A certa altura, um filho de imigrantes portugueses que vivia nas zonas periféricas de Lausana deparou-se com um pássaro ferido no jardim da sua casa, ao que teve de o levar a um centro de recuperação. Enquanto isso, pensava e investigava a sua espécie, assim como os seus comportamentos. Tornou-o mais alerta e ativo à variedade de espécies de pássaros, assim como à sua maneira de ser. Ou seja, percebe que o mundo em que vivemos é uma ciência sem fim, e que está sempre por descobrir.
Essa criança, Sérgio Costa cresceu para se tornar num dos dois realizadores ligados a essa memória de infância, adaptada agora para uma obra cinematográfica. Ilha dos Pássaros (2020), produzida por Sérgio Costa e por Maya Kosa passou por diversas competições de cinema carimbando o seu valor e encanto pelos mais prestigiados festivais: em Locarno, em 2019, na Competição Internacional do IndieLisboa, em 2020, e também no Marseille International Film Festival.
Ilha dos Pássaros é a sugestão do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA, para sexta e sábado, 26 e 27 de agosto. O cliente NOS, portador do seu cartão, se acompanhado, tem 2 bilhetes pelo preço de 1. Se for sozinho, ao comprar 1 bilhete de cinema, tem a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona.
“Um misto de “documentário zoológico” e retrato ficcional, passado num santuário de aves em Genebra. Com influência de Bresson, o enquadramento rectangular, a voz off do jovem Antonin pairando sob aquele “local sagrado”, mas também o argumento ecológico e uma observação minuciosa, tudo faz parte desta ilha mágica que nos cativa o olhar.”
Esta obra sublinha a importância de se celebrar o abstracionismo da natureza, sendo um filme capaz de despertar a atenção dos verdadeiros ativistas e admiradores do nosso mundo. Os efeitos especiais que se encontram presentes coincidem com a pureza dos seres vivos e dos ecossistemas.
“Em “Ilha dos Pássaros” somos confinados – no bom sentido da palavra – num mundo de aves selvagens. Será um santuário? Um local de isolamento? Um paraíso?”
Para os que vão acompanhar o filme, os autores transportam o espetador aos arredores de Genebra, numa clínica veterinária ornitológica. Aí, os animais descansam, recuperam e reencontram-se. Esta terapia de encontro espiritual só se deve ao ser humano que lhes providencia alimento, bem-estar e mecanismos que permitem essas metas – uma autêntica relação de simbiose. A obra desenvolve esta relação entre homem e animal, que estão num mesmo patamar, o de dependência mística e filosófica.
Há uma evolução na memória da infância dos dois realizadores, para algo mais maduro e, por conseguinte, um tanto reconhecível e influenciável. Segundo os dois autores, a mensagem da obra possui um caráter vasto e de múltiplo, linguisticamente falando. Até certo ponto, o espetador se encontra na realidade de que se deve salvar, privilegiar e alcançar o meio selvagem, tornando-o devidamente habitável. Encarna um verdadeiro retrato, daquilo que deveria ser a realidade atual para o ser humano – o vislumbre e admiração pela natureza e pelos seus microuniversos.
Confira isto e muito mais no portal do Screenings Funchal, e fique-se pela antevisão que lhes disponibilizamos.
Luís Ferro
ET AL.
Com imagem do fotograma da película realizada por Maya Kosa e Sérgio da Costa.