Entre brincadeiras dentro e fora de casa, como foi a tua infância? Ao falar com alguns dos estudantes da UMa, lançámos o desafio de nos responderem se preferiam esfolar os joelhos ou terem calos nos dedos, sendo os calos alusão ao uso de brinquedos tecnológicos desde pequenos.
A maior parte dos estudantes teve uma infância passada a brincar em parques infantis e nos seus jardins. Poucos foram fechados em casa, por os pais os quererem proteger dos perigos da rua.
Questionados sobre o acesso das crianças a tecnologias, quando comparada à sua própria infância, os entrevistados prontamente indicaram benefícios a ambos os tipos de educação. Brincar em jardins e em parques foi apontado como forma de estimular o sistema imunitário, de promover a actividade física e de desenvolver a criatividade, em contrapartida os brinquedos tecnológicos permitem maiores estimulação mental, aprendizagem e adaptação ao mundo tecnológico.
No verso da medalha, apontaram como fonte dos malefícios, em ambos os casos, a desatenção dos pais. Se o único problema identificado na falta de vigilância nos jardins foi a criança poder magoar-se, a ausência de limitação paterna no uso da tecnologia foi tida como origem de dependência excessiva da tecnologia e o acesso não controlado à Internet como ponto de partida à exposição à violência, ao abuso sexual, entre outros.
Para os estudantes da UMa os seus hábitos em criança influenciaram sua personalidade. Os que passaram a maior parte da infância em casa apontam-no como causa da dificuldade em se relacionarem com as pessoas, bem como de terem algumas dificuldades em se adaptarem socialmente ao mundo que os rodeia. Os que tiveram oportunidade de serem activos em pequenos, disseram que isso estimulou-os para a prática de uma actividade física, que os fez pessoas mais sociáveis e com espírito de aventura.
Durante a discussão, surgiu várias vezes o tópico dos pais terem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, visto que assumem a responsabilidade de garantirem que os filhos tenham acesso às novas tecnologias, mas também a momentos que estimulem a actividade física.
Um dos problemas da sociedade moderna é a falta de tempo para a família, o que faz com que os pais acabem por tentar compensar a descendência com jogos virtuais e tempo dedicado à televisão, por exemplo. Isto reflete-se nos hábitos sedentários, que as crianças vão adquirindo e que influenciam a sua saúde, bem como a sua personalidade.
No mundo globalizado em que vivemos, as pessoas encontram-se ligadas virtualmente, mas desligadas umas das outras no toque, no contacto presencial e, por vezes, na voz. Estes ficam esquecidos e perdem-se na utilização abusiva das tecnologias.
Reconhecemos haverem jovens que façam das redes sociais as suas vidas e fiquem tão dependentes destas que deixam de estar, em parte, aptos a sobreviverem na realidade diária. Mas apesar de todas estas condicionantes a decisão é exclusiva de cada um, por isso põe-se a questão: E tu, preferes esfolar os joelhos ou ter calos nos dedos?
Ester Caldeira
Estudante da UMa