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Quintas–feiras negras no Ensino Superior

A 24 de Outubro de 1929, deu-se o crash da bolsa de Nova Iorque, que conduziu a América e a Europa a uma grave crise económica. Esta crise provocou consequências enormes nas classes trabalhadoras e a recuperação só foi possível através do chamado New Deal, um plano de recuperação económica.

Hoje, é Portugal quem está em crise e são as famílias portuguesas quem estão à beira do colapso! Numa altura em que o nosso país se comprometeu, a nível internacional, a aumentar 40% a percentagem da população (entre os 30-34 anos) que possui um diploma do Ensino Superior, quase 9000 vagas ficaram por preencher no concurso nacional de acesso a este grau de ensino. Também não foi por acaso que, desde 1995, cerca de meio milhão de estudantes abandonaram o ensino superior sem concluir o curso. São espelhos do breu no qual os portugueses estão envolvidos.

No cerne desta crise que alcança diversas áreas, surge um movimento associativo nacional estudantil, no seio do Encontro Nacional de Direcções Associativas, que teve lugar a 14 e 15 de Setembro, no Porto. Com um calendário de contestação e protesto planeado para o mês de Outubro, a acção prende-se às denominadas “quintas-feiras negras no ensino superior”. O objectivo é debater os mais variados problemas, como “a insuficiência do sistema de acção social, a diminuição do número de candidatos e novos estudantes no ensino superior, com um grande número de vagas por ocupar, e o abandono escolar,” que afectam este grau de ensino e, consequentemente, os estudantes e as suas famílias.

O protesto nacional iniciou-se no dia 3 de Outubro. Na primeira quinta-feira negra, a questão principal centrou-se no apoio social aos estudantes, porque, segundo Rúben Alves, Presidente da Federação Académica do Porto, «o Estado assume o compromisso que nenhum estudante vai deixar o Ensino Superior por dificuldades financeiras e, na prática, a realidade é bem mais negra».

Seguiu-se o dia 10 de Outubro, no qual o abandono escolar esteve em cima da mesa na reunião com o Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos Portugueses.

Na semana seguinte, no dia 16, os estudantes apresentaram as «20 respostas para um Ensino Superior melhor» ao secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes. A 17, a organização de ações ficou sob a alçada de diversas instituições académicas, para que, nos mais variados pontos do País se iniciasse uma onda de sensibilização da comunidade em geral.

Na quinta – feira, dia 24, o tema do dia foi o “acesso ao ensino superior”, questionando-se o porquê de ficarem tantas vagas por preencher quando continua a haver falta de licenciados em território lusitano.

Finalmente, na última semana, os estudantes foram recebidos pelo Conselho de Reitores. No último dia inerente a esta iniciativa nacional, 31 de Outubro, foi realizado um balanço deste mês de protesto, onde o negro das capas dos estudantes revelou não a tradição académica, mas o luto dos estudantes portugueses.

Vera Duarte
Alumnus

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