Procurar
Close this search box.

FATUM: como tudo começou

A ET AL. entrevistou Luís Eduardo Nicolau, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA quando foi criado os FATUM, em 2010. A entrevista integra um ciclo de três conversas sobre o passado e a atualidade do grupo de fados da ACADÉMICA DA MADEIRA.
Os FATUM, durante durante o TRIBUTO a Carlos do Carmo, no Teatro Municipal de Baltazar Dias, em maio de 2017.

Os FATUM surgem em 2010. No entanto, a intenção de criar um grupo de fados vem um pouco antes. Como surge este projeto?

Em março de 2006, a lista que se apresentou às eleições da ACADÉMICA DA MADEIRA fez, durante a sua campanha, a publicação de um jornal académico que recebeu o lema da própria lista: “A UMa É Nossa!”. Tratava-se, como ainda acontece na atualidade, de um grito académico, muito popular na Universidade. Alguns artigos dessa edição inaugural, depois de um interregno desde 1996, estão publicados no portal da ET AL. Em 2007, a ACADÉMICA DA MADEIRA entendeu celebrar o aniversário do seu jornal com uma noite típica de fados no Colégio dos Jesuítas do Funchal. Foi convidado o Grupo de Fados do ISEP e começámos a ganhar o gosto pelo fado, numa componente puramente estudantil. Anualmente, recebíamos grupos para celebrar o aniversário do jornal, passando até pelo Mosteiro de Santa Clara, num evento que denominámos MONUMENTAL SERENATA ACADÉMICA. A intenção foi ganhando força até que, em 2010, estavam reunidas as condições para criação dos FATUM. Na fundação, a designação do grupo era acompanhada de “Grupo de Fados e Serenatas da Associação Académica da UMa”. Essa criação foi possível pela vontade da ACADÉMICA DA MADEIRA e, em especial, da Andreia Nascimento, responsável durante vários anos pelo grupo. Além disso, o Nicodemo Câmara, que também integrava a ACADÉMICA DA MADEIRA, foi o responsável pelo estabelecimento e gestão da componente musical.

A primeira atuação que realizaram, deu-se no dia 26 de março de 2010. Como é que se introduziram ao público que até hoje vos ouve?

Com muita dificuldade junto do público jovem, até aos nossos dias, e com relativa facilidade nas faixas etárias mais velhas e com os turistas. É natural que seja assim, mas é, declaradamente, um trabalho que o grupo tem vindo a desenvolver durante mais de dez anos. No cenário musical universitário da Madeira, a tradição das tunas é bem mais antiga. Ainda assim, os FATUM beneficiam da integração de membros das tunas no grupo e isso tem sido bastante benéfico. A tradição tunante, que é fascinante, acaba por apoiar a tradição que os FATUM constroem. Certamente, cativar um jovem universitário para um grupo de fados, quando não tem um percurso ligado à Canção de Coimbra, é difícil considerando que é um grupo com atuações em Portugal e no estrangeiro, além de contar com três álbuns editados e vários membros que são estudantes e antigos estudantes, com muita experiência neste género musical português. Tudo isso impõe respeito, mas também acaba por criar alguma dificuldade para que os novatos se aventurem. Felizmente, o esforço do grupo e do seu responsável, o Carlos Abreu, tem apresentado frutos e as perspetivas são extremamente positivas. Os FATUM continuam a crescer e a produzir, atraindo milhares de ouvintes ao longo do ano. Essa popularidade é fundamental para o grupo.

Falar sobre os FATUM, é também recordar muitos anos com Saraus de Fados que realizaram, e, que acabaram por ser o vosso “evento de marca”. Como se idealizou um evento destes e, que à atualidade, recebe imensas pessoas?

Começámos com os saraus em 2012, no mesmo ano em que a ACADÉMICA DA MADEIRA inaugurou a GAUDEAMUS do Colégio dos Jesuítas. A nossa história no antigo colégio da Companhia de Jesus começa mesmo nesse ano. Nesse verão, comecei os trabalhos de transcrição do primeiro livro, publicado pela ACADÉMICA DA MADEIRA em maio de 2013, sem que houvesse ainda uma chancela editorial com marca própria, pois tal só começou em 2014. Com esse livro, teve início a génese do programa de visitas turísticas ao Colégio dos Jesuítas e pelo Funchal que, em 2016, seria chamado HERANÇA MADEIRENSE. Os saraus estão, portanto, intimamente ligados a muitos aspetos fundamentais da nossa história associativa. No início, tinham um público de pouquíssimas pessoas, na antiga capela de Santa Maria de Belém, espaço nobre do Colégio a que a Universidade chama de Sala dos Arcos, com alguma falta de imaginação e de rigor histórico. Poucos anos depois, não haveria saraus sem centenas de pessoas na plateia. Foi, então, estabelecida essa tradição, apenas interrompida com a pandemia, em março de 2020, e retomada em setembro de 2021.

Qual seria o objetivo destes Saraus?

Servir como palco para os FATUM e, internamente, como uma oportunidade de atuação do grupo para preparação dos seus membros. Desde sempre, foi um importante momento de inter-relacionamento na ACADÉMICA DA MADEIRA, que sempre organiza um convívio com o grupo e a restante equipa. Certamente, existe uma componente social ligada aos saraus pois também recolhemos donativos para apoio aos nossos programas de apoio social e de voluntariado.

Entrevista conduzida por Luís Ferro
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa, no TRIBUTO ao fadista Carlos do Carmo, organizado pela ACADÉMICA DA MADEIRA a 21 de maio de 2017, no Teatro Municipal de Baltazar Dias.

DESTAQUES