A Greenwich Students’ Union (GSU) tem um papel fundamental na vida académica da Universidade de Greenwich, uma instituição de ensino superior com uma longa tradição de inovação e inclusão. Fundada em 1890 como Woolwich Polytechnic, a universidade cresceu e consolidou-se como um dos principais polos de ensino e investigação do Reino Unido. Com campus situados em locais emblemáticos como o Old Royal Naval College, recebe estudantes de diversas origens, reforçando o seu compromisso com a diversidade e o acesso à educação. A GSU representa e apoia os estudantes, participando ativamente na revisão do currículo e na defesa dos seus interesses dentro da instituição.
No entanto, a GSU enfrenta desafios significativos, desde o impacto do financiamento do ensino superior à crise do custo de vida e ao bem-estar dos estudantes. A nível interno, encontra obstáculos na variação da recetividade dos membros do staff universitário às suas propostas. Ainda assim, mantém uma relação de cooperação com a liderança da universidade. A recente reunião com a ACADÉMICA DA MADEIRA permitiu uma troca de experiências e estratégias, promovendo um debate sobre os desafios comuns do ensino superior.
A ET AL. entrevistou Emma Pleasant, Head of Student Voice and Representation da Greenwich Students’ Union, instituição que está no topo das dez melhores estruturas estudantis do Reino Unido.
De que forma a Greenwich Students’ Union assegura que a voz dos estudantes é ouvida dentro da universidade e nas decisões estratégicas da instituição?
R: Temos a sorte de estar incluídos nos Termos de Referência de todos os conselhos universitários, pelo que os nossos representantes eleitos apresentam e participam em todos os níveis de governação. Isto resulta de uma boa parceria e de um entendimento mútuo sobre a importância da voz e do retorno dos estudantes. Além disso, oferecemo-nos para rever e adicionar comentários a todas as políticas à medida que são criadas e alteradas, garantindo assim a nossa participação na tomada de decisões estratégicas.
Quais são os principais desafios que enfrentam atualmente na defesa dos direitos dos estudantes, tanto a nível interno como em relação a políticas governamentais?
R: Internamente, o principal desafio prende-se com a consistência das ações do staff em toda a Universidade. Alguns membros do staff estão envolvidos e são recetivos, o que facilita a defesa dos nossos interesses, enquanto outros demonstram resistência, o que afeta o nosso sucesso. Com a crescente imposição de regulamentações mais rigorosas por parte de entidades financiadas pelo governo, como a Office for Students (OfS), torna-se estrategicamente crucial envolver as vozes dos estudantes, garantindo que essa mensagem chegue a todos os níveis do staff. No que diz respeito às políticas governamentais, temos de ser firmes na nossa comunicação, uma vez que os decisores políticos estão frequentemente ocupados, levando à despriorização das nossas agendas. Passamos muito tempo a tentar agendar reuniões e a acompanhar mensagens, o que pode dispersar as nossas energias. No entanto, verificámos que a ação coletiva, através da National Union of Students (NUS) e de parcerias com outras associações estudantis, tem sido mais eficaz.
Como descrevem a relação entre a GSU e a reitoria da University of Greenwich? Há colaboração efetiva ou existem barreiras na implementação das vossas propostas?
R: Mais uma vez, devido às prioridades estratégicas da Universidade, temos uma relação sólida com os líderes seniores. O Reitor, o Vice-Reitor e os Pró-Reitores reúnem-se regularmente com os nossos representantes eleitos e com o staff para discutir as prioridades dos estudantes e colaborar em ideias. Operamos segundo o princípio do “amigo crítico”, o que significa que desafiamos o pessoal, mas avisá-los antecipadamente por respeito, garantindo que a nossa abordagem não seja combativa. Um dos principais desafios que enfrentamos é capacitar os nossos representantes eleitos para agirem com rapidez e confiança. Devido à curta duração dos seus mandatos, pode levar algum tempo até que desenvolvam as competências necessárias para gerir as partes interessadas e desafiar de forma construtiva.
Quais são as vossas prioridades para os próximos anos, tanto no apoio direto aos estudantes como no fortalecimento da vossa posição dentro da universidade e na política educacional?
R: As nossas principais prioridades são integrar os nossos processos nas operações do dia a dia da Universidade, incluindo a revisão contínua do currículo e da avaliação que a instituição está a levar a cabo. Queremos incorporar as competências e o desenvolvimento profissional que os estudantes adquirem através do envolvimento connosco em formas de aprendizagem e ensino. Estamos numa posição privilegiada para ter estas conversas graças ao trabalho sólido desenvolvido ao longo dos anos, destacando o nosso impacto e realizando investigação aprofundada sobre métricas essenciais para a Universidade.
Ricardo Freitas Bonifácio
ET AL.
Com fotografia de Fas Khan.