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Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Desde a sua criação na ilha da Madeira, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves tem contado com a preciosa ajuda de voluntários e estagiários. Estes jovens, muitas vezes oriundos de diversos países da Europa, oferecem a sua colaboração à nossa associação permitindo a continuação dos nossos projetos e ações de educação ambiental. A sua grande maioria chega através do Serviço Voluntário Europeu, incluído no Programa Juventude em Ação/Erasmus+, e que apoia a sua estadia através de uma bolsa que cobre os seus custos de transporte, alojamento, alimentação e despesas pessoais, providenciando ainda um curso linguístico. Através deste tipo de educação não formal, existe a liberdade do jovem criar e desenvolver o seu próprio projeto, enquanto disfruta da experiência laboral internacional – uma mais-valia para o seu currículo profissional e pessoal – não estivéssemos nós num dos hotspots de biodiversidade do planeta, rico em paisagens, entrecortadas por levadas e veredas e recheadas de espécies únicas no mundo. De acordo com os nossos voluntários, “Fazer o voluntariado na Madeira não tem preço. Poder tomar o pequeno-almoço todos os dias olhando o oceano Atlântico, percorrer as ruelas da Zona Velha, passar as tardes no cais do forte de São João, enquanto contribuo para a conservação da natureza é, de facto, uma oportunidade única”. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Atenção à tua tensão arterial!

A hipertensão está envolvida em pelo menos 45% das mortes resultantes de doenças cardíacas e 51% das doenças cerebrovasculares. Os alunos do ensino superior da RAM foram alvo de um projeto de promoção de estilos de vida saudáveis. Através de estudo descritivo, em 2013, diagnosticou-se vários domínios dos estilos de vida, entre estes a vigilância da saúde, especificamente o controlo da tensão arterial. Identificou-se que 50,4% dos estudantes, nunca ou raramente controlam a tensão arterial e 28,2 % controlam algumas vezes. A OMS (2013) considerou a monitorização da tensão arterial como um fator importante para a manutenção da saúde, dado que, a nível mundial, as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 17 milhões de mortes por ano, ou seja quase 1/3 dos óbitos a nível global, sendo a hipertensão responsável por 9.4 milhões destes falecimentos. A hipertensão está envolvida em pelo menos 45% das mortes resultantes de doenças cardíacas e 51% das doenças cerebrovasculares. A deteção e o tratamento precoce da hipertensão, bem como outros fatores de risco, diminuem a taxa de mortalidade das doenças cerebrovasculares. De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva “na atual conjuntura mais que 1 em cada 10 jovens sub-20 está a ter hipertensão arterial” Em novembro de 2015, decorreu, na UMa e no ISAL, um projeto de intervenção em saúde, concretizado num evento “Investe na tua saúde”. Contou com várias estratégias e atividades, designadamente, feira da saúde, conferências temáticas, conversas informais entre estudantes e peritos da área da saúde e uma caminhada. Enfatizamos a atividade de rastreio da tensão arterial, com o objetivo de sensibilização para a importância da vigilância da tensão arterial e alertar para os valores normais. Após a intervenção avaliou-se novamente os estilos de vida dos estudantes intervencionados e apuramos que os que nunca ou raramente controlam a tensão arterial declinou para 39,1% e os que controlam algumas vezes aumentou para 30,6%. A OMS padronizou que a pressão arterial ideal em adultos deve ser inferior a 120 mm de sistólica (máx.) e 80 mm de diastólica (mín.).Acima destes valores acresce o risco de doença coronária ou acidente vascular cerebral e outros graves problemas vasculares. O aparecimento de hipertensão arterial surge na sequência de um conjunto fatores, como comportamentos e estilos de vida errados, os quais, se retificados, poderão prevenir ou atrasar não só o aparecimento de hipertensão como também das suas complicações. Assim, a adoção de estilos de vida saudáveis duradouros constitui um componente indispensável. Por conseguinte, sugere-se: · Reduzir o peso em indivíduos obesos, idealmente para valores de índice massa corporal de 18.5 a 24.9 Kg/m2 · Adotar uma dieta rica em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas · Reduzir a ingestão de sal · Praticar atividade física, como exercício aeróbio (caminhar 30 min/dia, 5 a 7 dias/semana) · Consumir moderadamente álcool, com um máximo 30 ml etanol/dia nos homens e 15 ml/dia para as mulheres · Cessar hábitos tabágicos · Controlar regularmente a tensão arterial. Atenção à tensão arterial! A hipertensão arterial não se sente, mede-se! ASSIM, mede e controla a tua pressão arterial regularmente sendo recomendado em adultos saudáveis, pelo menos uma vez por ano. Otília Freitas Equipa PEVs 2012-2016

