A minha aventura no Serviço Voluntário Europeu (SVE) foi motivada, fortemente, pelo facto de ter acabado a licenciatura e de sempre ter vivido na Madeira. Consciente de que precisava de me habituar à ideia de partilhar apartamento ou até a viver sozinho, achei esta experiência um bom “treino” para quando ingressar no Mestrado, fora da Região.
A escolha do projecto não foi imediata, tendo-me candidato a vários, todos eles em Espanha. Com o apoio da Associação Académica da UMa, acabei por optar por um trabalho em torno de pessoas com necessidades especiais, numa província de Barcelona. Inicialmente, devo confessar que não tinha esperança de ficar colocado, uma vez que a minha área de estudos é um pouco distinta, à primeira vista, da acção para a qual me candidatava.
Tive uma formação a respeito do SVE, na qual eu era o único português. Éramos cerca de 30 que partiríamos à aventura e participamos nesta iniciativa em Girona, uma cidade fantástica onde gravaram cenas de Game Of Thrones e do filme Perfume. Àqueles que são fãs da série e do filme, aconselho, mesmo, a visitarem a cidade.
Estou há alguns meses em Barcelona e a experiência tem sido muito gratificante! Estava com algum receio pois nunca tinha lidado com pessoas com necessidades especiais mas a verdade é que tenho conseguido desmistificar esta ideia e esta realidade.
Aqui na função espanhola AMPANS (Asociación Manresana de Padres de Niños Subdotados), onde faço voluntariado, existem pessoas com vários graus de deficiência. Algumas são completamente autónomas e outras precisam, de facto, de alguma ajuda para executar algumas tarefas.
Tenho recebido imenso carinho e afecto por parte dos usuários e monitores dos lares por onde trabalho e o que me satisfaz mais é poder ajudá-los em coisas que para mim são perfeitamente normais e banais, mas que para eles são um pouco difíceis de realizar. Ver o enorme sorriso após terem superado as dificuldades não tem explicação!
O Serviço Voluntário Europeu tem tido um grande impacto em mim, tanto a nível pessoal como profissional.
Quando cheguei a Barcelona mal falava espanhol e trauteava meia dúzia de palavras em inglês! Sempre fui meio tímido, mas com o SVE sinto-me confiante e falo com fluência tanto o espanhol como o inglês. Também tem servido para ter noção de como gerir uma vida sozinho: equilibrando os gastos, de modo a poder fazer face às minhas necessidades e, ainda, aproveitar para viajar e conhecer alguns locais próximos.
Filipe Afonso
Voluntário do programa Erasmus+