O investigador português Diogo Feleciano está a liderar um projeto pioneiro na área das doenças neurodegenerativas. Com a criação da empresa Booster Therapeutics em Berlim, o objetivo é reparar os mecanismos celulares que falham na reciclagem de proteínas. “Quando começamos a olhar para doenças que têm uma acumulação anormal de lixo, esta acumulação anormal pode estar relacionada com uma falha nessa limpeza”, afirmou ao Público. Este “lixo” refere-se a proteínas tóxicas que se acumulam, como observado na doença de Parkinson, onde as máquinas de reciclagem celular, os proteassomas, funcionam a meio-gás.
A abordagem desenvolvida pela Booster Therapeutics foca-se na reativação do proteassoma 20S, um componente-chave na reciclagem de proteínas nas células. “As nossas moléculas são desenhadas para reativar o proteassoma 20S, o que leva a uma redução de várias proteínas tóxicas e a uma proteção global em modelos de várias doenças”, explica Diogo Feleciano ao jornal. Este método representa uma alternativa às estratégias tradicionais, que muitas vezes tentam remover apenas uma proteína específica. Segundo o investigador, esta abordagem permite “remover todas de uma só vez e torná-las mais próximas dos níveis normais”.

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Desde a sua fundação em 2020, a empresa já arrecadou 15 milhões de euros em financiamento, principalmente através de investidores como a Apollo Health Ventures e a Novo Holdings. A plataforma Dgradx, desenvolvida pela empresa, utiliza inteligência artificial para identificar e criar moléculas capazes de estimular o proteassoma 20S. “Testamos centenas de milhares de moléculas para descobrir as tais que têm este efeito e, a partir daí, desenhamos e produzimos novas moléculas otimizadas”, detalha Diogo Feleciano ao Público, sublinhando o potencial deste processo em doenças como Alzheimer, Parkinson, diabetes e problemas hepáticos.
Embora ainda esteja numa fase inicial, os resultados obtidos até agora são promissores. A empresa espera iniciar ensaios clínicos nos próximos três anos. “Se tudo correr bem, podemos estar a menos de três anos de começar os ensaios clínicos. Essa é a nossa expectativa”, referiu Diogo Feleciano, que acredita no impacto significativo desta inovação no tratamento de doenças que desafiam a ciência há décadas.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Denis Tamas.