Adoção responsável

A adoção de um animal de estimação deve ser uma decisão muito bem ponderada. Antes de adotar, informe-se dos cuidados de que cada espécie necessita. A primeira decisão a tomar é se quer adotar um gato ou um cão de pequeno, de médio ou de grande porte, consoante a sua disponibilidade de tempo e espaço e tendo em conta, os custos de alimentação e dos cuidados primários de saúde. Os cuidados a ter são uma alimentação nutritiva e equilibrada, ter sempre água limpa à disposição, exercício diário adequado às características do animal, cuidados de saúde primários e continuados, em caso de doença, e uma apropriada educação comportamental. A primovacinação deve ser iniciada às oito semanas de idade e consiste em três vacinas contra as principais viroses, separadas por 3-4 semanas. Os animais têm de ser, obrigatoriamente, identificados com microchip e vacinados contra a raiva. Aqui na Madeira, recomenda-se também a prevenção da Dirofilaria. A desparasitação interna e externa são recomendadas regularmente. Quando o seu animal atingir os seis meses de idade, recomenda-se a esterilização ou a castração, prevenindo alguns problemas de saúde e comportamentos indesejáveis dos animais. A partir do momento em que adota um animal, ele passa a ser da sua responsabilidade e, deve ter a noção, de que está a aceitar um compromisso a longo prazo e há que cumprir essa responsabilidade durante toda a vida do animal, não rejeitando os eventuais sacrifícios que tal exija. Nunca abandone o seu animal de estimação!!! SPAD-Funchal

A “Energia Fantasma”

