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erros linguísticos

Os erros linguísticos e as feridas

Serão os erros linguísticos feridas? Quem se fere e dá conta procura fazer um curativo. Muitas vezes, a nível linguístico, quem erra e dá conta não resolve a situação, contaminando a comunidade. Nas línguas, são a matéria que estuda. As marcas diárias de desvalorização da língua materna são incontáveis. A nível individual, reiteram-se falhas, deturpações ou outros problemas, contagiando a comunidade. Durante meses, numa televisão, apareceu uma publicidade com a indicação “cabeleireiro unisexo”. Ninguém emendou para “unissexo”, memorizando-a a assistência. Aplica-se isso à designação do clube “Portosantense”. Os nomes próprios constituem casos particulares, mas devem seguir as orientações linguísticas existentes. Logo, se “s” está entre vogais, lê-se “z”, não sendo aí o caso. A publicidade dá uma informação irrelevante, embora o erro se registe em vários cabeleireiros. A questão do nome será mais alarmante porque quem o propôs para registo e quem o registou transgrediram um princípio elementar da Língua Portuguesa. Invalidaram a própria pronúncia do nome, já que “-s-” equivale a “z”. Evidentemente, vocábulos com origem estrangeira podem ter formas específicas a aprender. Na escrita, estes erros parecem ser pormenores. Todavia, ganham grandes dimensões. Os propositados correspondem a “feridas provocadas” (excisões, tatuagens, etc.). Os que resultam do desconhecimento são obstáculos à convivência, como as feridas alarmantes que provocam epidemias. Estudar a Linguagem é valorizar a língua da comunidade, evitando “feridas linguísticas” porque adquirem proporções preocupantes com reflexos impensáveis. Como será com “silhueta” e “cônjuge”? 1. Ela tem uma …………………….. muito delgada. Solução: Ela tem uma silhueta muito delgada. Explicação: O grafema português < lh> remontará ao século XIII, pronunciando-se como lateral palatal. No vocábulo “silhueta”, no entanto, não tem essa pronúncia. Porquê? Este substantivo usa-se para “desenho que representa um perfil pelos contornos da sombra” ou “contornos do corpo”. Os puristas consideram-no um galicismo, preferindo “perfil” ou “contorno”. No entanto, entrou no uso diário e no âmbito do Desenho. Conservou-se devido à etimologia (do Francês “silhouette”) que radica no antropónimo Étienne de Silhouette (1709-1767, político francês). Segundo o dicionário Houaiss, foi um ministro das Finanças que tentou reformas, mas mal preparadas. Ridicularizando-o, usaram “à la silhouette” para tudo o que tivesse semelhantes características. 2. Partilha com o …………………….. todas as responsabilidades familiares. Solução: Partilha com o cônjuge todas as responsabilidades familiares. Explicação: O substantivo masculino “cônjuge” designa “a mulher ou o homem com quem se casa”. Não é de uso quotidiano (também não o é o sinónimo “consorte”). Diversos serão os motivos e um deles pode ser a dificuldade de pronunciar duas vezes, em sílabas contíguas, a chiante sonora. Isso explicará o uso constante de “-gue” no final. Contudo, a etimologia (do Latim: “conjux,ugis”) justifica “-ge”. Helena Rebelo Professora da UMa

