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Sou rei dos caloiros

Ainda as aulas não tinham começado e eu já estava a ser praxado. Eu e os meus camaradas caloiros, bichos na altura, fomos recebidos pelos nossos trajados, no âmbito de dar a conhecer a muy nobre academia que é a UMa. Para além disso o objectivo era apresentar a praxe aos estudantes recém-chegados à UMa e eu, com receio do que seria a praxe, já temia o pior, pois julguei que, por nos chamarem ‘bicho’ obrigar-nos-iam a rastejar pelo solo da UMa e a fazer mil e uma coisas embaraçosas. Estes receios mostraram-se, desde cedo, infundados e diversão, respeito pela hierarquia e integração seriam as palavras de ordem.

Para quem não acredita na praxe ou não a conhece nós éramos apenas gente louca a fazer um espectáculo sem sentido. Mas para nós era muito mais que isso. A praxe tem um propósito, além de integrar, divertir e de ajudar. A praxe une o curso, une as pessoas e eu falo por mim, pela minha experiência. Bendigo todos os dias de praxe que tive, que ficarão na memória por muito tempo e acredito que todos os meus colegas caloiros de todos os outros cursos da UMa pensam igual.

A minha primeira recordação da praxe, apesar dela ainda estar bem presente na minha vida, teve a ver com um episódio em que chamei de ‘prassista’ um trajado e alguns episódios que protagonizei nos dias temáticos, nos arraiais e nas quartas-feiras académicas.

No meu curso (e puxando a brasa à minha sardinha), foram apresentadas inúmeras ideias divertidas, geralmente temáticas, que marcaram esta experiência. Ideias essas como o Pacman (no qual envolvi-me romântica e eroticamente), os super-heróis, os cowboys e a guerra de cursos foram aumentando de importância até chegar ao tão aguardado dia do juramento, cortejo e baptismo que nunca esquecerei.

Pouco a pouco esta experiência começou a ser cada vez mais importante para mim, pois era na praxe que eu encontrava a minha energia e vontade para ir às aulas. Foi nesta experiência que conheci uma série de pessoas espectaculares que levarei para a vida. São essas mesmas pessoas que conhecemos e convivemos aquelas com quem iremos lidar e privar nos próximos anos e, com razão, há necessidade de formar amizades e companheirismos. Nunca me senti só e excluído na praxe, mostrando que esta experiência não era embaraçosa e maldosa, mas sim divertida e única. Posso acrescentar (e mais uma vez puxando a brasa à minha sardinha) que também tive os melhores trajados de que alguma vez poderia esperar. Todos eles, sem excepção, foram cruciais para que eu pudesse desenvolver este gosto pela praxe. Foram companheiros, respeitosos e de quem ouvíamos os melhores conselhos sobre as aulas, professores, sobre a Universidade, sobre os serviços, sobre as bolsas, sobre tudo.

Senti-me absurdamente bem. Havia um bem-estar e união entre caloiros e trajados e todos sentiam uma motivação para participar em tudo o que era proposto. Esta determinação permitiu-nos alcançar o título de Curso do Ano, o que para mim foi mais importante do que ser nomeado Rei dos Caloiros, já que é a prova, testemunhada e pronunciada pelos elementos da UMa, da união e sentida e vivida pelo curso de Desporto.

Eu, estando no palco do Arraial Coral, num ambiente de suspense, senti uma grande emoção invadir-me, mal vi o nome Desporto a deslizar pelo placar digital. Fiquei louco de alegria e, no momento, nada mais sentia sem ser a vontade de ir para junto dos meus colegas de curso festejar e gritar.

Há a noção que a praxe é inútil e sem sentido na vida universitária pois não acrescenta nada ao rendimento académico. Mas há que perceber que a universidade não é só estudos, há todo um mundo por explorar. É nesta fase das nossas vidas que encontramos as pessoas de grande influência e há que saber aproveitar esses momentos. A praxe é, disso, um excelente exemplo.

Podia perder horas e horas a falar deste grande marco da minha vida académica e não creio que me calaria tão cedo. Podem dizer que estou a exagerar, mas a praxe foi e será dos elementos mais importantes da minha vida e será para sempre recordada.

Para finalizar gostaria de agradecer imenso aos meus colegas caloiros e trajados, que agora considero meus amigos, pela experiência que me proporcionaram. Senti-me verdadeiramente integrado neste grupo formidável onde todos para mim eram gente de valor. São pessoas que só dão bom nome ao curso de Desporto e à UMa. Espero que tenhamos muitas mais experiências pela frente, todos juntos. Espero também poder trajar para o próximo ano e fazer com que os meus bichos sintam o que senti.

“AVE, DESPORTO!!”

Alexis Santos
Estudante da UMa

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