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preconceito

Docente da Universidade de Aveiro diz que comunidade LGBTI+ é “lixo humano”

Um grupo de estudantes da Universidade de Aveiro (UA) está a preparar uma ação para protestar contra o comportamento de um professor daquela instituição que dizem ter um discurso de “ódio” e “discriminação”. A Associação Académica da Universidade de Aveiro emitiu um comunicado, a 29 de junho, afirmando um “total repúdio” pela “ameaça a integridade e bem-estar”. Perante afirmações de um docente da UA que caracterizou a comunidade LGBTI+ de “lixo humano”, que conduz à “decadência civilizacional”, a reitoria emitiu um comunicado que transcrevemos abaixo. A UA defende a liberdade de expressão e de opinião, consagrada na Constituição da República Portuguesa, reconhecendo a separação das esferas pessoal e profissional. Ciente, porém, da importância que um ambiente de respeito e confiança tem para o bom funcionamento da Instituição, a Universidade saberá avaliar quaisquer condutas que possam interferir com esses últimos valores e propósitos e que se repercutam negativamente na imagem da instituição — e atuará em conformidade, com rapidez e firmeza. A Universidade de Aveiro é hoje reconhecidamente um espaço onde se cruzam diferentes mundividências e onde se promove ativamente a cooperação, a diversidade e a tolerância e onde convivem mais de 90 diferentes nacionalidades. Não são por isso de tolerar discursos de ódio, de discriminação ou de incitação à violência, qualquer que seja a sua natureza, origem ou contexto. Somos quase 20 milhares de pessoas, incluindo 3 milhares de bolseiros, professores, investigadores e pessoal técnico, administrativo e de gestão, empenhados em construir um futuro melhor — no absoluto respeito pelos valores da dignidade e igualdade da pessoa humana, como aliás se encontra estatutariamente estabelecido. Todos os membros da comunidade académica que em qualquer contexto temam pelo incumprimento dos referidos princípios podem e devem comunicar fundamentadamente a apreensão, utilizando para tal os canais formais existentes (e-mail do Reitor; Canal Pergunta ao Reitor; Provedor do Estudante). Todas as comunicações merecerão a devida consideração e reserva e, sendo o caso, atuação adequada. Universidade de Aveiro com ET AL. e Lusa e fotografia de Matia Rengel.

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Não deixemos que outra pandemia prospere

Seja ao nível da saúde mental ou física, como no caso da Covid-19, seja em questões ligadas ao género, orientação sexual, origem étnica, religião ou estatuto social, o estigma e a discriminação criam prejuízos para uma sociedade que se quer resiliente. Por este motivo, todos somos chamados a ajudar no combate ao estigma e à discriminação, evitando a propagação de mitos e crenças errados, assentes em preconceitos e estereótipos, provenientes do medo e do desconhecimento. Assim, a procura de conhecimento de qualidade e a reflexão crítica sobre a realidade, não agindo em piloto automático, aceitando as diferenças inter-individuais, constituem o caminho que importa seguir, mas que nos leva a uma viagem desafiante para fora da nossa zona de conforto. O ser humano está geneticamente preparado para responder às ameaças do meio envolvente. Assim, se por um lado somos máquinas de sobrevivência, por outro, somos seres biopsicossociais, determinados pela cultura e aprendizagens. Estas dinâmicas levam-nos a integrar a nossa identidade e a criar um sentido de pertença. No entanto, podem de igual modo criar limites, quando não aceitamos as diferenças do “outro”, considerando-as indesejáveis. É neste contexto que pode surgir o estigma e a discriminação. A discriminação refere-se ao tratamento negativo de uma pessoa/comunidade, por pertencer a um certo grupo. É, pois, o preconceito em forma de ação. Note-se que o preconceito representa um julgamento formado antecipadamente e sem fundamento crítico. Por tudo isto, a discriminação resulta, muitas vezes, na violação dos direitos e liberdades fundamentais, levando à rejeição, segregação e exclusão social. A pandemia da Covid-19 trouxe ao de cima muitas histórias deste tipo, tanto contra pessoas de certas origens étnicas, bem como qualquer pessoa que pudesse ter estado em contato com o vírus, o que acarretou múltiplos custos e perigos acrescidos para o bem-estar individual e social. O medo dos rótulos ou de poder ser percecionado como ameaça por outros, e ser excluído como tal, trouxe risco acrescido de contágio, pela possibilidade da pessoa esconder os seus reais sintomas e/ou adiar a procura de cuidados de saúde. Nesta e noutras situações, a própria pessoa pode chegar a internalizar as ideias estigmatizantes, acreditando que tem menos valor por conta do seu problema de saúde, condição física, escolhas e/ou crenças. Por tudo isto, e porque o conhecimento e a reflexão crítica são os nossos melhores aliados, não nos deixemos afundar em medos irracionais assentes no desconhecimento. Lembremo-nos que o Coronavírus e outros problemas de saúde não discriminam. Não discriminemos nós também, e evitemos assim perigar a nossa saúde e a saúde dos que nos rodeiam, contribuindo para construir uma sociedade mais amadurecida, empática e capaz de superar a adversidade, porque tal como dizia Darwin: “Não é a espécie mais forte ou a mais inteligente que sobrevive. É aquela que é mais adaptável face à mudança.” Luciana Ferreira e Carla Vale Lucas Serviço de Psicologia da UMa

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