Funchal: Cultura Viva permite “uma grande dinâmica na abordagem aos conteúdos historiográficos”

Integrando o programa HERANÇA MADEIRENSE, o percurso Funchal: Cultura Viva foi criado pelo Teatro Bolo do Caco com o serviços cultural e educativo da ACADÉMICA DA MADEIRA. Xavier Miguel, responsável artístico do grupo, conversou com a ET AL.
O percurso HISTORY TELLERS: Funchal Cultura Viva, com a participação do Teatro Bolo do Caco, integra o programa HERANÇA MADEIRENSE, promovido desde 2016 pela ACADÉMICA DA MADEIRA.

O primeiro circuito HISTORY TELLERS, um programa de visitas que a ACADÉMICA DA MADEIRA desenvolve no Funchal, foi inaugurado em 2014.

Intitulado NO CORAÇÃO DA CIDADE, a visita percorre as ruas do núcleo medieval do Funchal, contando a sua história e apresentando o seu rico património. Atualmente, o HISTORY TELLERS é composto por cinco circuitos, sendo que o quinto, Funchal: Cultura Viva, é executado em parceria com o Teatro Bolo do Caco (ATBC).

O Colégio dos Jesuítas acolhe um POETRY SLAM

A 19 de janeiro, o Colégio dos Jesuítas acolhe a mais recente proposta cultural da ACADÉMICA DA MADEIRA, um POETRY SLAM, que envolve uma organização de voluntários de várias nacionalidades que se encontram no Funchal ao abrigo do Corpo Europeu de Solidariedade

A ET AL. conversou com Xavier Miguel, responsável artístico do grupo e um dos criadores do percurso Funchal: Cultura Viva.

Uma visita cultural e histórica com recurso à encenação de atores e atrizes, pelas ruas da Baixa do Funchal, é uma atividade turística inédita na cidade. Como surge a proposta?

O Funchal: Living Culture Tour surge na sequência de diversos trabalhos de Recriação Histórica que temos vindo a desenvolver no contexto da nossa Associação, influenciados primeiramente pela minha experiência profissional ligada a espetáculos nessa área, bem como, posteriormente, a um crescente interesse e espaço na região para explorarmos a História de um forma lúdica e dinâmica em vários espaços públicos, museológicos, e até privados. Com o Mestrado em Estudos Regionais e Locais, pude aprofundar o conhecimento e as ferramentas necessárias para, no contexto da ATBC, e juntamente com uma equipa de artistas com formação em teatro, muito esforço e dedicação, podermos “dar corpo e vida à História da Madeira”, neste e em outros projetos que exploram o teatro e as artes cénicas tendo como base um forte conteúdo literário e historiográfico.

A visita tem uma forte vertente pedagógica e vocês têm trabalhado com várias escolas e parceiros. Qual a importância do contacto dos jovens com as artes cénicas combinadas com a aprendizagem curricular?

As artes cénicas possibilitam-nos uma grande dinâmica na abordagem aos conteúdos historiográficos, estimulando o interesse em diversos aspetos da cultura e do património. Quer seja para um grupo de estudantes, ou para um grupo de visitantes, os acontecimentos e episódios marcantes do Património Cultural e Imaterial (História, Literatura, Tradições, etc.) são ilustrados de forma teatral, interagindo diretamente entre, e com todos eles. Além disso, os alguns dos locais de importância são visitados, dando assim a conhecer diretamente, pelos personagens teatrais e/ou pelos guias, o Património Material e Edificado (Religioso, Militar, Artístico, etc.).

O Teatro Bolo do Caco, que criou e executa a componente de encenação da visita, tem trabalhado em vários pontos da ilha, em diversas iniciativas. Recentemente, participaram de um certame no estrangeiro e tiveram a oportunidade de contactar com outros grupos. O que podemos esperar de novos projetos para os próximos meses e anos?

A ida à Bélgica permitiu-nos levar o nosso trabalho de Estátuas Vivas ao estrangeiro, colocando-o em interação e diálogo com um público diverso, valorizando junto dessa comunidade alguns dos aspetos identitários da nossa arte, o que tem sido uma constante no nosso trabalho. A forte presença de elementos, temas e materiais ligados à Cultura Madeirense, ou Madeirensidade, é a linha que orienta o nosso trabalho, e nesse sentido, todos os projetos futuros, atualmente “no forno a cozer”, serão sempre de uma maneira ou de outra, formas de homenagear, valorizar, recriar ou dar a conhecer esses mesmos elementos, como é esta tour que os transmite através dos personagens, dos seus trajes, das referências dos discursos, nos percursos e dos locais visitados.

Entrevista conduzida por Luís Eduardo Nicolau.
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.