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Liberdade

Uma Jornada de Determinação e Liberdade Artística

O Sr. Asai reside em Nara com as suas três filhas: a mais velha, Chizuru, que regressou à casa da família após o falecimento do marido; a do meio, Ayako, em idade de casar, mas sem pressa de deixar o pai; e a mais nova, Setsuko, a mais vivaz das três irmãs, que sonha em mudar-se para a capital. Esta última é muito próxima de Shôji, o jovem cunhado de Chizuru que reside num templo próximo da família Asai. Um dia, ele recebe a visita de um velho amigo, Amamiya, que lhe fala sobre Ayako. Setsuko está convencida de que Shôji ainda nutre sentimentos pela sua irmã e fará de tudo para forçar o destino…

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A Subversão Estética e Política

Duas jovens encantadoras chamadas Marie vivem uma série de emocionantes experiências, nas quais fazem de tudo para se divertir. Elas frequentam piscinas públicas, nightclubs, provocam os homens e causam estragos durante um banquete.

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Liberdade. Uma ilusão ou realidade?

“Eugénio, Joaquim e João são três jovens que, através de uma rádio clandestina, lutam pela liberdade e planeiam a revolução, invadindo as transmissões das rádios de Fortaleza e atacando a base constitutiva da sociedade burguesa e capitalista com poesia, música e provocações. Quando começam a incomodar os poderosos, as suas vidas passam a correr risco, ao mesmo tempo que surge uma bela e misteriosa ouvinte que deseja unir-se a eles e pode transformar os seus destinos.” Os irmãos Luiz e Ricardo Pretti, ao lado de Pedro Diogenes, já produziram longas-metragens promissoras e criativas como Estrada para Ythaca (2010) e Os Monstros (2011), todos realizados com a Alumbramento Filmes. Agora, chegam às salas de cinema a apresentar o trabalho Com os Punhos Cerrados, cuja temática dialoga o atual momento político do Brasil. O futuro do país depende dos jovens de hoje. Para isso, é preciso educá-los, dar-lhes liberdade para crescerem e poder serem melhores. Mas nem tudo o que parece é e os 3 protagonistas vivem numa sociedade capitalista e desumana. Enfrentam-na com poesia, música e outras provocações artísticas de maneira a acordar a população. Querem que ela seja mais livre, expressiva e diversa e não um rebanho com ideias homogéneas. Os três amigos utilizam as ondas de uma rádio pirata para exigirem a liberdade enquanto orquestram a revolução. Com os Punhos Cerrados é uma sugestão do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA, para sexta e sábado, 16 e 17 de setembro. O cliente NOS, portador do seu cartão, se acompanhado, tem direito a dois bilhetes pelo preço de um. Se for sozinho, ao comprar o seu bilhete de cinema, tem a oferta de um menu pequeno de pipocas e bebida. Vamos aproveitar estas vantagens com mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Bruno Carmelo, crítico cinematográfico, afirma que o filme “combina a arte combativa e a arte reflexiva, o político e o estético, o olhar ao futuro (a utopia) e o olhar ao passado (a nostalgia)”. Uma revolução que não vai querer perder. Confira isto e muito mais no portal do Screenings Funchal, e fique-se por uma visão mais realista do que aqui lhe contamos, através da antevisão. Alexandre Freitas ET AL. Com fotograma

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A Internacionalização contra o isolamento académico

