Matheus Nunes, músico brasileiro conhecido por Caco Velho, foi um dos mais notáveis sambistas do século XX, tido como a referência de Walt Disney, que conheceu no Rio de Janeiro, para a criação do famoso papagaio Zé Carioca. Este é o homem que criou o popular fado de Amália Rodrigues, “Barco Negro”, cujo videoclipe será apresentado pelos FATUM a 25 de dezembro.
O grupo acumula quase 100 mil visualizações no You Tube
O compasso que sustenta a música, é um ritmo africano de uma ginga brasileira que Caco Velho compôs para o poema Mãe Preta de Piratini (Antônio Amabile), sobre uma ama negra que “embalava o filho branco do senhor”, “enquanto a chibata batia no seu amor”. A música teve várias adaptações internacionais, muitas a contragosto de Caco Velho, porque a desvirtuavam. Em Portugal, Mãe Preta original foi gravada pelo Duo Ouro Negro, mas só depois do sucesso de Barco Negro.
Os FATUM, no Spotify, registaram mais de 21 mil faixas ouvidas, com 3 mil utilizadores regulares, em 58 países.
Foi numa digressão no Brasil, que Amália ouviu a canção e, com o acordo de Caco Velho, o poeta David de Jesus Mourão-Ferreira escreveu uma nova letra, mais ao gosto do Fado. A ama escrava deu lugar à mulher do pescador que, à beira da loucura, sofre o desaparecimento do amado no mar, a bordo de um Barco Negro. O fado foi gravado na Holanda, pela Columbia, em 1954, atribuindo autoria a Caco Velho, a Piratini e a D. J. Ferreira, num disco de Amália Rodrigues, com “acompanhamento de guitarras” e “cantado em português”, como indicava na língua francesa o LP.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.