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Comunicação

Cinema ou streaming: a batalha dos ecrãs

As sociedades contemporâneas são palco de atividade frenética e os indivíduos veem-se presos a rotinas cada vez mais ocupadas, sendo recorrentes as situações de burn-out. Assim sendo, há uma tendência para procurar formas de ocupar os tempos livres que não exijam uma atitude ativa — como é o caso da leitura — resultando num maior consumo de conteúdo cinematográfico. Este conteúdo é disponibilizado ao consumidor através do cinema e do streaming, contudo o tipo de experiência que ambos oferecem é muito diferente. O vocábulo “cinema” deriva da palavra “cinematógrafo”, que significa movimento gravado. O desenvolvimento desta arte está intimamente ligado ao aparecimento da fotografia. De uma longa história, que se estende desde o século XVII, com o aparecimento da lanterna mágica, até aos dias de hoje, destaca-se o contributo dos irmãos Lumière. O pai de Auguste e Louis Lumière era um fabricante de materiais fotográficos, o que proporcionou aos dois um ambiente favorável à invenção do cinematógrafo, dispositivo que permitia captar e projetar as imagens e patenteado em 1895. Graças a este dispositivo, a 28 de dezembro do mesmo ano, deu-se a primeira sessão cinematográfica. Nesta, foram projetados, numa sala escura, filmes de curta duração, entre eles “A chegada do trem à estação de La Ciotat” e “A saída dos operários da fábrica”. Porém, a sétima arte continuou a melhorar. As imagens projetadas a preto e branco passaram a ser acompanhadas de narrativas, como se vê nos icónicos filmes de Charlie Chaplin e, mais tarde, ganharam cor. Além disso, introduziram-se efeitos especiais que têm aumentado de qualidade ao longo dos últimos anos. Contudo, segundo o relatório “Ver Cinema em Portugal: uma análise sobre os novos e os tradicionais consumos”, elaborado pelo Observatório da Comunicação, a maior adesão ao cinema aconteceu deu-se nas últimas décadas do século passado, nomeadamente na década de 80, registando-se mais de 30,5 milhões de espectadores. Este número tem vindo a decrescer consideravelmente e em 2014 registaram-se apenas 12 milhões de espectadores. O streaming tem uma história muito mais recente, que data do século passado. Os primeiros serviços de streaming consistiam em transmissões de rádio pela internet, no entanto, com a evolução dos dispositivos tecnológicos e da banda larga, tornou-se possível realizar transmissões de vídeo. Atualmente, as principais plataformas de streaming são a Netflix, HBO, Amazon Prime. Estas permitem assistir a uma grande variedade de conteúdos, entre os quais filmes, séries e musicais. Segundo o relatório “SVod — Subscription Video on Demand:Mercado, prospectiva e cenários de futuro para Portugal” do OberCom, o número de subscritores da Netflix nos EUA tem vindo a aumentar exponencialmente, desde 2012. Em 2017, existiam 50,9 milhões de subscritores da Netflix contra 48,6 milhões de assinantes da televisão por cabo. Ainda no mesmo relatório verifica-se que a 15 de novembro de 2018 existiam 3 360 filmes e 1 513 séries disponíveis na Netflix Portugal. Relativamente ao mérito de cada um, há que salientar que os dois oferecem experiências de consumo de produções cinematográficas diferentes. Por um lado, os amantes de cinema referem que o ambiente é um dos factores principais que os leva até às salas. Nestes espaços, os espectadores afirmam desfrutarem de uma maior imersão, enquanto em casa se distraem facilmente da trama. Além disso, a qualidade de imagem e do som é consideravelmente melhor, pois os espaços investem em equipamentos próprios. Este facto é acentuado pelo conhecimento de que muitos realizadores produzem os seus filmes levando isto em consideração, logo filmes específicos só podem ser experienciados ao máximo no cinema. Outro factor a ter em conta prende-se com a sensação de partilha da experiência com as outras pessoas que vão assistir ao filme, gerando uma atmosfera de interesse comum. Relativamente aos aspectos negativos, o indivíduo não tem controlo sobre o comportamento dos restantes espectadores e não são invulgares as queixas de ruído e de comportamentos que prejudicam o aproveitamento do filme. A redução dos espectadores na sala de cinema também pode ser explicada pela subida dos preços dos bilhetes e dos comes e bebes. O streaming permite tirar proveito de uma maior variedade de conteúdo no conforto de casa e o indivíduo não é limitado pelos horários definidos pelas salas de cinema. Os preços são mais reduzidos, sendo que em média uma subscrição mensal custa o mesmo que um bilhete e permite ao indivíduo assistir a vários conteúdos. Vale ainda acrescentar que as plataformas de streaming começaram a investir nas suas próprias produções. No que diz respeito às desvantagens, a primeira consiste na maior facilidade do indivíduo distrair-se e não aproveitar a experiência na totalidade e a segunda deve-se à qualidade menor do som e da imagem dos dispositivos, quando comparados aos equipamentos profissionais. Poder-se-ia pensar que o mercado de streaming estaria a prejudicar o cinema e seria a razão pela qual as idas ao mesmo tem decrescido, porém um estudo realizado pelo grupo de Economia Quantitativa e Estatística da EY (Ernst & Young) veio provar o contrário. De acordo com as pesquisas, as pessoas que mais assistiam aos serviços de streaming eram também as que mais frequentavam o cinema. Concluindo, o cinema e o streaming não se apresentam necessariamente concorrentes, ambos podem complementar-se para uma maior satisfação do público. Sofia Gomes ET AL.