“Hoje, 70% dos nossos professores estrangeiros, entre os quais franceses, americanos, alemães e ingleses, estão proibidos de entrar na Palestina ou de ter qualquer contacto com a Universidade de Birzeit.” Reproduzimos aqui, com autorização da Direção da Ensino Superior Revista do SNESup, sob pedido da ET AL., a terceira e última parte de um artigo publicado no seu número 76, relativamente às inseguranças e preocupações que a Universidade de Birzeit enfrenta, no que concerne à dignidade humana. Mas todas estas violações que acabamos de citar não são o maior perigo perante a nossa liberdade académica, podemos colocá-las em segundo lugar. Em primeiro lugar, encontramos outro tipo de violação da liberdade académica, que é a interdição da entrada de professores estrangeiros na Palestina. Desde os anos 70, a ocupação só tem visto a Universidade de Birzeit como uma ameaça à sua existência e sobrevivência. Porque simplesmente a entidade de Israel foi criada com base numa teoria que diz que não existe um povo palestiniano e que a população que aí vive não é mais do que uma minoria ignorante, um bando de pastores que não conhece nada da vida a não ser ordenhar vacas e ovelhas. Consequentemente, a luz que traz a Universidade de Birzeit e todas as universidades palestinianas é, sem dúvida, um perigo iminente que ameaça a existência da entidade de Israel. É por isso que a ocupação mobilizou todas as suas forças, os seus meios, recursos humanos e materiais para enfraquecer, se não mesmo erradicar esta universidade. Os professores e os quadros da universidade estavam conscientes e atentos a esta estratégia israelita e encontraram um meio para fazer face a estas políticas e práticas, que era internacionalizar a universidade. Internacionalizá-la no sentido académico quer dizer abri-la sem limites à cooperação universitária internacional, recrutando professores estrangeiros, criando parcerias com universidades de todo o mundo e reforçando ainda mais a visibilidade da primeira universidade palestiniana. Desde então, a universidade reforçou os seus laços um pouco por toda a Europa e Estados Unidos, mas sobretudo com a França. E em alguns anos, tornou-se um centro de atracção para professores e investigadores europeus e franceses, que encontraram ali uma atmosfera académica próspera, livre e muito aberta. OS PROFESSORES INTERNACIONAIS SÃO AS PRIMEIRAS TESTEMUNHAS DA BARBÁRIE ISRAELITA Mas muito rapidamente estes professores e investigadores começaram a sentir a injustiça em que vive o povo palestiniano, e a contestar a barbárie israelita e constituíram uma nova via de mediatização na Europa e na América, que desempenha um papel primordial, desmascarando os crimes da ocupação israelita contra o povo e as universidades palestinianas. Eles foram os portadores da realidade e os porta-vozes de Birzeit junto das suas universidades de origem, constituindo a ponte essencial que estabelecerá as parcerias e as convenções de cooperação entre Birzeit e as universidades francesas e europeias. Esta missão não é simples nem fácil e deve transpor um grande número de obstáculos: A indispensabilidade do pensamento de espírito solidário em relação ao povo palestiniano e em relação à universidade palestiniana. Sem este espírito, a universidade parceira apenas verá a universidade da Palestina como um parceiro, como os demais, o que vai pôr fim a esta cooperação antes mesmo de ela nascer. Alguns parceiros vão preferir estabelecer este género de parceria com universidades mais conhecidas e reputadas no Médio Oriente, na Turquia ou no Irão; outros irão insistir sobre o princípio da reciprocidade material, e outros, simplesmente, desistirão antes de começar a cooperação, porque têm medo do nome Palestina. Então, só aqueles que têm espírito de fraternidade e de solidariedade e sentimentos humanos continuarão com esta cooperação. A ambiguidade e a desinformação: muitas universidades do mundo estão pouco informadas ou mal informadas sobre a causa palestiniana, sobretudo face aos motores da propaganda israelita, sendo difícil tornar a realidade visível. Este factor é extremamente perigoso e desempenha um papel negativo contra as universidades palestinianas. A ocupação e as suas restrições sobre os académicos palestinianos e estrangeiros ligados à Universidade de Birzeit.   Os professores estrangeiros em Birzeit constituem uma boa percentagem do quadro de professores da universidade. Esta condição privilegiada alertou de forma muito perigosa a Entidade de Israel que rapidamente fez o máximo para nos retirar o direito de recrutar professores estrangeiros, mobilizando sempre as suas maldades atrozes para marginalizar as instituições académicas palestinianas. Foram, então, criadas restrições extremamente complicadas aos professores estrangeiros que trabalham na universidade de Birzeit, restrições que começam pelos vistos de curta duração (algumas semanas) e terminam com a deportação e interdição do acesso aos territórios palestinianos. Hoje, 70% dos nossos professores estrangeiros, entre os quais franceses, americanos, alemães e ingleses, estão proibidos de entrar na Palestina de ter qualquer contacto com a Universidade de Birzeit. Durante o ano académico de 2018/2019, os israelitas exilaram vários professores das universidades, e obrigaram mesmo as suas famílias a deixar os territórios palestinianos. Um destes professores, que trabalha na universidade há 40 anos, mas tem dupla nacionalidade francesa e americana, foi expulso à força com a sua família e proibido de jamais pôr os pés nos territórios palestinianos. Este acto bárbaro quase causou prejuízo a doze programas académicos na universidade e deixou centenas de estudantes sem professores. Esta política racista da entidade de Israel intensificou-se brutalmente em 2019, tendo sido ameaçados de exílio, doze professores estrangeiros, da universidade, com as suas famílias. Sete outros foram obrigados a deixar os territórios palestinianos definitivamente. Esta política coloca os professores estrangeiros numa situação de incerteza e de ambiguidade, tendo sempre o sentimento de que podem, a qualquer momento, ser obrigados a deixar o país. Durante os dois últimos anos, apenas quatro professores obtiveram os vistos para entrar nos territórios palestinianos, mas tratou-se de vistos turísticos, quer dizer, por duas semanas, com a condição de que passem pela ponte Allenby, ou seja, passem primeiro pela Jordânia em vez de chegarem directamente ao aeroporto nos territórios ocupados. E são obrigados a depositar como garantia uma caução de 30 mil euros, que será accionada se ultrapassarem a duração legal do visto. A SOLIDARIEDADE INTERUNIVERSITÁRIA, UMA ARMA

