Um dicionário é uma autêntica caixa de Pandora! Quando se abre, nunca se sabe o que se vai encontrar. Contudo, em vez do caos, a ordem estabelecer-se-á porque há palavras para todos os gostos e feitios, em número suficiente para reordenar o mundo. Das mais pequenas às maiores, das mais antigas às mais recentes, consoante a idade do dicionário consultado, há-as para todas as ocasiões. A fim de tratar de qualquer assunto, temos, à escolha, um vasto conjunto de termos. Cada um aguarda pacientemente para ser usado e se tornar útil a qualquer falante. Desconhecemos metade (ou mais) dos vocábulos que existem na Língua Portuguesa e se encontram compilados nos dicionários. Isso sucede com qualquer idioma e não é específico do Português. Assim, muitos termos vão caindo em desuso, nas línguas vivas. Quem, sobretudo nas camadas mais jovens, conhece e emprega regularmente, por exemplo, “parcimónia” e “acrimónia”?
1- Vamos agir com …………….., poupando o mais possível.
Preencher o espaço com a forma certa: parcimónia / parsimónia / parcerimónia / pracerimónia.
Solução: Vamos agir com parcimónia, poupando o mais possível.
Explicação: O substantivo feminino “parcimónia” vem do Latim, como acontece com grande parte do vocabulário português. Interligado com o adjectivo “parco”, o seu significado está, portanto, relacionado com o sentido de “sóbrio”. Consequentemente, compreende-se por que razão remete para “o hábito de fazer economias, isto é, poupar”. Em época de crise, o termo “parcimónia” deveria usar-se mais vezes, mas isso não acontece.
2- A …………….. daquela pessoa é impressionante. Nunca é afável!
Preencher o espaço com a forma certa: acerimónia / acirimónia / acrimónia / acremónia.
Solução: A acrimónia daquela pessoa é impressionante. Nunca é afável!
Explicação: Tem origem no Latim, o substantivo feminino “acrimónia”, estando relacionado com o adjectivo “acre”, sinónimo de “azedo” e “amargo”. Deste sentido, foram surgindo outros, aplicados a várias situações. A nível figurado, aponta, por isso, para a noção de “comportamento indelicado”, “aspereza” e “severidade”. Possui, então, um forte cunho negativo, devendo evitar-se a “acrimónia” nos relacionamentos.
Helena Rebelo
Professora da UMa