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Em Português Escorreito

Escrever correctamente é uma constante dificuldade. É-o, por exemplo, quando queremos empregar um vocábulo que ouvimos, mas com o qual não estamos familiarizados, desconhecendo a sua ortografia. 1. Eles ……………….. para garantir os direitos já adquiridos revendicaram / reveindicaram / rivindicaram /reivindicaram SOLUÇÃO Eles reivindicaram para garantir os direitos já adquiridos. EXPLICAÇÃO O verbo “reivindicar” ouve-se com frequência, mas a sua grafia oferece alguma dificuldade. Há uma tendência generalizada para o escrever conforme se diz. Além disso, como existe a grafia “revindicar” a par de “reivindicar”, prefere-se aquela a esta. Contudo, a mais antiga é “reivindicar” porque tem origem no Latim (“rei vindicatio” – “reclamação de alguma coisa”). A vogal “i” presente na sílaba inicial de “reivindicaram” deve-se a “rei” (coisa). Perspectivada, por engano, como prefixo, a forma “rei” foi alterada para “re-“, dando “revindicar”, que é uma variante tida como não preferencial, visto não ser etimológica. 2. O prazo é ……………….. por mais três meses. prerrogável / porrugável / prorrogável / purrogável SOLUÇÃO O prazo é prorrogável por mais três meses. EXPLICAÇÃO A sequência “prorro” de “prorrogável” (adjectivo) não é fácil de articular ou grafar. No entanto, conhecendo a sua origem (verbo “prorrogar” + sufixo “vel”) é possível evitar o erro. O verbo “prorrogar” vem do Latim “prorogare”, que se formou a partir de “pro”, preposição com, neste caso, a noção de “adiamento”, e o verbo “rogare”, no sentido de “pedir, solicitar, rogar”. Em Português, a representação do duplo “r”, em “prorrogar” ou “prorrogável”, não é etimológica. Equivale ao fonema que se usa, por exemplo, em “carro” ou “murro” para fazer a diferença com “caro” ou “muro”. Helena Rebelo Professora da UMa

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Em português escorreito

Como considerou Ferdinand de Saussure (1871-1913), o fundador da Linguística Moderna, a arbitrariedade é uma característica do signo linguístico. Contudo, por vezes, é possível encontrar uma justificação para a formação de alguns signos, visto que derivam de outros, embora, com o tempo, se perca a explicação que esteve nessa origem. Os dicionários podem ter, então, um papel relevante para compreender a ortografia das palavras, ou melhor, os significantes (e não só) dos signos linguísticos. Consultá-los ajuda a melhorar a escrita. 1. Dois_________________assaltaram um banco. Mas foram,rapidamente, capturados pela polícia. encapuchados / encapussados / encapusados / encapuzados SOLUÇÃO Dois encapuzados assaltaram um banco, mas foram, rapidamente, capturados pela polícia. EXPLICAÇÃO O termo “encapuzado” significa “recoberto com capuz” e é o particípio passado de “encapuzar” (formado com o prefixo “en” e o sufixo “ado”), que, na frase facultada, funciona como substantivo. Uma vez que é constituído a partir de “capuz”, deve escrever-se com “z”. A palavra “capuz” é sinónima de “capucho”, tendo ambas uma mesma acepção: “parte da capa ou de outra vestimenta que serve para cobrir a cabeça”. Porém, a “capucho” estão, além deste, associados outros sentidos. Embora gráfica, a grande diferença entre os dois termos é a sua proveniência. Enquanto “capuz” será oriundo do castelhano (idêntico: “capuz”), “capucho” terá origem no italiano (“cappuccio”), justificando as respectivas terminações. Este é um caso que evidencia a riqueza lexical do Português. 2. Foste escolhido. És um _______________________ ! previlegiado / perveligiado / perviligiado / privilegiado SOLUÇÃO Foste escolhido. És um privilegiado! EXPLICAÇÃO Sendo, nesta frase, usado como substantivo, o adjectivo – e particípio passado – “privilegiado” está relacionado com “privilégio”. A origem encontra-se no Latim (privilegìum,ìi) com o sentido de “lei específica, isolada, aplicada num determinado caso ou a poucas pessoas” (“privada + lei”). Articular a vogal “i” em duas sílabas consecutivas (“privi”) pode não ser fácil. No registo oral, com frequência, para diferenciar ambas, realizamos um fenómeno de dissimilação com um “e” na primeira sílaba (“previ”). Isto também se poderá explicar pela analogia com o considerável número de vocábulos que começam com “pre-“, em Português. Ainda no registo oral, pode acontecer um fenómeno de interversão com a “troca” de posição da vibrante e da vogal (“pre” > “per”). Para “privilégio”, e grande parte do vocabulário português, a Ortografia é etimológica e a pronúncia pode dificultar a grafia. Helena Rebelo Professora da UMa

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