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Já foste…

Como que num hábito que nasceu connosco, a nossa vida virtual desperta o encanto e principalmente o espanto do que se consegue fazer com um simples computador e acesso à rede. De facto, são imensas as histórias que fazem manchetes de jornais e que estão associadas a episódios caricatos, que se transformam em verdadeiros fenómenos, e nem sempre pelos bons motivos. Obviamente não faria sentido apresentar apenas casos que desvirtuam, de certa forma, a própria Internet, sem assumir os grandes benefícios que esta nos proporciona. Quão vulnerável é a nossa própria imagem numa sociedade como a actual. Podemos apresentar muitos episódios onde a vulgarmente chamada net lhes deu visibilidade a uma nova escala, até porque num mundo onde até com um simples telemóvel podemos gravar qualquer acto do nosso quotidiano, qualquer coisa, até a mais inesperada pode acabar por ser vista por milhões. A exemplo, um polícia argentino perdeu o seu emprego devido a um vídeo colocado no popular sítio Youtube, em que se apresentava fardado numa despedida de solteiro como striper, num episódio que não passava de uma mera brincadeira entre amigos. Da mesma forma, em território carioca uma professora do ensino básico foi constituída arguida pelo Ministério Público por ter surgido um vídeo na Internet em que dançava numa festa popular de uma forma demasiado sensual. Segundo John Thompson, professor de Sociologia da Universidade de Cambridge “o mundo dos meios de comunicação elabora uma nova visibilidade mediada, tornando visíveis as acções e os acontecimentos cada vez mais difíceis de serem controlados”. Foi o que se verificou por terras lusas onde um dos últimos fenómenos foi protagonizado por um indivíduo que se auto-intitula Hélio Imaginário no qual este, basicamente, treina os seus dotes num skate, acabando por cair no final. Mais do que o próprio vídeo, que já superou as duas milhões de visualizações, a frase “Puto, o medo é uma coisa que a mim não me assiste” ganhou uma surpreendente popularidade entre os portugueses a par da “Concentradíssimo, sócio.” de Paulo Futre. A visibilidade do vídeo de Hélio ganhou tanta relevância que se tornou num chamado vídeo viral, nome dado aos vídeos que atingem um grande número de visualizações. O próprio autor chegou a afirmar estar arrependido por ter tornado o vídeo público, já que não tinha noção de que este viria a tornar-se no fenómeno em que se transformou. Imagine só, que se criou um remix com as frases do vídeo. A marca de vestuário Throttleman, na sua colecção Mundo Funny, apresenta estampada em alguns dos seus produtos a frase “Puto, o medo é uma cena que a mim não me assiste”. É um facto estarmos numa sociedade com menos segredos. Já fomos filmados, já fomos vistos, e onde muitos comentários e repercussões surgem pelo nosso comportamento. Sérgio Rodrigues

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