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A inacção estudantil

Recentemente, em encontros das associações estudantis portuguesas, a AAUMa logrou aprovar duas importantes propostas, uma relativa à redução do custo dos transportes públicos para universitário e outra à redução das despesas assumidas aquando da impressão de cópias excessivas de teses, dissertações para obtenção de títulos académicos. Quantos, de entre os estudantes do Ensino Superior, deram importância a tal? Um enorme cartaz, no Campus da Penteada, sugeria aos estudantes que reclamassem, caso os prazos das avaliações não fossem cumpridos. Quantos lhe deram atenção? Espero que tenham sido muitos.

O défice de espírito crítico dos estudantes universitários portugueses é crescente e está directamente relacionado com o fechamento dos mesmos a tudo o que não diga respeito aos seus estudos, uma atitude que se propaga na sociedade, criando cidadãos apáticos.

Não há interesse em participar no bom funcionamento de cursos e instituições, ou em qualquer movimento estudantil legítimo: associações estudantis, tunas, etc. Parece que só a praxe os motiva para além das avaliações obrigatórias ou os jogos de cartas das horas vagas.

De certa forma, há uma falta de encorajamento na cultura portuguesa ao voluntariado e ao extracurricular. Essas questões são menos valorizadas em Portugal do que noutros países europeus.

Qual é o problema deste desinteresse? Do ponto de vista institucional, visto que certos órgãos de gestão e pedagógicos das universidades incluem estudantes, a falta deles causa um desequilíbrio de poderes entre docentes e discentes. Os estudantes perdem capacidade de actuação e as instituições perdem retorno e deixam de conhecer a realidade das suas salas de aula.

A situação é pior na relação com os antigos alunos, que podendo serem mecenas da Instituição ou serem os primeiros a darem informações sobre a relação universidade-mercado de trabalho, deixam de ter qualquer préstimo útil. Perdem-se informações de adequação de currículos a nichos laborais aos quais se destinariam os cursos e muitas unidades curriculares tornam-se obsoletas, importando apenas ao docente que a lecciona.

Se o estudante pensa que tal não o afecta directamente, desengane-se. Todos os anos saem das universidades centenas (ou mesmo milhares) de engenheiros (por exemplo), cujos currículos diferem, basicamente do prestígio da universidade, da nota de conclusão e da originalidade do seu trabalho final. Os seus cursos, controlados ministerialmente, torna-os licenciados ou mestres semelhantes entre si. Como é que num mar de gente com a mesma formação podemo-nos fazer destacar?

Resposta: apostar em actividades e formação extracurricular. Cada vez mais empresas preferem estudantes que se tenham envolvido em associações estudantis ou outras. São entidades os seus candidatos mostram que desenvolveram competências diferentes. Por toda a UE o associativismo, o Erasmus+, o voluntariado são razões para escolher uns em detrimento de outros.

Se és estudante universitário, investe no extracurricular. Exige da tua Universidade e prova que és e serás sempre um cidadão consciente.

Carlos Diogo Pereira
Alumni

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