Giulia Riccio é formada em Química e mestre em Física Química, pela Universidade Sapieza de Roma (em Itália). Ao abrigo do Programa ERASMUS+, estudou na Universidade Técnica de Munique (na Alemanha) e no CiQUS – Centro Singular de Investigação em Química Biológica e Materiais Moleculares, da Universidade de Santiago de Compostela (em Espanha), no último dos quais trabalhou em pesquisas sobre doenças cancerígenas, debruçando-se sobre péptidos cíclicos e híbridos com doxorrubicina (um composto usado em quimioterapias).
Atualmente Giulia está a fazer o seu doutoramento em Ciências Biomédicas Básicas e Saúde Pública na Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica do Sagrado Coração, em Roma (Itália), e é temporariamente investigadora no CQM, na Penteada, onde trabalha com José Câmara, investigador sénior do Centro e professor na Universidade da Madeira.
Como é que surgiu esta oportunidade para passar quase um ano do seu doutoramento a fazer investigação na Universidade da Madeira? Foi algo planeado desde o início ou uma oportunidade que surgiu?
Durante o período de doutoramento, existe a possibilidade de realizar um período de investigação no estrangeiro para aumentar a internacionalização do programa de estudos e da investigação em geral. Durante os meus estudos, fiz dois Erasmus cada um durante oito meses, o primeiro na Alemanha para exames e estudo, e o segundo em Espanha para o estágio de dissertação de mestrado. Foram sem dúvida as experiências mais bonitas e construtivas da minha vida. Não só tiveram um valor educativo e profissional extraordinário, como fizeram de mim uma pessoa capaz de se adaptar a qualquer ambiente, autoconfiante, viajante, não mais apenas uma cidadã italiana, mas uma cidadã europeia.
Por isso não quis perder a oportunidade de ter mais uma experiência fora do meu país para me colocar à prova, desta vez de forma mais séria: trabalhando como investigadora.
Qual a importância do estudo de marcadores metabólicos voláteis em casos de COVID-19? Que impacte espera que a sua pesquisa tenha?
O estudo de biomarcadores voláteis é uma grande promessa para diagnósticos e prognósticos clínicos. Técnicas de extração e espectrometria de massa nos permitem identificar todas as substâncias contidas em nossos fluidos biológicos, como urina, saliva, ar exalado. Algumas dessas moléculas são impressões digitais de patologias, síndromes. A vantagem de usar essas técnicas é que elas são baratas, rápidas e não invasivas. Foi uma honra para mim receber esta pesquisa inovadora no campo da COVID-19.
Com o nosso estudo preliminar, pela primeira vez na história da pandemia de SARS-CoV-2 identificamos possíveis biomarcadores urinários, abrindo as portas para um interessante estudo bioquímico.
Regressando a Itália, qual será o próximo passo na sua investigação e percurso profissional?
Graças aos meus colegas de trabalho e de laboratório da Madeira, voltarei a Itália enriquecida por uma língua maravilhosa como o português e de experiências ótimas. Vou concluir meu doutoramento e decidir se faço um pós-doutoramento. O meu desejo é continuar trabalhando no campo da investigação universitária.
No futuro, gostaria de aplicar as minhas competências na área da bioquímica médica em patologias femininas, que hoje em dia requerem uma identificação mais rápida, melhor tratamento e prevenção.
Na área da Química, a UMa oferece um Doutoramento, com a duração de quatro anos letivos, lecionado pela Faculdade de Ciências Exatas e da Engenharia.
Entrevista conduzida por Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Fotografia de Pedro Pessoa.