fazer com um simples computador e acesso à rede. De facto, são imensas as histórias que fazem manchetes de jornais e que estão associadas a episódios caricatos, que se transformam em verdadeiros fenómenos, e nem sempre pelos bons motivos.

Obviamente não faria sentido apresentar apenas casos que desvirtuam, de certa forma, a própria Internet, sem assumir os grandes benefícios que esta nos proporciona. Quão vulnerável é a nossa própria imagem numa sociedade como a actual. Podemos apresentar muitos episódios onde a vulgarmente chamada net lhes deu visibilidade a uma nova escala, até porque num mundo onde até com um simples telemóvel podemos gravar qualquer acto do nosso quotidiano, qualquer coisa, até a mais inesperada pode acabar por ser vista por milhões. A exemplo, um polícia argentino perdeu o seu emprego devido a um vídeo colocado no popular sítio Youtube, em que se apresentava fardado numa despedida de solteiro como striper, num episódio que não passava de uma mera brincadeira entre amigos. Da mesma forma, em território carioca uma professora do ensino básico foi constituída arguida pelo Ministério Público por ter surgido um vídeo na Internet em que dançava numa festa popular de uma forma demasiado sensual.

Segundo John Thompson, professor de Sociologia da Universidade de Cambridge “o mundo dos meios de comunicação elabora uma nova visibilidade mediada, tornando visíveis as acções e os acontecimentos cada vez mais difíceis de serem controlados”. Foi o que se verificou por terras lusas onde um dos últimos fenómenos foi protagonizado por um indivíduo que se auto-intitula Hélio Imaginário no qual este, basicamente, treina os seus dotes num skate, acabando por cair no final.

Mais do que o próprio vídeo, que já superou as duas milhões de visualizações, a frase “Puto, o medo é uma coisa que a mim não me assiste” ganhou uma surpreendente popularidade entre os portugueses a par da “Concentradíssimo, sócio.” de Paulo Futre.

A visibilidade do vídeo de Hélio ganhou tanta relevância que se tornou num chamado vídeo viral, nome dado aos vídeos que atingem um grande número de visualizações. O próprio autor chegou a afirmar estar arrependido por ter tornado o vídeo público, já que não tinha noção de que este viria a tornar-se no fenómeno em que se transformou. Imagine só, que se criou um remix com as frases do vídeo. A marca de vestuário Throttleman, na sua colecção Mundo Funny, apresenta estampada em alguns dos seus produtos a frase “Puto, o medo é uma cena que a mim não me assiste”.

É um facto estarmos numa sociedade com menos segredos. Já fomos filmados, já fomos vistos, e onde muitos comentários e repercussões surgem pelo nosso comportamento.

Sérgio Rodrigues

DESTAQUES