Estudos correlacionais e causalidade

Estudos correlacionais e causalidade

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Fortin (2003), afirma que “…contrariamente aos estudos puramente descritivos, nos quais a descoberta e a descrição são o objetivo principal, os estudos de tipo correlacional têm por objetivo examinar as relações entre variáveis. Os estudos deste tipo pressupõem que o fenómeno já foi identificado e descrito (p. 173).”

Portanto, os estudos de tipo correlacional consistem em examinar relações entre duas ou mais variáveis quantificáveis. A investigação correlacional apenas estabelece que há uma relação entre duas variáveis mas não estabelece uma relação “causa-efeito”. Contudo, o estabelecimento de uma correlação entre duas variáveis poderá ser utilizado na previsão dos valores de uma delas a partir do conhecimento dos valores da outra.

O grau de correlação entre duas variáveis é geralmente expresso como um coeficiente cujo valor varia entre 0.00 e +1.00 ou -1.00. Duas variáveis que estão altamente correlacionadas apresentam um coeficiente perto de +1.00 ou de -1.00; no caso de não estarem correlacionadas apresentam um coeficiente perto de 0.00.

Quanto ao sentido, a correlação pode ser classificada em positiva ou negativa. Uma correlação positiva indica que os sujeitos que obtiveram valores altos numa das variáveis também obtiveram valores altos na outra variável ou vice-versa. Uma correlação diz-se negativa quando os sujeitos obtêm valores altos numa variável e valores baixos na outra variável. A correlação apresenta valores baixos quando não há relação entre duas variáveis; digamos que é a ausência de correlação como, por exemplo, entre a altura do aluno e o seu rendimento académico.

Quando estamos perante uma correlação estatisticamente significativa, devemos ponderar sempre a hipótese de causalidade inversa (A causa B ou B causa A), ou a hipótese de existência de outras variáveis intermediárias, não controladas, que sejam responsáveis pela falsa associação entre as variáveis em estudo.

Quando correlações entre variáveis são encontradas, descobertas, torna-se possível predizer uma variável a partir de outra. Por exemplo, se nós sabemos que a competência de vocabulário e a aprendizagem escolar são correlacionadas, nós podemos predizer que os alunos com melhor vocabulário normalmente aprenderão mais que os alunos com vocabulário limitado. As correlações também levantam questões acerca de se uma das variáveis relacionadas pode causar outra, sugere assim áreas férteis para investigação experimental. Se nós verificamos que existe uma correlação entre vocabulário e aprendizagem nós podemos desejar prosseguir o nosso estudo correlacional com um estudo experimental no qual o treino de vocabulário é dado, para verificar se rendimento escolar mais alto ocorre como resultado.

Finalmente, convém recordar que a investigação correlacional apenas permite afirmar a existência de covariação entre variáveis e que a presença de uma correlação significativa não garante com segurança a existência de uma relação causa-efeito. Só os estudos experimentais onde há manipulação propositada de variáveis independentes garantem a existência de uma relação causa-efeito.

Sugestões de leitura
Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da investigação: Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta (pp. 220-224).
Coutinho, C. (2011). Metodologia de investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e prática. Coimbra: Edições Almedina (pp. 261-276).
Fortin, M. (2003). O processo de investigação: Da concepção à realização. Loures: Lusociência (pp. 174-182).

António V. Bento
Professor da UMa

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