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A Academia sob ocupação: uma política de divisão e de fragmentação

Em meados dos anos 70, deu-se o nascimento da Universidade de Birzeit, a primeira universidade palestiniana reconhecida a nível internacional e membro da União das Universidades Árabes. Na realidade, a Universidade de Birzeit já existe desde 1924, ou seja, é mais antiga do que o estado da ocupação. Reproduzimos aqui, com autorização da Direção da Ensino Superior Revista do SNESup, sob pedido da ET AL., a segunda parte de um artigo publicado no seu número 76, relativamente às inseguranças e preocupações que as instituições de ensino enfrentam no que concerne à dignidade humana. Os desafios do ensino superior na Palestina são cada vez mais perigosos, designadamente com a nova concepção da juventude palestiniana em relação ao ensino superior, que hoje é considerado como uma fonte de esperança. Mas que esperança, num contexto em que professores e estudantes das universidades estão quase isolados do resto do mundo? Estão não apenas isolados do mundo inteiro, mas também privados de comunicação dentro do mesmo país por causa da política de divisão e fragmentação adoptada pela ocupação israelita. Desde os anos de 90, a ocupação adoptou uma estratégia de fragmentação geográfica das cidades e aldeias palestinianas, forçando um bloqueio feio e escandaloso na Faixa de Gaza e construindo aí o muro do apartheid, isolando Jerusalém das outras cidades palestinianas, e colocando postos de controlo em todos os lugares entre as cidades e aldeias nos territórios palestinianos. Desde a sua criação, a Universidade de Birzeit tem sido um alvo permanente dos ataques israelitas, com alunos e professores a sofrerem actos atrozes e agressivos onde quer que estejam. Ser-se descoberto, como professor ou aluno de Birzeit, é ver-se automaticamente convertido em alvo potencial, que deve ser perseguido e atacado ou detido. Em Outubro de 1974, o estado de ocupação decidiu exilar a primeira presidente da universidade, Dra. Hanna Naser, iniciando assim uma série interminável de exílios e prisões de estudantes e professores da Universidade de Birzeit. A UNIVERSIDADE DE BIRZEIT, ALVO PERMANENTE DA OCUPAÇÃO ISRAELITA Desde os anos 70, as forças de ocupação fecharam o campus da universidade uma dezena de vezes, mataram várias dezenas de estudantes e aprisionaram centenas de estudantes e professores. Com o seu arsenal e a sua inteligência, a ocupação tentou controlar a natureza dos cursos ministrados na universidade, quer pela intervenção directa e pela confiscação de materiais e de suportes pedagógicos e académicos, quer pela censura ao conteúdo dos cursos, proibindo o ensino de alguns deles e ameaçando os professores se eles interviessem em assuntos específicos que a ocupação considerasse ameaçadores. As faculdades de ciências exactas são objecto de ataques sistemáticos, de confiscações e destruição dos serviços e dos laboratórios. Os seus estudantes e professores são regularmente perseguidos e presos pelas forças de ocupação. Esta hostilidade não se limita às faculdades das ciências exactas, as ciências sociais e as ciências humanas não estão, também, isentas da barbárie israelita, mas a opressão a esse respeito atinge directamente a liberdade de pensamento e de opinião. Então os birzeitianos desenvolveram uma estratégia para evitar a tortura e a prisão: é a estratégia da invisibilidade, ou seja, simplesmente esconder qualquer indício que mostre que se trabalha ou se estuda em Birzeit, para não levantar suspeitas junto dos soldados nos postos de controlo. Durante o ano académico de 1981/1982, as forças de ocupação encerraram a Universidade de Birzeit durante sete meses, atacaram as residências dos estudantes e dos professores universitários e confiscaram a quase totalidade dos dossiês e dos registos da universidade. No decurso do mesmo ano, no segundo semestre, o encerramento deu-se por mais de três meses. Alguns meses mais tarde, a administração militar israelita tomou a medida número 854, que lhe dá o direito de controlar as instituições académicas palestinianas e decidir quem pode estudar, trabalhar ou ensinar ali. A Universidade de Birzeit recusou esta medida, para se ver encerrada de novo e, desta vez, durante todo um semestre universitário. Em 1983, as forças de ocupação impediram 43 professores de exercer a sua função, porque recusaram assinar uma carta contra a Resistência Palestiniana. Em 1984, o bloqueio durou três meses, tendo os professores e os estudantes instalado tendas à frente do campus para aí serem ministradas as aulas. Alguns meses mais tarde, a 1 de outubro de 1984, num ataque ao campus, foi morto o estudante Sharaf Al-Tyby, o primeiro mártir da Universidade de Birzeit, e foi bloqueado o campus durante mais de um mês. Em 1985, o bloqueio durou dois meses, mas desta vez teve um sabor especial, porque o motivo do encerramento não era académico, mas sim uma exposição de livros, que teve lugar no campus durante o mês de Março de 1985. Em 1987, as forças de ocupação encerraram a universidade por três vezes, num total de quatro meses. “Alguns meses mais tarde, a administração militar israelita tomou a medida número 854, que lhe dá o direito de controlar as instituições académicas palestinianas e decidir quem pode estudar, trabalhar ou ensinar ali.”   A oito de Janeiro de 1988, as forças de ocupação fecharam a maioria dos estabelecimentos escolares e universitários em toda a Palestina. Birzeit foi fechada por 51 meses, de 8 de janeiro de 1988 até 29 de abril de 1992. Durante este período, a universidade funcionou de maneira totalmente secreta: constituíram-se pequenos grupos que se encontravam às escondidas fora das instalações, num modo de organização extremamente complicado. Durante estes dois anos de bloqueio, as forças de ocupação não pararam as buscas e os ataques nocturnos, sobretudo nas residências dos estudantes de Birzeit, onde foram raptados uma dezena deles. Entre 1993 e 2000, não houve encerramentos muito longos da universidade, mas as violações israelitas não cessaram, sobretudo as prisões, a confiscação dos materiais e dos suportes pedagógicos, a destruição dos laboratórios e a prisão e assassinato dos estudantes universitários. Estas práticas continuam até hoje, mas há três anos, numa altura em que o mundo inteiro estava ocupado com a pandemia de COVID, a ocupação intensificou os seus ataques contra Birzeit, os seus professores e alunos. Vários estudantes e

