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Semana do Caruncho

Já está aí, pelas ruas do Funchal, mais uma semana académica, desta vez realizada pela recém-empossada direção da Associação Académica.

Dinâmica, criativa e original, são os termos que melhor definem esta maratona de ações culturais, recreativas e desportivas.

É de salientar, sem dúvida alguma, o facto dos organizadores terem apostado forte como nunca, caracterizando-se pela boa organização, empenho e dedicação dos intervenientes. Sendo novidade este ano, o alargamento para 5 dias de borga, (o que equivale à priori 5 noitadas e 5 ressacas), as exposições, o dia desportivo e o concerto de sábado à noite com os Xutos e Pontapés.

Também há que destacar o facto deste ano a semana académica ter sido organizada em conjunto com a comissão das Isaíadas, lembre-se que as Isaíadas são as jornadas anuais do ISAD.

Mas porquê Semana Académica?

Porque Semana Académica é o termo que melhor caracteriza a única semana que é de todos nós, repito de todos. E não se esqueçam que Semana do Caloiro é dos caloiros, semana dos professores é dos professores, semana política é dos políticos semana religiosa é dos religiosos, e semana académica é dos académicos, e quem são os académicos? Somos todos nós que fazemos parte da mesma academia. Portanto, em 365 dias, às vezes 366, apenas temos 5 dias inteiramente para nós, portanto vamos curtir como nunca.

Muitos devem estar a perguntar, mas porquê Semana do Caruncho? Quem terá sido o estúpido que teve tão brilhante ideia?

Mas a explicação é bem simples e convincente: quando se fala em tradição, fala-se na cultura de um povo, de uma nação, nas usas formas de pensar e de fazer as coisas, fala-se também em velho, em cultura religiosa e social, ou seja fala-se em quase tudo, menos no famoso e tão falado espírito académico/universitário na UMa. É incrível como uma expressão consegue ser tão famosa só pela sua quase inexistência.

Mas afinal, será que tradição é coisa de velhos, ou na realidade a tradição não se cria? Academicamente falando, a tradição não se cria, ela já nasce com os alunos, faz parte da sua cultura universitária, pode, no entanto, estar oculta em algum ficheiro dentro da sua consciência. Criar tradição: não, crias ideias: sim, são as ideias e os ideais que fazem a cultura e, consequentemente, a tradição. Não há tradição sem primeiro haver uma aceitação psíquica das situações. Eticamente, só se aplica na prática, tudo aquilo a que a nossa mente consegues discernir, compreender e aceitar. Identificando-se, deste modo, com esta ou aquela cultura.

Neste caso em particular, é desejo da direção da Associação Académica falar de tradição académica, quando se fala da semana do caruncho. O nome surgiu em forma de brincadeira. Ou seja, o caruncho é o aluno que ao longo do curso “Rói” os livros e cadernos, desgastados, quer seja pelo estudo ou pelo passear dos livros e cadernos, chegando ao fim do curso com o canudo numa mão e o título de Dr. na outra em abreviatura, claro.

Completa-se assim um ciclo académico, que terá de ser necessariamente regenerado, em prol, das gerações, por um novo descendente, que neste caso é o recém-chegado caloiro, cheio de forças e disposto a devorar pilhas e pilhas de livros. Mas o caloiro só pode obter o estatuto honrado de caruncho, com a chegada da semana académica e após ter roído (cortado) as fitas de um(a) dr.(a). Só a partir de então é que pode ser considerado um honrado Sr. Caruncho, até lá, não passa de um reles, desavergonhado e desprestigiado caloiro.

Orlando Vasco Oliveira
(Parenthesis) Informativo

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