Já imaginaste a tua vida sem energia eléctrica? Pois é! Seria um verdadeiro apagão! A energia eléctrica é, sem dúvida, um serviço de que já não podemos prescindir, por fazer parte das nossas rotinas diárias, em casa, nos estabelecimentos de ensino, no local de trabalho e nas demais actividades que desenvolvemos, enquanto membros activos de uma sociedade de consumo moderna. É tão “normal” na nossa vida que, por vezes, não lhe damos a devida importância, em especial, àquela energia que, embora passe despercebida, existe e está a ser consumida. Atento a esta realidade, o Serviço de Defesa do Consumidor da Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais, associou-se à Campanha Informativa denominada “Energia Fantasma” promovida pela DECO, para alertar os consumidores de nossa região, para a energia que está a ser consumida sem nos apercebermos. Esta campanha, que será dinamizada pelos técnicos do SDC junto da população em geral, com especial incidência nas escolas, casas do povo, centros comunitários, lares de idosos,… visa sensibilizar os consumidores da nossa região, para a necessidade de se alterar comportamentos de consumo do serviço de energia eléctrica, considerado, por lei, essencial. O facto de os jovens serem importantes agentes multiplicadores de informação, e as pessoas mais velhas e socialmente menos activas mais vulneráveis no acesso à informação, leva a que sejam o público privilegiado desta campanha. A adopção de comportamentos de consumo energético responsáveis será determinante no futuro, quer em termos económicos (reduzindo o valor da factura da electricidade) quer em termos ambientais (diminuindo os impactos negativos que o consumo provoca no planeta). Mas, o que é afinal a “Energia Fantasma”? A expressão refere-se, directamente, aos desperdícios de energia eléctrica relacionados com os consumos em stand-by e off-mode, ou seja, os consumos de energia “escondidos” nos vários equipamentos eléctricos existentes nas nossas casas, locais de trabalho,… que, mesmo estando “desligados no botão”, continuam a consumir energia, ou porque se mantém a “luz de presença” (stand by) ou porque continuam ligados à tomada/ficha (off mode). Verás que, com pequenos gestos, é possível reduzir o consumo de electricidade e, por conseguinte, a factura e o impacto no meio ambiente. Dicas para “caçarmos” os fantasmas da energia: · Desliga as luzes desnecessárias, em especial, quando a luz natural é suficiente; · Opta por lâmpadas eficientes (LED); · Desliga, directamente da tomada, os equipamentos que não estão a ser utilizados, como por exemplo, o carregador do telemóvel, a televisão, o computador. Em stand by (com luz de presença) ou off mode (ligados na tomada) continuam a consumir energia; · Usa roupa adequada às estações do ano, para evitar o uso de equipamentos de climatização; · Adequa as temperaturas do frigorífico (entre 3 ºC e 5 ºC) e congelador (-8 ºC) e evita abrir a porta muitas vezes e durante muito tempo; · Utiliza a máquina de lavar roupa/loiça com a carga máxima; · Consulta sempre a etiqueta energética. Os equipamentos com classe A+++ são os energeticamente mais eficientes. Podem ser mais caros, mas, como consomem menos, ficam mais baratos ao longo do tempo. Podes encontrar a etiqueta energética nas lâmpadas, máquinas de lavar/secar roupa e de lavar loiça, frigoríficos, combinados e arcas, equipamentos de ar condicionado, fornos eléctricos, televisores, aspiradores. Nos computadores, encontras a etiqueta Enery Star ou o Rótulo Ecológico Europeu. Vamos todos expulsar a energia fantasma e contribuir para a poupança de energia eléctrica, dinheiro e para a preservação do nosso Planeta.

Março… mês da Floresta!

“Ao celebrar o Dia Internacional das Florestas, é relembrar a importância deste ecossistema para todos, que de modo algum podemos esquecer, numa época em que a valorização da Natureza, por vezes é ignorada…!” No calendário anual de atividades de sensibilização florestal da Direção Regional de Florestas e Conservação da Natureza, existe, no primeiro trimestre de cada ano, um mês que se destaca pela sua importância… o de março, por ser, por excelência, o mês da Floresta. Em março são assinaladas diversas datas comemorativas muito importantes para a Floresta da Madeira: a 8, o Dia do Corpo de Polícia Florestal da RAM; a 21, o Dia Internacional das Florestas; e a 22, o Dia Mundial da Água. Apesar de todo o ano serem realizadas muitas atividades relacionadas com estas temáticas, em março é promovida uma campanha temática alusiva à comemoração destas datas que se interrelacionam. Quase que se confundem porque, na Madeira, como em todo o Mundo, a água é um elemento da natureza determinante da sobrevivência da espécie humana (elemento da natureza e da floresta). Além disso, na Madeira, o percurso ou a rota da água faz parte da dinâmica da Floresta. A existência da Polícia Florestal quase se confunde com a história da Madeira, pois a relação entre o Homem e a Floresta é muito próxima. Celebrar a Floresta, no dia 21 de março, é celebrar também a sobrevivência do Homem neste pequeno ponto do planeta Terra, na região Macaronésica, no meio do oceano Atlântico… no arquipélago da Madeira! Celebrar o Mês da Floresta, em particular o Dia Internacional das Florestas, é relembrar a importância deste ecossistema para todos nós. Numa época essencialmente tecnológica, a valorização da Natureza e da Floresta é, por vezes, ignorada! Será que só devemos celebrar a FLORESTA neste mês? Como outras causas ambientais, deve ser debatida, recordada, celebrada todos os dias. É um trabalho permanente, contínuo, sem dias de descanso, fins de semana ou feriados… É um trabalho voluntário e contínuo! Recorde-se que pelos seus os objectivos, a celebração da Floresta iniciou-se na década de 70 do século XIX, em plena revolução industrial, simbolizada pela proteção das árvores. Ao longo dos tempos houve a necessidade de, explicitamente, proteger a FLORESTA e as FLORESTAS do nosso Planeta, da Nossa Casa – HOME. Por este facto, em 2013, a data 21 de março passou a designar-se DIA INTERNACIONAL DAS FLORESTAS. Celebrar é fundamental mas como fazê-lo? Um dos objetivos resultantes do Ano Internacional das Florestas (2011) é a aproximação das pessoas à Floresta (Floresta para Todos) para tal é necessário organizar um conjunto de atividades diversas como palestras, ateliers, oficinas, percursos interpretativos em áreas naturais florestais, percursos pedestres, exposições, atividades lúdico-culturais, destinadas a diversos públicos-alvo: comunidade escolar, comunidade em geral, incluindo crianças, jovens, adultos, adultos séniores e famílias – com temas diversificados mas com algo comum: alertar, sensibilizar, educar, valorizar, compreender a dinâmica… da FLORESTA, um bem essencial para Todos. Celebre a Floresta da Madeira…!

Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais

Criado em 2007 por proposta do antigo Departamento de Estudos Romanísticos da Universidade da Madeira, com aprovação em Senado datada de 25 de Julho de 2007, o UMa-CIERL (Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais da Universidade da Madeira) é um centro de estudos multidisciplinar, hoje integrado na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, com sede no Campus Universitário da Penteada (Gabinete 1.75, 1.º piso). Constituído por investigadores associados à UMa, mas também a diversas outras instituições académicas nacionais e estrangeiras, o UMa-CIERL definiu como prioritárias, no âmbito dos Estudos Regionais e Locais, as seguintes áreas de investigação: · Estudos Artísticos · Estudos de Cultura · Estudos Linguísticos · Estudos Literários · Estudos Políticos · Estudos de Turismo (em preparação). · História e Estudos de Memória · Psicologia O trabalho científico desenvolvido pelos seus investigadores encontra-se integrado em várias linhas de investigação ou, sob a forma de projetos autónomos, constitui trabalho de investigação individual ou de equipa: Linhas de Investigação: · Arte e Design no Espaço Público. · Cultural Mobility & Transfer in Island Contexts – Case studies [Mobilidade e Transferência Cultural em Contextos Insulars – Estudos de caso]. · Imagem e Território: Iconografia da Ilha da Madeira: – A Paisagem Madeirense: a Natureza e a sua Representação na Pintura e na Fotografia; – Da Construção de um Olhar Endémico. Artistas Insulares e a Noção de Lugar. Projectos: · Arpofama-CIERL. Arquivo do Português Falado no Arquipélago da Madeira do CIERL. · Capacitação de Alunos na RAM. · Carta da Convivialidade Escolar. · DMDM (Des)Memória de desastre? Cultura e perigos naturais. Madeira, um caso de estudo (parceria UCP-CECC/UMa-CIERL; 2012-2014 ; http://dmdm.uma.pt/). · HumanCultTransform. Climate Change, Human Development & Cultural Citizenship Transformation (parceria UMa-CIERL/UCP-CECC e outros em negociação; 2014-2020). · Núcleo da Família e Aconselhamento Parental. · ICPA. Investigação Científica em Psicologia Anomalística (financiamento pela Fundação BIAL). · Tratuário. Percursos para a História da Cultura Madeirense (apoio da SRE, parceria UMa-CIERL/AAUMa-IA; 2014-2020). O UMa-CIERL promove ainda a publicação dos seguintes projectos editoriais: · Boletim do UMa-CIERL · Colecção Tratuário · Pensardiverso. Revista de Estudos Lusófonos da Universidade da Madeira · Colecção Life, Memory and Culture Em 2015, o UMa-CIERL deu início à organização da série de Colóquios Internacionais INSULA, encontros que terão uma regularidade anual e serão subordinados a temáticas específicas, propostas pelos seus investigadores: · 2015 I Colóquio Internacional INSULA. Discursos Periféricos da(s) Modernidade(s) – 19 a 21 de Novembro de 2015; · 2016. II Colóquio Internacional INSULA. A Grande Guerra e os Espaços Insulares – 1 a 3 de Dezembro de 2016; · 2017. III Colóquio Internacional INSULA. Beyond Nature & Artifice + III Island Cities & Urban Archipelagos International Conference – 8 a 12 de Novembro de 2017. Integrado na Universidade da Madeira, o UMa-CIERL assume ainda um papel formativo, sobretudo orientado para a formação contínua e actualização científica, promovendo cursos, seminários e workshops complementares à oferta formativa da Faculdade de Artes e Humanidades e ao trabalho de investigação desenvolvido pelos seus investigadores. Neste sentido, o UMa-CIERL criou dois programas de formação: · Cursos Livres e de Pós-Graduação, Seminários e Workshops. Programa de formação contínua do UMa-CIERL · Life & Culture – Interdisciplinary Open Courses Programme