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A liberdade académica, definição e preocupações

Nos últimos anos, a política israelita de restrição dos movimentos tem provocado destruição e medo na comunidade académica local. Numa atualidade, em que os ataques a instituições de ensino são quase que diariamente provocados por indivíduos em estados emocionais debilitantes, há uma outra parte do mundo que enfrenta as mesmas ofensivas, mas às mãos do próprio Estado. Em outras palavras, os estudantes escondem-se desse controlo militar israelita, para que o seu percurso académico e pessoal não seja deflagrado prematuramente. Reproduzimos aqui, com autorização da Direção da Ensino Superior Revista do SNESup, sob pedido da ET AL., a primeira parte de um artigo publicado no seu número 76 a respeito desse dilema. Em Dezembro de 2021, cinco estudantes que eram membros do conselho de estudantes da Universidade de Birzeit, foram raptados pelas forças da ocupação israelita, depois de atingidos por balas na sequência dum ataque ao interior do campus da universidade. O rapto causou o encerramento da universidade por quarenta dias consecutivos. Este acto bárbaro é só um episódio de uma muito longa série de violações israelitas contra as instituições académicas na Palestina, especialmente contra a Universidade de Birzeit, a primeira universidade palestiniana, portadora da tocha da liberdade e líder na luta contra a opressão do pensamento e da liberdade académica. Ao redigir a minha intervenção, hesitei bastante em introduzir uma definição para a liberdade académica, porque isso seria simplista e elementar perante os meus camaradas. Mas quanto mais reflicto sobre a noção da liberdade académica, comparando-a com o contexto da liberdade académica na Palestina, mais me vejo obrigado a redefinir a “liberdade académica na Palestina”, à luz do contexto em que vivem as universidades e os universitários palestinianos que esperam ter as mesmas preocupações que os seus homólogos no mundo. O povo palestiniano vive um contexto único, extremamente complexo e muito diferente dos outros países da região árabe. O nosso povo ainda não obteve a sua independência relativamente à ocupação israelita e ainda não tem soberania sobre os seus territórios. Os seus estabelecimentos universitários vivem sob ocupação plena, sujeitos a políticas repressivas e agressivas e a violações graves dos direitos individuais e colectivos do Homem e do povo, entre os quais, os cercos e o controlo nas pontes e nas fronteiras, o assassinato, as prisões e a invasão das cidades e de estabelecimentos académicos e universitários e a violação sistemática dos campi, assim como uma longa lista de violações dos direitos do homem com actos qualificados como crimes de guerra e mesmo crimes contra a humanidade. Segundo o pensamento de Humboldt do início do século XIX, a liberdade académica significa: a liberdade de aprender e de ensinar, a liberdade académica dá aos professores e aos meios académicos uma segurança e direitos específicos, graças aos seus esforços para seguir os conhecimentos e as realidades, a liberdade académica é incondicional. E quanto mais este direito parece simples e natural, incontestável, tanto mais ele se afigura aos olhos dos académicos palestinianos como uma burguesia e um sonho demasiado ambicioso, que nem sequer ousam esperar. Segundo esta definição, um professor ou um estudante universitário deve gozar livremente de um campus protegido, ver reconhecido e respeitado o seu estatuto na sociedade, e dispor de uma identidade que garanta protecção ao seu título de universitário. Os professores e os estudantes universitários não são, e não é suposto serem vistos ou considerados como elementos de ameaça política ou como um perigo sociopolítico. Infelizmente, nas universidades palestinianas estamos longe deste estado. Ser universitário na Palestina é um combate, é um sofrimento e é sobretudo um desafio identitário. Um desafio identitário, não no sentido metafórico, mas no sentido real da palavra. Os estudantes e os professores palestinianos, nomeadamente os de Birzeit, devem esconder a sua identidade académica à passagem por postos de controlo israelitas ou para evitar os ataques e as detenções nocturnas. Saïd Khalil Universidade de Birzeit, Palestina Tradução de Maria Teresa Nascimento Universidade da Madeira Com fotografia de Ash Hayes.

