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Um tributo ilustrado à floresta que nos pertence

Um tributo ilustrado à floresta que nos pertence

Rafaela Rodrigues apresenta LAURISSILVA DA MADEIRA, um livro ilustrado que celebra a floresta nativa e apela à sua preservação, no âmbito dos 25 anos da Laurissilva como Património da UNESCO.
Rafaela Teixeira, fotografada por Tiago Perestrelo.

“A Laurissilva é a nossa casa”, diz Rafaela Rodrigues, artista plástica, designer, ilustradora e escritora, que nos traz mais um belo livro, agora sobre a nossa floresta nativa. Depois de O PESCADOR, A BORDADEIRA, O LEVADEIRO e A FIANDEIRA, todos editados pela CADMUS, Rafaela Rodrigues escreveu e ilustrou LAURISSILVA DA MADEIRA, um tributo e um apelo à preservação da nossa floresta no contexto das comemorações dos 25 anos da Laurissilva como Património da UNESCO.

A obra será apresentada no dia 28 de março de 2025, no Espaço infantil da Feira do Livro do Funchal, na Praça da Restauração, às 11:00. Apesar de a ilustradora já ser bastante conhecida dos nossos leitores, quisemos mesmo assim fazer-lhe algumas perguntas sobre a nova obra.

Depois das profissões, eis que aparece o património natural. Conte-nos um pouco como surgiu esta obra.

Surgiu no contexto das comemorações dos 25 anos da Laurissilva como Património da UNESCO. Foi um convite da Isabel Freitas, que considerou pertinente ter um livro ilustrado, para um público infantojuvenil, como uma das iniciativas destas comemorações. A ideia para o livro foi construir uma narrativa sobre a floresta, as suas características físicas, espaços, vidas e tudo o que tem de magnífico. Surgiu assim a ideia de lhe dar voz e escrever o livro na “primeira pessoa”. No livro, a Laurissilva, um lugar, uma entidade, grande, cheia e intensa, apresenta-se e fala sobre si e sobre tudo o que agrega.

No seu texto, diz: “mas tenho limites” (p. 11) e “Estou aqui há algum tempo e ainda fico por mais algum” (p. 15). Acha que as pessoas têm a perceção da fragilidade deste ecossistema chamado laurissilva?

A Floresta Laurissilva ocupou toda a ilha. Desde que chegámos, a mancha foi reduzindo, mas com a sua consideração como Património, criou-se um limite na sua exploração e utilização em manufaturas. Por outro lado, com a sua consideração como Património da UNESCO, a Laurissilva passou a ser um local muito visitado e nem todos têm a perceção que as nossas visitas podem ser prejudiciais a este ecossistema se não tivermos consciência dos nossos atos. Felizmente, a Laurissilva tem muitas áreas que não conseguimos visitar, pela orografia da ilha, e que mantêm os seus segredos e mistérios. Temos orgulho de ter esta Floresta aqui, mas penso que estamos habituados a tê-la como um dado adquirido e esquecemo-nos que é o habitat de um conjunto muito importante de vidas sem as quais a nossa vida seria muito diferente. A Laurissilva é a nossa casa.

Será mera impressão da leitura do texto ou a ilustradora está a tornar- se poeta?

A minha abordagem a este tema foi a mesma dos livros da Coleção Profissões. Comecei por fazer um levantamento de assuntos e ideias importantes, reuni todas as informações e fui “cortando”, deixando apenas o essencial. Depois passei à construção das ilustrações, misturando referências, tentando colocar a maior quantidade de informação em cada ilustração, colocando as espécies certas nas áreas corretas. Foi importante estudar a relação entre as espécies e as escalas. Há uma grande diferença entre desenhar as espécies isoladas e desenhá-las em conjunto, no mesmo habitat. Tive intenção de representar as espécies da melhor forma possível, de modo que possam ser reconhecidas. Em todo este processo foi muito importante o apoio científico da Isabel Freitas, da Ana Virgínia Valente, do Carlos Lobo e do Nélio Jardim, porque me ajudou muito nas relações das espécies que existem no mesmo ambiente. O texto aparece mais tarde, depois das ilustrações prontas e funciona como âncora à narrativa das ilustrações. Não queria um texto extenso, porque o livro é uma introdução ao tema, que é o que normalmente faço com as profissões. Quando estou a escrever o texto não penso se será prosa ou poesia mas sim no que quero que o livro conte e no público que o vai ler. Escrevo narrativas com intenção de ter uma linguagem simples, clara, com algumas brincadeiras que a nossa língua permite mas sempre com intenção de contar uma história construída com intenção, à volta de um conjunto de ilustrações. O texto descreve a realidade, não descreve as ilustrações, acrescenta-lhes. Apesar de ser simples, o texto tem palavras grandes que desafiam os pequenos leitores (e os grandes leitores), mas que dão a conhecer e a enriquecer os respetivos universos de palavras. O livro é educativo, e está construído com o objetivo de ser intemporal, prevendo que, a nossa personagem principal, vai sobreviver a todos nós, pois somos, também, o que deixamos para quem fica.

Timóteo Ferreira
ET AL.

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