Toponímia do Funchal: Largo do Corpo Santo

Foi a Capela com a invocação do Corpo Santo que deu nome ao largo que lhe fica fronteiro e, em tempos mais remotos, àquela área urbana. O largo do Corpo Santo é, nos dias de hoje, lugar movimentado do Núcleo Histórico de Santa Maria, rodeado de bares e restaurantes bastante frequentados. A nomenclatura oficial situa-o na Zona Velha do Funchal, classificação, na verdade, pouco rigorosa do ponto de vista da História, por erroneamente sugerir exclusividade, em termos de antiguidade, a esta área, no processo de formação urbana. No século XV, este sítio era conhecido por cabo do Calhau, cabo aqui no sentido de extremidade ou parte final, ou seja, o extremo oriental do povoado de Santa Maria do Calhau. Com esta denominação surge, por exemplo, num acórdão camarário de 4 de março de 1486. No ano de 1497, aparece-nos a primeira referência histórica ao Corpo Santo na documentação do município do Funchal. Em 1505, numa carta de sesmaria dada pelo capitão Simão Gonçalves da Câmara ao concelho do Funchal, reafirma-se o Corpo Santo como topónimo, na alusão a limites: do “calhau de São Lázaro até o Corpo Santo”. Foi a Capela com a invocação do Corpo Santo que deu nome ao largo que lhe fica fronteiro e, em tempos mais remotos, àquela área urbana. Já não é a capela primitiva, mas um edifício do século XVI que conserva a sua traça arquitetónica. O Corpo Santo é São Pedro Gonçalves Telmo. Natural de Palência, Espanha, nasceu nos finais do século XII, cerca de 1190, e faleceu em Tui, no dia 14 de abril de 1246. Na costa ocidental da Península Ibérica era grande a devoção a São Telmo, associada a Pedro Gonçalves, provavelmente na sequência da tradição mediterrânica do culto a Sant’Ermo ou Sant’Elmo, um mártir cristão, patrono dos marinheiros. Entre as gentes do mar, nasceu a designação de fogo-de-santelmo para a descarga elétrica luminosa na atmosfera, geralmente em ocasiões de forte trovoada, que era interpretada como sinal de bom augúrio e presença do santo protetor anunciando a bonança junto dos mareantes, nas situações de iminente perigo. Abundam referências a este fenómeno na literatura, em particular, nos relatos de viagens e na poesia. Célebre é a alusão de Camões ao fogo de santelmo no Canto V d’Os Lusíadas: Vi, claramente visto, o lume vivo Que a marítima gente tem por santo Em tempo de tormenta e vento esquivo, De tempestade escura e triste pranto. Não menos foi a todos excessivo Milagre, e coisa, certo, de alto espanto, Ver as nuvens do mar com largo cano Sorver as altas águas do Oceano. Em muitos portos marítimos portugueses foram instituídas confrarias do Corpo Santo, com o respetivo templo. Na Madeira, está documentada a sua existência no Funchal, Câmara de Lobos, Calheta, Ponta do Sol e Santa Cruz. As Confrarias visavam práticas religiosas e o exercício da caridade. No caso concreto, a Confraria do Corpo Santo funcionava como uma espécie de associação de socorro mútuo, sobretudo de marítimos. Sob a invocação do Corpo Santo, pescadores e mareantes buscavam a proteção espiritual necessária para o confronto, quase diário, com o poder imprevisível do mar. Nelson Veríssimo Professor da UMa

