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O professor ideal

O primeiro dia de aulas é sempre vivido com uma enorme ansiedade. É o dia de conhecer colegas novos, professores novos, uma faculdade nova. O mais importante é saber lidar com tudo isto, numa fracção de segundos. É o caso dos professores, é deles de quem temos grandes expectativas. Entrámos na sala de aula, é a primeira unidade curricular. Entra o professor(a) e ficam apurados os sentidos visuais e auditivos. É importante estar atento ao que ele diz, e saber observar os gestos. Será este o professor ideal? Saber escutar, fazer-se entender, saber explicar a matéria, são qualidades apreciadas num professor. O professor ideal está nos olhos de cada um, mas há aspectos que todos os estudantes idealizam e apreciam. E que aspectos serão esses? Aquele professor que se interessa pelo bem-estar do aluno, que o motiva a aprender e a não desistir é sem dúvida um exemplo. O professor que sabe e exemplifica a matéria de uma maneira simples tem uma vertente importante durante o percurso académico do aluno. Estes professores são uma fonte de inspiração. Há aqueles que chamamos os professores porreiros, entramos na sala, ele explica-nos a matéria de uma forma muito subtil e ainda há espaço para a descontracção. E por último, temos os professores exigentes, os que os alunos mais temem quando entram dentro de uma sala de aula. Que dor de cabeça, só de pensar na maneira como irá agir na apresentação ou quando eu decidir participar sob a matéria. Pela exigência, são estes os professores que, no fim de curso, são importantes no nosso crescimento enquanto pessoa e estudante. Não há professores perfeitos. Sabemos que durante a vida académica criamos uma maior empatia com alguns do que com outros. Mas a qualidade de ensino começa no professor. Ter bons professores é um grande passo para tornarmo-nos excelentes profissionais. Cristina Teixeira

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À conversa com… Aline Bazenga

A primeira aula, a de 1992, no Colégio dos Jesuítas, nunca se repetiu. Depois de outras em colégios e liceus na Bretanha, muitas mais no Liceu, chegou o dia. Olhei para o espelho. Saltos altos ou baixos? Calças de ganga ou vestido como-deve-ser? De narizinho no ar, a respirar os séculos daquelas paredes altas, estremeciam-me os passos no corredor até à sala. Com as mãos brancas de giz, o pó no sorriso contente — já tinha acontecido. Sucederam–se muitas outras aulas. No Aquário da Bela Santiago e até à Penteada. Até hoje, sempre a mesma teimosia: a de serem únicas. Cada aula é uma primeira aula, um prazer de descoberta, de partilha — eles, os alunos, tão generosos e nem sabem. Em todas, o olhar pousado e sonhador, habitado por eles (como ser professora? ensinar). Levava comigo o encanto e respeito por alguns dos professores — enquanto aluna: o prazer e o espanto de ver mais — a ópera, para além do rock; o simbolismo de fim de século, de Gustave Moreau a Odilon Redon, e não apenas as linhas de Mondrian; as viagens de Proust e de Celine; as ilhas de Robinson e de Tournier e não mais as que se apontam em mapas; Les Chats de Baudelaire pelos olhos e o saber de Strauss e Jakobson; a fonologia do bretão, as estruturas sintáticas das línguas, puzzles onde tudo parece ter o seu lugar – comover-se e compreender outras razões para as coisas. Com os porquês para procurar e preencher. E as aflições – trabalhos, apresentações, exames – lembrar-se dos rascunhos de Flaubert (que nada sai bem à primeira e sem muito ensaiar). A aprendizagem do valor do trabalho e do rigor, num tempo sem computador. Numa passagem por Timor-Leste, em 2007, encontrei-me nas salas da Universidade Nacional, apenas com um quadro carregado de muitos marcadores, que nem o álcool já apagava, e eles, à minha frente, os alunos que sempre diziam sim — de total respeito pela senhora de pé, a professora — sedentos de compreender e de saber. Um desafio à altura de uma contorcionista que tudo movia — a voz, os olhos e as mãos — para dar a conhecer e agarrar o sim, não aquele outro, mas o do entendimento. Também chegou o momento em que me sentei a ouvir as suas apresentações — pequenas descrições das suas línguas maternas e o uso do alfabético fonético, o alfabeto mágico que fazia escrita e que todos podiam ler. Era possível acontecer, mesmo apenas com um quadro malhado atrás de mim. E esta experiência fulgurante em descobertas fez-se boa amiga daqueles professores que já tanto me tinham dado, na minha memória para ser. Cada aula é um acontecimento, quase como quem vai cantar um fado, sem muito saber como irá ser…Descer à Penteada, a rever pelo caminho, atenta a um melhor exemplo que talvez possa deslumbrar e num click fazer ver o que é. Agora, cada ponto de Pragmática da Comunicação ou de Linguística Portuguesa mais os artigos e livros em .pdf estão à mão na dropbox. Mas sempre ensinar: para que o mundo salte aos olhos de outra maneira. Aline, a professora.

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