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A responsabilidade da escolha

“Todos usufruímos dessa liberdade e, por essa democracia conquistada, todos temos a responsabilidade de participar, de decidir, de dar a cara. Esse é o valor da democracia.” Num estudo do V-DEM Institute, da Universidade de Gothenburg, divulgado em março deste ano, Portugal surge com a 7.ª melhor democracia do mundo. Apresenta-se como um exemplo de evolução positiva quando se consideram as últimas décadas, mas peca pela fraca participação política dos cidadãos. Uma sondagem produzida para a Representação da Comissão Europeia em Portugal — Opinião pública na União Europeia demonstrou que houve uma quebra de confiança, por parte dos portugueses, nos partidos políticos e na satisfação com a democracia. Posição corroborada por vários outros estudos, que concluem que as instituições políticas são, definitivamente, aquelas em que é depositada menos confiança. É portanto fácil de questionar, perante os dados expostos, se a fraca participação política, o desinteresse da população e até a abstenção nos vários atos eleitorais não são senão espelho da falta de confiança dos portugueses nos partidos. Eu diria que sim! Mas o que tem falhado? E que preço se paga por viver em democracia? O 25 de Abril de 1974 deu azo ao nascimento da democracia depois de anos de ditadura e foi ela que nos deu a oportunidade de ter opinião, de votar de forma livre, de escolher quem nos governa. Hoje, dizem que Portugal vive uma crise de confiança política, mas, muitas vezes, esquecemos que todos estamos no mesmo barco. Que a democracia nos serve no auge, mas que também deve ser arma para os tempos mais difíceis. Todos usufruímos dessa liberdade e, por essa democracia conquistada, todos temos a responsabilidade de participar, de decidir, de dar a cara. Esse é o valor da democracia. A realidade que atravessamos, com a pandemia da COVID-19, deixou-nos nas mãos dos políticos que nos representam. Sem escolha, confiantes ou não, foi essa democracia que mostrou, uma vez mais, que as nossas decisões se refletem, sempre, no percurso da nossa Região e do nosso País. Um estudo recente, realizado pelo ICS e pelo ISCTE, revelou que 51% dos portugueses considera que as medidas tomadas, em resposta à pandemia, foram adequadas, mas outros 44% defendeu que eram necessárias outras mais restritivas. Gostava de saber a percentagem de votantes entre estes inquiridos, o que nos traria mais uma oportunidade de reflexão e mais uma forma de entendermos que não basta reivindicar. Hoje, o papel da política é, também, o de nos salvar a vida. O de impor para nos proteger, o de alterar a realidade para que ela surja melhor, mais tarde. Na nossa Região, a estratégia política resultou. Não se registaram óbitos e, em relação ao resto do território, têm sido menos as linhas de contágio ativas. Afirmo, até porque escrevo um artigo de opinião num tempo de liberdade, de que acertámos no líder e na audácia de quem nos governa. Mas, nas últimas eleições, ainda faltou votar quase 45% da população. Que as novas circunstâncias, a que nos estamos a adaptar e a que o nosso Governo está a responder, possa mudar a opinião das pessoas e fazer com que, pelo menos aqui, a política esteja mais apta a ter a confiança da população. Vera Duarte Alumnus da UMa