Teatro Municipal do Funchal (1883-1888)

O teatro municipal a partir da sua inauguração foi um dos mais importantes centros da vida cultural, social e política madeirense. As referências a atividades teatrais na Madeira foram constantes ao longo da história da ilha, tendo existido vários teatros no Funchal, muito especialmente o chamado Teatro Grande ou Casa da Ópera, junto do palácio de São Lourenço, mas por tal demolido no período absolutista, em 1833, para segurança do governador. Ao longo do século XIX tentou-se por várias vezes a reconstrução de um teatro público, mas o somente foi possível perto dos finais desse século, mas tendo a partir de então desempenhado um papel fulcral na cultura madeirense. Entre 1850 e 1880 fizeram-se várias tentativas para dotar a cidade de um teatro que pudesse satisfazer as necessidades de uma sociedade progressivamente mais cosmopolita e com uma cada vez maior população veraneante estrangeira. Em 1880 foi criada, inclusivamente, uma sociedade edificadora do teatro, à frente da qual se colocou o visconde e depois conde de Canavial, mas em breve a câmara do Funchal assumia a construção, encomendando o projeto ao arquiteto do portuense Tomás Augusto Soler (1848-1883), que projetara o Teatro da Trindade do Porto. A primeira pedra do teatro municipal do Funchal foi lançada a 24 de outubro de 1883, após a chegada do mestre de obras Manuel Francisco Pereira, enviado do Porto para coordenar os trabalhos. O arquiteto do Porto falecera, entretanto em junho desse ano, somente com 35 anos de idade, assumindo a direção da obra o engenheiro José de Macedo de Araújo Júnior (1858-1890), também daquela cidade nortenha. As obras do edifício propriamente dito estavam concluídas em outubro de 1885, quando se decide que o teatro se chamasse Teatro D. Maria Pia (1847-1911), pedindo-se para isso autorização à rainha e, no ano seguinte, era celebrado contrato para execução dos trabalhos de decoração interior com Eugénio do Nascimento Cotrim (1849-1937) e Luigi Manini (1848-1936), cenógrafo então do Teatro Nacional de S. Carlos. Com o final das obras e ainda com a presença de Luigi Manini e de Eugénio Cotrim, foi o teatro D. Maria Pia apresentado aos funchalenses, a 29 de julho de 1887, mostrando-se os jogos de cena, ou seja os cenários e atuando a orquestra da Associação Musical 25 de Janeiro, para avaliar a acústica da sala. A inauguração oficial, no entanto, só viria a ocorrer a 11 de março de 1888, com a apresentação da zarzuela Las Dos Princesas, com uma companhia vinda das Canárias. O teatro municipal a partir da sua inauguração foi um dos mais importantes centros da vida cultural, social e política madeirense, pelo mesmo tendo passado as mais importantes companhias portuguesas, mas também espanholas, francesas e outras, que deslocando-se para a América Latina, por exemplo, aproveitavam a passagem pelo Funchal para algumas apresentações. Com a implantação da República e a nova edilidade republicana do Funchal, logo a 27 de outubro de 1910, decidia-se mudar o nome ao teatro, que passou a ser Dr. Manuel de Arriaga, mas algum tempo depois, o próprio, já como presidente da República, recusava a utilização do seu nome para casa de espetáculos. Face à recusa, a câmara municipal optou pelo nome de Teatro Funchalense, mas falecido o Dr. Manuel de Arriaga em 1917, em sua memória, em 1921, a câmara voltou a atribuir o seu nome ao teatro. Em 1935, entretanto, optava-se pelo nome do poeta madeirense quinhentista Baltazar Dias, denominação com que chegou até nós. De acordo com as épocas, chegou a funcionar essencialmente como sala de cinema, mas voltando a depois a sala de concertos, de exposições, debates e encontros de caráter cultural, tendo conseguido manter toda a sua ambiência dos finais do século XIX, quase como uma peça de museu e, ao mesmo tempo, adaptar-se às necessidades e aos meios de comunicação atuais. Rui Carita Professor da UMa