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Fuck you ability

O que pretendemos neste espaço é destrinçar situações do quotidiano académico, e não só, que possam atentar, prejudicar ou cercear a nossa liberdade.

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Há discursos que são para sempre…

Todas as pessoas têm um sonho (Martin Luther King), muitas acreditam que conseguem concretizá-lo (Barack Obama) e poucas os substituiriam por uma tarde com Sócrates (filósofo) (Steve Jobs). “Chegou o momento de construir”, dizia Mandela. Mas essa construção implica quebrar muitos muros, que mais não sejam espirituais, e cultivar nesse espaço (agora) libertado, numa mensagem de esperança e ordem. Atendendo à nossa realidade, podemos verificar que algumas pessoas ainda esperam por D. Sebastião, ou simplesmente anseiam por um Obama português. Será mais um pilar cimentado por utopia que visa suportar o nosso Quinto Império?! Um discurso é sustentado pelo momento, pelo contexto e pela inspiração. Fazer de um discurso histórico está intimamente ligado com o grau de identificação por parte do auditório, das emoções desencadeadas (Pathos), do carácter do orador (Ethos) e, sobretudo, do propósito e lógica da mensagem (Logos). O discurso ganha forma pelo estabelecimento de uma ponte entre o conhecimento e a experiência, procurando fazer chegar aquela realidade a todas as outras realidades que vivem de uma possibilidade. Contudo, se formos considerar a verdade como um ponto de vista, a transmissão de uma determinada tese é apenas uma visão que passa a ser apoiada por quem partilha crenças e desejos semelhantes. Não há nenhum discurso que seja inicialmente traçado para ser intemporal. Um discurso torna-se, com efeito, intemporal, quando dependente de reconhecimento e identificação por parte do auditório. Os grandes oradores da História recorreram às palavras enquanto matéria-prima, defendendo de forma vigorosa a sua mensagem e a credibilidade da mesma, expandindo os seus argumentos e semeando os seus propósitos. Muitas dessas teses tombaram ao primeiro agente erosivo, a opinião contrária, que colocou em xeque a validade das suas premissas, mostrando a vulnerabilidade do discurso como projecção do orador. Um dos mais importantes discursos a ser pronunciado e um dos mais paradigmáticos para o mundo moderno reporta-se ao Sermão da Montanha, de Jesus Cristo. Foi. Além de demarcar uma Era, assenta toda uma importância que ainda hoje confere intemporalidade ao Cristianismo. Este discurso definiu uma conduta que permanece na base moral do Ocidente. Mahatma Gandhi é outra voz que ecoa no tempo. “Há um poder misterioso indefinível que permeia tudo, sinto-o apesar de não o ver”, referindo-se à fé, que transcende a razão. Afinal de contas, um discurso só é eficaz se for reconhecido e provocar uma determinada reacção no seu auditório, que não o vê, mas o sente. A cultura do discurso é especialmente importante, não só a nível religioso mas também, por exemplo, a nível político. Motivar as pessoas com recurso à força que as palavras têm é fulcral para conseguir mudar algo independentemente das políticas específicas. Um discurso de sucesso é, acima de tudo, um fragmento da pessoa que o produz e que permanecerá imortal na nossa memória. … e para sempre é o tempo de quem os concebeu! Martim Santos

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