Os açúcares na alimentação

Muitas são as doenças associadas aos maus hábitos alimentares e que infelizmente afetam uma grande parte da população. Contudo, é certo que nenhuma delas surge única e exclusivamente por episódios de erros alimentares esporádicos. Resultam sempre de situações frequentes, que vão tendo o efeito cumulativo ao longo do tempo. Assim, não é por comer algo pouco saudável num dia muito especial que as consequências serão graves do ponto de vista de saúde individual, mas se estiver constantemente a cometer estes excessos alimentares, não crie ilusões que, mais cedo ou mais tarde, vai ter consequências nocivas para a saúde. Muitos destes reflexos no bem-estar individual surgem porque frequentemente muitos não se apercebem destes excessos alimentares. Assim, aproveito para alertar para as desculpas apresentadas para cometer estes erros alimentares: É só hoje! É só hoje! É só hoje! É só hoje! … e os dias passam e acabam por ser todos os dias. Para terminar, um conselho: EVITE OS ERROS ALIMENTARES! Torne-os em SITUAÇÕES ESPORÁDICAS, nunca contínuas! Bruno Sousa Nutricionista

Diary of a volunteer

1st of July: Arrival at the airport of Madeira. Next destination: 30th April. Come back home. Having just landed at the airport I quickly realize what this adventure will mean for me. A personal challenge to be developed over 10 months, working as a volunteer in the Students’ Union of the University of Madeira. In the first few days, I settled in at the Students’ Residence in Rua de Santa Maria, in the old part of the city, sharing a room with my friend Victor (from my city, Alzira) and Iván. We are all volunteers and we would work for the same Union, thought in different projects. We quickly befriend a group of Turkish students. Everything was new for me: another country, another language, another culture, and I doubted I could adapt. Surely, Poncha helped with adaptation. During the first month we studied the History of the island and the city of Funchal, particularly, the Jesuits’ College, where I would work as a tourist guide. Not long after, we are ready to guide our first tours. I was very nervous but full of energy to demonstrate everything I had been learning since I had arrived here. After all, I was developing a new profession. After the first 30 minute visit, the result was good. My English was not fluent but the tourists enjoyed the visit. This was gratifying. Time goes on between sunny days, Fado and endless ocean views, and I start learning the Portuguese language. First words, first errors. No problem: we are still learning. The hardest thing is the pronunciation, but I try to practice it every day with my workmates. This is important because in the souvenir shop of the College we receive groups of tourists (mostly French, but that’s another story) and you need to speak their language: another challenge for me. While all this happens, I also have time to explore the island. Ponta de Sao Lorenço, Encumeada or Levada das 25 Fontes… wonderful places that you should visit, even accompanied by new friends made in this island. Some of them left because their projects had ended, but surely we would see each other again, somewhere. For sure. Another interesting point was the training we received in Braga with other volunteers working in Portugal, for five days. We did all kinds of activities: games in groups, individual, performances … it was really funny! I met people from Turkey, Italy, Uruguay, France, Poland… During the week we did activities to know each other (great point!) and we were also told about volunteering, different projects and things that we can do when our project ends. One thing to note was the explanation of the Youthpass, which we fill with everything we have done during our stay here, a document that can help you in your work life. A few weeks later, the day is already taking shape and the work is more routine than before. There is no time for mistakes. No more tests. Here begins the real challenge. Ten months in which I will develop a new job, a new language in a new country but with the confidence and desire to always be better. Aleix Santacreu Students’ Union Volunteer Project financed by ERASMUS+.